A garota descia a escadaria em passos preguiçosos, não tinha vontade de sair, mas também estava entediada o suficiente para somente ficar em casa.
– Desculpe a demora Roger, não estava achando minha bolsa. – inventou uma desculpa para não falar que, na verdade, estava deitada em sua cama decidindo se sairia ou não.
– Na verdade, não demorou senhorita. – Roger como sempre se fazia de conformado com os caprichos da mais nova, a mesma sabia que era mimada e não se importava minimamente com esse fato. Era seu jeito, e ele aceitava. – Este será seu novo motorista, David. – ao ouvir seu nome, Brian deu dois passos para frente para que ela pudesse ver a quem Roger se referia.
A Darcy passou lentamente seus olhos, analisando completamente o rapaz loiro parada a alguns metros da mesma.
– É. Ele serve. – Simples assim, ele serve. A frase ecoou na mente de Brian o irritando levemente, mesmo sem saber o porquê, ou talvez seja o timbre e a postura esnobe daquela garota. Ela manteve seu nariz em pé enquanto passava por todos em direção a parte da casa em que se localizava a garagem. Eles a seguiram.
– Vamos nesse. – Ela para do lado de uma Porsche 911 GT3 rosa, esperando que seu novo motorista, que se encontrava distraído com as outras “máquinas”, na cabeça dele. O olhar empolgado do rapaz murcha rapidamente ao olhar para o carro mencionado pela garota. Com certeza ela não tinha o menor senso, pensava ele.
– Nesse? – buscou uma confirmação em um tom um pouco indignado.
– Sim. Algum problema? – Ela franziu a testa, esperando para ver se ele seria audacioso o suficiente para retrucar uma decisão da mesma.
– Não. – respondeu contrariado.
– Então comece a dirigir. – disse entrando no carro, não vendo a lufada de ar solta pelo rapaz que sentia sua irritação pela garota aumentando gradativamente.
Os outros seguranças iam divididos em dois carros separados que seguiam o rosa da Darcy.
– Para onde vamos? – perguntou Brian já entrando na rodovia.
– Ainda não me decidi, apenas continue. – dessa vez ele segurou o ar dentro do pulmão, temendo que não aguentasse muito e jogasse a garota para fora do carro. Não fazia nem uma hora que havia começado e já se sentia sendo empurrado para o limite.∆
Três dias se passaram e as palavras que Roger havia lhe dito logo se mostraram uma grande mentira, o motorista estava sendo na verdade aquele que mais trabalhava. A garota Darcy fazia questão em mantê-lo ao seu lado para onde ia, enquanto alguns de seus guardas permaneciam nos carros só esperando que ela fizesse o que gostaria e retornasse, ele a seguia para cima e para baixo carregando sacolas e sacolas de coisas obviamente desnecessárias que a garota gastava seu dinheiro. Ela não falava nada, apenas experimentava, pagava, e o entregava para carregar. Isso o irritava profundamente, ela o irritava.
– Vamos para a Channel, preciso achar um vestido para a peça de teatro que irei apresentar. – Mais uma vez ela entregava outra sacola para o loiro e saia andando na frente.
– Pera’ aí. – Irritou-se. Tudo tem um limite, e o da paciência de Brian estava prestes a acabar, se ele não interferisse pelo menos um pouco no comportamento da garota.
A mesma parou, rodou em seus saltos, e o encarou. Permaneceu calada o encarando e o loiro entendeu isso como um sinal para que falasse.
– Não acha meio injusto isso? – desabafou estupefato.
– Exatamente o que acha injusto? – a garota resolveu ignorar o fato da total informalidade dele para com ela e o encarou franzindo levemente o cenho.
– Qual é! Estou a horas te seguindo e carregando suas compras sem parar. Você tem outros guardas além de mim, sabia? – soltava sem se importar se na sua frente estava a filha de seu “chefe” e não um de seus amigos.
– É, eu sei. – respondeu como se o que ouviu fosse a coisa mais óbvia, e talvez realmente fosse para ela, ela só não se importa. Isso fez com que, mais uma vez, a raiva crescesse dentro do loiro. – Mas diferente deles, você é bonito, merece andar ao meu lado. – soltou espantando o rapaz, que não esperava tal frase nesse momento, logo após se indignando com o detalhe do “merece”. – Além disso, o que adianta ter esses braços se não aguentar carregar algumas coisinhas? – a garota riu, logo continuando. – Mas se é tão incômodo assim, era só ter falado logo que eu pedia para o Michael te ajudar. Não sou adivinha, ia ficar sofrendo à toa aí. – Brian se espantou mais ainda com a fala da garota, não esperava que sua reação seria simplesmente de aceitação após uma crítica dele.
Já com o novo vestido da Channel e de volta ao carro, a Darcy decidiu que era hora de ir para casa, dizendo a Roger que precisava descansar e de uma massagem nos pés.
– Você acha que se eu comprasse uma bolsa da Versace iria combinar com o vestido Channel? – perguntou a garota, causando estranheza no rapaz. Normalmente as únicas coisas que ouvia da Darcy eram informações de para onde deveria dirigir.
– Senhorita? – perguntou confuso querendo confirmar que não foi um breve delírio de sua mente após o dia extremamente cansativo. A garota riu.
– Senhorita? Você debulhou sua indignação enraivecida para cima de mim hoje e agora me chama de senhorita? - voltou a rir, deixando o loiro extremamente confuso ao seu lado. – A partir de agora me chame de Lena quando estivermos sozinhos. – ordenou.
– Como? – Brian ficava cada vez mais confuso. Se antes tinha raiva da garota ao seu lado, agora apenas não a entendia. A olhava como se fosse uma criatura de outro mundo.
– Somos amigos agora, e você irá me chamar de Lena quando estivermos sozinhos David. – Ela era louca, pensava o loiro, mas também via ali uma oportunidade. – Então, uma bolsa Versace combinaria com meu vestido Channel? – tornou a pergunta inicial.
– Eu não entendo de roupas… Lena. – ele sabia aproveitar uma oportunidade quando via uma.
– É uma pena, mas vou me contentar com sua sinceridade. – Foi a última coisa que disse antes de voltar sua atenção para a janela do carro, agora sorrindo levemente. A garota realmente conseguia tudo o que queria, e sua nova conquista era a mais almejada por ela desde sua infância, uma amizade.
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Missão Darcy - Brian O'conner
FanfictionMovido por um objetivo, O'conner embarca em uma missão pela liberdade de seus amigos. Agora, em meio a um emaranhado de sentimentos, Brian se vê na obrigação de fazer a melhor escolha. Afinal, não importa qual decisão ele tome, alguém sairá machucad...