Worlds - Camren

Capítulo 1: Uma babá

Pov Camila.

- Eu não vou repetir, Manoella! Ou você vem comer agora ou ficará sem ver televisão por um bom tempo. - Levanto-me da mesa e sigo para a sala.

Fico encostada na parede em frente à sala, onde minha filha estava desligando o aparelho com uma expressão emburrada.

- Você é uma chata! - Ela sai resmungando em direção à cozinha. - Eu já disse que poderia comer na sala, droga! - Ela se senta à mesa onde poucos minutos antes estava e pega o prato que estava em outro lugar na mesa.

- E eu já falei que não gosto que você fala assim com pessoas, especialmente comigo. - Sento-me ao seu lado. - Agora precisamos conversar, e não quero que você grite como da última vez.

- Você vai me abandonar. Vai me botar pra morar com o papai, que mal me dá atenção.

Eu sabia que ela estava triste porque eu falei que voltaria a trabalhar em alguns dias. Manu acreditava que eu iria deixá-la com o pai e que, a partir disso, não daria mais atenção para ela.

A única coisa que eu quero é proporcionar muitas coisas boas para ela, tanto agora quanto no futuro. Sempre tive uma condição financeira privilegiada, minha carreira como modelo me proporcionou isso. Muitas marcas e vínculos profissionais contribuíram para a estabilidade financeira que desfruto. Porém, tive que interromper minha carreira quando engravidei de Manu. Consegui nos sustentar até agora, mas preciso voltar ao trabalho de maneira oficial. Não posso continuar apenas fazendo desfiles medianos uma vez por mês.

Durante os anos em que estive afastada das passarelas, me senti perdida, especialmente com a responsabilidade de cuidar de uma filha. Me questionava diariamente sobre o motivo de tudo isso ter acontecido comigo. Reflexões de como meu corpo ficaria após o parto e como conseguiria sobreviver sem desfilar, afastada dos holofotes, eram constantes.

Mas, hoje não sou mais uma jovem de dezenove anos. Aqui está uma mulher de vinte e seis anos.

Uma mulher que vive exclusivamente para a filha e que, mesmo quase chegando nos trinta, ainda chora por não ter mais o corpo perfeito. Uma mulher que a mídia rotulada como Patricinha arrogante e mimada até hoje.

Na maioria das vezes, sinto falta da presença dos meus pais. Gostaria de chorar no colo da minha mãe por questões que, aos olhos dos outros, podem parecer fúteis. Mas para mim são o fim do mundo. Queria poder pedir ao meu pai para que assistisse desenhos animados junto comigo.

Quero voltar a trabalhar como modelo, não apenas por minha filha, mas também por mim. Sempre foi meu sonho caminhar pelas passarelas e ouvir diversas pessoas elogiando minha beleza, sendo vista como uma referência para todos.

E quando isso aconteceu, foi o melhor momento da minha vida.

- Meu amor, eu já disse que nunca vou te abandonar. Você é o maior bem da minha vida. Eu te amo... Preciso começar a trabalhar novamente. Você leva uma vida maravilhosa porque trabalhei durante anos. Quando você nasceu, precisei interromper tudo. Seu pai nunca me ajudou muito, e por isso, preciso voltar a trabalhar de verdade. Não posso viver apenas de eventos uma vez por mês. - Acaricio seu rostinho, limpando as lágrimas teimosas que escorrem de seus olhos. - A tia Mani está vindo com a Emma e vocês poderão brincar o dia todo se você tirar essa carinha e comer tudo. Depois, conversaremos com mais calma sobre isso.

- está bem.

Fiquei sentada na mesa com Manu, tentando conversar de qualquer assunto que não fosse o meu retorno ao trabalho. Assim que Manoella foi para o quarto escovar os dentes, conforme havia mandado, ouvi a campainha tocar e rapidamente fui abrir a porta, sabendo que era minha amiga e minha sobrinha linda.