Fragmentos: Chamas e Sangue

Prólogo: Sins

- PAREM!! - O grito do criador ecoa no espaço; naquele instante, todos parecem obedecer a seu chamado, soltando suas armas instantaneamente.

- Hunf, pelo visto alguém se decidiu... - O homem ensanguentado dizia enquanto girava sua lança e a fincava no chão.

A cena é de guerra. Muitos já estavam próximos dos limites de suas vidas, porém o inimigo em comum, o homem ensanguentado, estava, apesar da aparência, completamente estável, com somente um leve cansaço.

[...]

Um ambiente quente, quase impossível. Terras revestidas pelas almas daqueles que tentam adentrar o Reino Espiritual. Uma enorme ponte conecta todas as terras daquela região, conhecida por Mundo Inferior, e, ao fim dela, uma imensa muralha que separa as terras de um grande reino. A Ordem de Hades é comandada pelo único imperador supremo, o próprio Hades Cnot, o Deus-Regente de todas aquelas terras. Ao lado de seu trono, está Nyx Cnot, a Entidade Regradora das Trevas, e, por fim, seus sucessores, Zagreu Cnot e Azazel Cnot. Os filhos tinham desejos, um sonho de especialização em algo único, mas o destino seria trapaceiro.

- Você virá sob custódia; temos outros assuntos a tratar.

Atrás de grades estava uma figura sombria, emanando uma aura aterrorizante. O local divergia em inúmeras portas e barras, feitas de um material nunca visto. Não era exatamente metal, mas algo mais resistente, de cor metálica com um brilho levemente roxo. Uma pessoa de olhos verdes se aproxima das grades da figura.

- Tá... Tudo bem com você? - A pessoa questiona, permanecendo à frente das grades.

- Na medida do possível... Oh, mas... O que traz a senhorita a este local? - A aura da figura parece se dissipar aos poucos.

- Isso vai parecer estranho, contudo, o Capitão é estranho... Você ainda lembra dele, né?

- Como eu poderia esquecê-lo? Somente a presença dele seria capaz de fazer o Mundo recuar. No entanto, ainda continuo sem entender as razões da sua afirmação.

- Zagreu Cnot. - Ela prossegue, aproximando sua mão das grades, fazendo com que uma marca brilhe sob a mão e, juntamente a isso, as grades comecem a se dissipar como se fossem uma ilusão.

- Por favor, senhorita, prefiro que não se dirija a mim desta maneira; apenas "Agares" basta.

- Somente estou seguindo ordens. Bem, continuando. Zagreu Cnot, em nome da Fundação e pelo poder concedido a mim, eu, Mars, lhe concedo a liberdade.

- Oh! Entendo, deveras intrigante, devo admitir. - Ele se levanta do colchão onde estava e se dirige até a liberdade, finalmente se pondo à frente da luz fraca que iluminava o enorme corredor de celas. Um homem alto, com os olhos cansados, vermelho-sangue, cabelo negro com uma fina mecha vermelha. Sua roupa, agora, é apenas uma camiseta branca e uma calça simples.

- Eu disse, o Capitão não faz muito sentido. Bem, na realidade, você não tem crimes atemporais, então, parcialmente faz sentido; mas, se fosse por tais razões, você sequer deveria estar preso. - A pessoa se põe à frente da luz, caminhando para a saída daquele lugar, revelando, finalmente, sua face: uma mulher de estatura média, cabelo preto, médio-curto, olhos verdes e orelhas e cauda de gato. Suas vestes eram uma camisa colada sem mangas, com um casaco de um lado do corpo com um símbolo de uma ampulheta cortada em verde, um short preto e meias longas em um degradê verde neon.

- Acho que vossa Senhoria tinha suas razões. Naquele momento, eu mesmo teria me prendido; afinal, do ponto de vista de vocês, eu, um demônio, seria uma clara ameaça. - Ele acompanha Mars ao longo do corredor.

Mars apenas acena com a cabeça e, ao fim do corredor, aproxima a mão e, como em uma ilusão, uma porta aparece e se abre. Eles passam por mais um corredor e, atrás de uma porta, um enorme espaço se revela, com longas paredes integradas por inúmeras pontes que conectam o espaço, escadarias imponentes e um grande contingente de pessoas. Um vitral exibe o mesmo símbolo encontrado nas roupas de todos: uma ampulheta cortada ao meio.