𝓒𝒂𝒑𝒊𝒕𝒖𝒍𝒐 𝓤́𝒏𝒊𝒄𝒐

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Naquela tarde, o céu estava coberto por nuvens cinzentas que choravam sobre o condado de Nockfell, deixando a terra absorver seu refresco

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Naquela tarde, o céu estava coberto por nuvens cinzentas que choravam sobre o condado de Nockfell, deixando a terra absorver seu refresco. A chuva batia nas janelas do apartamento de Sal. O menino de tranças e cabelo azul elétrico estava com a sua máscara prostética, enquanto seu namorado loiro, Travis, usava o colar de cruz católica em volta do pescoço — tentando ainda manter alguma devoção ao senhor lá de Cima, mesmo sendo um completo pecador.

Enquanto ouviam Sanity's Fall, Travis simplesmente não estava curtindo. Afinal, ele realmente não gostava de nada, não é?

"Essa música é gay," Travis comentou, seu lápis batendo no bloco de papel que ele havia trazido para fazer anotações aleatórias enquanto estava entediado com Sal.

"E aquele nosso beijo não é?" Sal respondeu, seus olhos azuis brilhantes se encontrando com os olhos castanhos profundos de Travis.

O garoto de pele oliva fez um som de desdém. "Sabe, você é bem mais fofo quando fica calado," Travis murmurou, desviando o olhar enquanto o walkman continuava tocando a música.

Sal sorriu com arrogância por trás da máscara. Ele gostava de irritar Travis. Era uma das partes mais divertidas de namorar ele em segredo. "Oookayy, Travisss", ele se espreguiçou, irritando ainda mais o outro.

A música ecoava através dos pequenos alto-falantes rachados do Walkman de Sal, sua energia caótica preenchendo o espaço vasto entre os dois garotos, mas não fazia nada para quebrar o silêncio que se instalou entre eles. O som constante da chuva batendo na janela aumentava a cada minuto, como um lembrete de tudo o que não foi dito, de tudo que ainda estava pairando no ar.

Sal se espreguiçou novamente, seus membros lentos em um gesto exagerado, observando Travis pelo canto do olho. O garoto loiro agora estava de costas para ele, rabiscando algo furiosamente no bloco de notas, embora a tensão em seus ombros contasse uma história diferente. Ele estava tentando se concentrar, tentando bloquear a presença de Sal, mas não estava funcionando. Nem para um, nem para o outro.

"Você realmente 'tá bravo?" Sal perguntou, quebrando o silêncio com uma nota de curiosidade. Ele se inclinou ligeiramente para frente, inclinando a cabeça, sua voz ainda brincalhona, mas com um toque de provocação.

O lápis de Travis parou no meio do rabisco. Ele não olhou para trás, mas Sal podia sentir a irritação borbulhando sob a superfície. Ele abriu a boca para responder, mas depois a fechou novamente, soltando apenas um suspiro frustrado.

"Eu não 'tô bravo," Travis disse baixo, mas não havia convicção alguma em sua voz.

Sal fez um som quase inaudível, o sorriso ainda presente por trás da máscara. "Você 'tá mesmo bravo. Ou 'tá envergonhado. Qual dos dois?"

Travis não respondeu, mas seu aperto no lápis se tornou mais forte, seus nós dos dedos ficando brancos. Ele mordeu o lábio, claramente lutando contra algo em sua cabeça. Talvez fosse o peso do beijo de antes, ou talvez fosse algo mais profundo. Sal não o pressionou para contar, no entanto. Ainda não.

Chuva, Confissões e Nós.Onde histórias criam vida. Descubra agora