🦋 Capítulo 9 🦋

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Point Of View ー Kim Taehyung:

ー Eu pensei que você não iria acordar mais! Você é tão mole assim mesmo? Eu confesso que estou surpreso. ー exclama aparentemente se divertindo com a situação ー É uma cena linda, eu poderia pintar um quadro com o seu sangue!

Engoli em seco ao ouvir tais palavras doentias deixarem a sua boca. Sinto o gosto forte de sangue em minha boca, viro para o lado cuspindo em seu chão. Eu poderia estar em uma situação muito pior, então não é isso vai me derrubar... mesmo ferido, mesmo sendo apenas um mísero fragmento do garoto que ele moldou ao longo dos anos, eu não ousei abaixar o meu olhar diante dele, eu não iria mais ceder àquele medo. Pela primeira vez em muitos anos, eu estava pronto para encará-lo sem recuar.

Levei a mão até o lado da cabeça, onde o impacto havia deixado uma forte dor, e senti o líquido quente escorrendo entre os meus dedos. Pedaços de vidro estavam cravados no meu couro, e a ardência era quase insuportável. O cheiro de vinho se misturava ao de sangue, tornando o momento ainda mais sufocante. Tentei me apoiar no chão ignorando toda a dor, enquanto lutava para erguer a cabeça e encarar a figura que eu tanto desprezava... meu pai.

A garrafa de vinho que antes repousava sobre a mesa agora estava em pedaços ao meu redor, e ele me olhava com aquela expressão impassível, o mesmo olhar frio que me atormentou durante toda a minha vida. Não havia traços de arrependimento em sua face, nada que indicasse preocupação ou remorso pelo que acabara de fazer. Para ele, atos assim eram normais ー uma lição, uma forma de "educação positiva" que, desde pequeno, eu era forçado a suportar, caso contrário, as coisas seriam piores.

ー Eu vou dizer mais uma vez, caso a primeira não tenha sido o suficiente para você entender. Kim Taehyung, jamais dê as costas para o seu pai. ー disse ele, a voz carregada de um cinismo doentio que eu já conhecia bem.

ー Seu cretino... ー murmurei, a voz trêmula de ódio e dor. Me forcei a levantar, mesmo ainda sentindo o meu corpo abalado pelo impacto ー Pai? Tsc! Se você chama isso de ser pai, eu passo. Eu nunca mais vou abaixar a cabeça para você, senhor Kim.

A raiva queimava dentro de mim, mas dessa vez, eu não permiti que ela me dominasse, afinal, eu não estava nas condições certas de me envolver em uma briga. Por muito tempo, fiquei condicionado a pensar que só havia uma única saída para situações como essa: destruição. Isso foi algo que ele me ensinou, endurecer o coração e usar a violência para resolver absolutamente tudo, como se o mundo se dividisse entre os fortes e os fracos. Mas eu não queria ser forte como ele ー não assim, não com a condição de me tornar alguém sozinho e desprezível.

Meu pai observava cada movimento que eu fazia com um leve sorriso travado em seus lábios, é como se ele enxergasse um reflexo distorcido de si mesmo em mim. Talvez fosse isso que ele desejava: me transformar em sua cópia, um produto perfeito gerado pela violência, sem controle algum dos meus atos. Mas, como eu disse, desta vez, eu não cederia. Fechei os punhos, e o sangue dos cortes escorriam deixando os meus rastros pelo chão. A dor física era intensa, mas nada se comparava ao aperto que sentia no peito.

Aquele homem tinha me arrastado para uma vida de segredos e mentiras, para um mundo onde o amor e o afeto não existiam. Desde pequeno, eu acreditava que aquele era o único caminho, que talvez ele poderia ter razão ou alguma justificativa plausível. Hoje, eu vejo tudo com clareza. Ele nunca teve nada a oferecer além de poder e status, e por tanto tempo eu achei que precisava disso para ser alguém, mas eu reconheço que estava enganado.

ー O que foi? Não vai reagir? ー provocou ele, inclinando a cabeça levemente, em um gesto de quase desprezo ー Patético... sempre foi e sempre será. Na verdade, eu estava com esperança de que a sua vinda até aqui, pudesse significar que você teria voltado aos seus eixos.

Uma vez amor - {Parte 2}Onde histórias criam vida. Descubra agora