Prólogo

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Cresci em uma cidade famosa
por ser palco de cenas de filmes
Vendo meu rosto nas luzes
Ou meu nome em letreiros encontrados
na Broadway
Querido, eu sou de Nova York

Empire State of Mind - Alicia Keys

Nova York, 18:28h

O trânsito começa a andar aos poucos me fazendo desviar a atenção da calçada movimentada, são tantas pessoas que passaram pelo mesmo local que eu me pergunto porque estou voltando para esse mesmo lugar. A cidade que nunca dorme, famosa e incrivelmente feita para os turistas.

A vida em Nova York não pertence à mim desde que deixei meus problemas enterrados por aqui, quer dizer, nem todos estão enterrados. Mas a cada vez que eu volto para cá é como se eu estivesse abrindo as portas para os meus problemas voltarem à tona.

Infelizmente eu sempre acabo voltando. É como se isso me pertencesse.

Sobre os arranhas-céu o vento frio do inverno por Manhattan percorre, sinto o poder do frio intenso da cidade quando automaticamente aconchego minhas mãos dentro dos bolsos do sobre-tudo ao receber a gentileza do motorista que abriu a porta do carro para mim. Eu dou dois passos a frente me afastando do meio-fio, do perigo que é o trânsito no horário de fim de tarde. Atenciosamente olho para cima observando a dimensão dos prédios em um giro lento, expressando a minha insatisfação em meus lábios franzidos.

Da mesma maneira faço com o edifício em minha frente de exatos trinta andares, um grande escritório de advocacia orientado pelo meu pai que além de ser o maior advogado da cidade é o fundador de uma instituição que acolhe crianças abandonadas na maternidade ou em situações de rua. Suspiro recolhendo ar para o meu pulmão que irá precisar me dar muita paciência, pois reencontrar um dos homens mais poderoso de Nova York não faz esse dia maravilhoso.

É mais um momento onde estou tirando a terra jogada em cima de um problema que aos poucos tento enterrar.

Inconveniente foi o meu pai de me tirar de uma ilha de Porto Rico após me ameaçar a conversar com o gerente do meu banco para que o meu cartão de crédito fosse bloqueado. Isso definitivamente estragou meus últimos dias de férias, já que uma advogada como eu tenho muito sobre o que deixar de lado para aproveitar o auge dos meus trinta anos.

Julian, o motorista particular da família a mais de vinte anos roda a porta giratória de vidro do escritório Neville nos colocando dentro da recepção luxuosa. Com tons da cor branca e cinza as paredes e pisos são destacadas pelas luzes amareladas no balcão e teto, em uma parede próximo aos sofás impecavelmente brancos uma moldura do símbolo da justiça brilha e eu me forço a desviar o olhar enquanto caminho sobre o salto do meu cuturno que chama a atenção das pessoas ao meu redor.

Aiken: fear fearsOnde histórias criam vida. Descubra agora