1 - Lar dos Sonhos

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Os trovões faziam aquele orfanato silencioso finalmente ter som.
Falam que as crianças pagam os pecados dos seus pais, talvez meus pais tenham sido os maiores pecadores do mundo.

Eu tenho apenas 6 anos, a idade em que eu poderia estar indo a uma escola e vendo outras crianças, além das crianças do orfanato, mas a diretora não deixou e preferiu nos ensinando aqui mesmo.

Não me lembro quando fui deixada nessa prisão de almas e dores, só me lembro que sempre estive aqui.
As diretoras falam que eu fui deixada recém nascida na porta do orfanato, e isso é só uma confirmação de que eu não sou suficiente nem mesmo para minha mãe.

Sra. Magna é a diretora principal, ela é como a bruxa da branca de neve, ou um pesadelo que atormenta mesmo acordada.
Ela não tem felicidade nem amor no coração, e faz questão que nenhuma das crianças daqui tenham.
Eu digo que as bruxas são feias, e ela certamente é uma bruxa.

Além dela tem a Paolla.
A Paolla é irmã biológica da Sra. Magna, porém são diferentes, a Paolla não é tão ruim

— EI – Me virei em direção a voz arrogante – Ora ora se não é a filhotinha de morcego

Eu sempre tive ódio daquele apelido.
As crianças do orfanato faziam questão em me chamar assim por causa da cor dos meus cabelos. Infelizmente nasci com os cabelos pretos, tão escuro que pareciam a noite, e os olhos também são negros, e isso era motivo de chacota entre elas.
A maioria das crianças no orfanato eram loiras, ruivas ou tinham o cabelo castanho, era aquele o padrão no orfanato, e aquelas eram as que mais eram escolhidas para a adoção, pois eram perfeitas.

— Não sou filhote de morcego, Lívia! – gritei indignada com tamanha falta de respeito

— A garota sabe falar, que horror, é melhor quieta !

Olhei para o lado e vi a Sra.Magna nos observando. Não podia revidar aos insultos, porque Lívia era a preferida da diretora e eu a mais odiada. As vezes dizem que Deus tem seus preferidos, mas Sra. Magna é mais como o lúcifer e talvez ele também tenha os preferidos

 Magna é mais como o lúcifer e talvez ele também tenha os preferidos

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Corri pelo orfanato desesperada em busca de algum esconderijo. Lívia e outras duas meninas vinham correndo atrás de mim para me bater, como uma fera atrás da presa.
As outras crianças pareciam estátuas, não faziam nada para me ajudar, apenas olhavam meu desespero.
Corri para o topo do orfanato e lá tinha uma pequena estrutura de madeira, que servia como estoque de suplementos. A Paolla tinha saído de lá não fazia tanto tempo, isso significa que a porta ainda não estava trancada, as vezes era trancada apenas a noite para impedir ladrões de furtarem. Girei aquela maçaneta com tanta rispidez que quase quebrou, acho que só não quebrou porque no fundo eu ainda sou muito fraca. Fechei a porta e tentei trancar mas não tinha a chave

— ABRE ESSA PORTA , MORCEGA !–  deram uma sequência quase infinita de socos na porta de madeira. Apertei as mãos em punhos, já esperando o pior. A porta se escancarou com tamanha violência que me fez dar um passo para trás

𝐇𝐞𝐫𝐚𝐧ç𝐚 𝐃𝐚𝐬 𝐓𝐫𝐞𝐯𝐚𝐬Onde histórias criam vida. Descubra agora