O sol estava nascendo, os primeiros raios iluminando a ilha de Kuraigana, onde Dracule Mihawk vivia em uma mansão solitária. No entanto, desde que Perona apareceu, a solidão de Mihawk foi interrompida por uma presença que ele não esperava: uma garota cheia de energia e fantasmas, o completo oposto da calmaria e disciplina que ele cultivava.
Naquela manhã, Perona acordou mais cedo que o habitual, vestida com uma camisa de Mihawk que lhe servia como um vestido longo. Ela desceu as escadas em silêncio, encontrando o espadachim já de pé na cozinha, preparando o chá. O cheiro suave das folhas de chá flutuava no ar, enquanto Mihawk mexia lentamente a bebida com uma seriedade quase cômica para uma tarefa tão simples.
“Bom dia, Mihawk!” disse Perona, saltitando até ele, seus longos cabelos rosados balançando. Um de seus fantasmas a seguia, flutuando alegremente ao redor da sala. Ela se encostou no balcão ao lado dele, observando-o com um sorriso curioso no rosto. “Você não cansa de ser tão sério o tempo todo?”
Ele deu um pequeno olhar para ela, a sobrancelha levantada em um leve sinal de surpresa. “A disciplina é essencial para manter a ordem,” ele respondeu com seu tom calmo e profundo. "A leveza não combina com espadas."
Perona fez beicinho, inflando as bochechas. “Você sempre diz isso! Mas eu aposto que você gosta da minha companhia, mesmo que não queira admitir.” Ela o olhou de perto, provocando-o, enquanto o fantasma começava a imitar a pose séria de Mihawk atrás dele.
Ele deu de ombros, mas não negou. Havia algo na energia de Perona que ele havia passado a apreciar, mesmo que nunca o admitisse em voz alta. Ela trazia cor e vida para aquele lugar que antes era apenas sombra e silêncio.
“Eu gosto do silêncio,” ele disse, movendo-se para despejar o chá em uma xícara. “Mas... você não é completamente insuportável.”
Perona deu uma risada animada, aproximando-se e abraçando-o por trás, seus braços envolvendo seu torso largo. “Sabia que eu ia te conquistar!” ela disse com uma voz brincalhona, sua cabeça encostada nas costas dele. “Você é só um turrão por fora, Mihawk, mas no fundo, é um doce!”
Mihawk olhou para baixo, sem se mover, mas uma sombra de sorriso tocou seus lábios. Ele não era dado a demonstrações de afeto, mas havia algo na leveza de Perona que começava a se infiltrar em seu modo rígido de ser.
“Não abuse da sorte, garota,” ele disse com um tom divertido, mas firme, enquanto se soltava suavemente do abraço. “Agora, se quiser chá, sente-se. Ainda temos um longo dia de treino pela frente.”
Perona revirou os olhos, mas obedeceu, sentando-se na mesa e pegando a xícara que ele colocou à sua frente. “Você vai ver, um dia eu vou ser tão forte quanto você, Mihawk. Aí eu é que vou te treinar!”
Ele apenas deu um leve aceno de cabeça, aceitando o desafio silenciosamente. Mesmo que não admitisse, a presença dela na sua vida havia transformado aquele lugar, e talvez, a própria visão dele sobre o que significava viver em harmonia com outra pessoa.
E assim, com chá e palavras provocativas, o espadachim solitário e a princesa fantasma continuavam a construir, aos poucos, um relacionamento único em meio às ruínas e à quietude de Kuraigana.