A Sombra do Casamento
A presença do bebê trouxe uma nova luz para a vida de Isadora, mas não conseguiu ofuscar completamente a sombra que se aproximava: o casamento arranjado com Henri Delacroix. A cada dia que passava, a angústia crescia em seu peito, como uma trepadeira que se enroscava em seu coração, sufocando-o lentamente.
Isadora se sentia aprisionada em uma teia de convenções e expectativas, uma gaiola de ouro construída por seu pai e pela sociedade. A ideia de se casar com um homem que mal conhecia, de entregar seu futuro a um estranho, lhe causava repulsa. Ela ansiava por um amor verdadeiro, por uma escolha livre e consciente, mas seu destino parecia traçado, e a rebelião era um caminho tortuoso e incerto.
Henri Delacroix, o noivo escolhido por Gaston, era tudo o que Isadora temia em um marido. Jovem, rico e influente, ele personificava a arrogância e a ambição da elite francesa. Seus modos refinados e seu sorriso charmoso escondiam um coração frio e calculista, voltado para os negócios e a ascensão social. Isadora o conhecera em alguns eventos sociais, e a cada encontro, sua antipatia aumentava. Henri a tratava com condescendência, como se fosse uma criança ingênua e tola, incapaz de compreender as complexidades do mundo adulto. Ele falava de seus planos ambiciosos, de seus investimentos lucrativos e de seu futuro brilhante, ignorando os sentimentos e os desejos de Isadora.
Gaston, por sua vez, não se importava com a relutância da filha. Para ele, o casamento com Henri era uma questão de honra e estratégia. A união das duas famílias consolidaria o poder dos Montfort e garantiria o futuro de Isadora, mesmo que isso significasse sacrificar a felicidade da filha. Ele usava de todos os artifícios para persuadi-la, desde promessas de uma vida luxuosa e confortável até chantagens emocionais, lembrando-a de seu dever para com a família e a memória de sua mãe.
— Isadora, você precisa entender que esse casamento é importante para o nosso futuro. — dizia Gaston, com sua voz grave e autoritária. — Henri é um bom partido, um homem de posses e influência. Ele lhe dará tudo o que você precisa e a fará feliz.
— Mas eu não o amo, papai! — protestava Isadora, com a voz embargada pela frustração. — Não posso me casar com um homem que mal conheço, apenas para satisfazer seus interesses.
— O amor vem com o tempo, minha filha. Henri é um homem bom e generoso. Você aprenderá a amá-lo. — insistia Gaston, ignorando os sentimentos de Isadora.
— Mas eu não quero aprender a amá-lo! Eu quero amar alguém de verdade, alguém que me faça feliz. — Isadora se defendia, com lágrimas nos olhos.
— Chega, Isadora! Não quero mais ouvir essas tolices. Você se casará com Henri, e ponto final. É o meu desejo, e você deve obedecer. — Gaston cortava a conversa, impondo sua autoridade.
Isadora se sentia impotente diante da intransigência do pai. Ela se refugiava em seus pensamentos, em seus sonhos de um amor verdadeiro, e no carinho do bebê que encontrara no labirinto. A criança, que agora se chamava Thomas, havia se tornado sua razão de viver, um símbolo de esperança em meio à escuridão. Cuidar de Thomas a fazia sentir-se útil e amada, despertando nela um instinto maternal e um desejo por uma família verdadeira, baseada no amor e na cumplicidade.
Juliette, sempre atenta e compreensiva, percebia o sofrimento de Isadora. Ela tentava confortá-la, oferecendo palavras de apoio e conselhos sábios.
— Não se desespere, minha querida. Sei que está passando por um momento difícil, mas você é forte e encontrará uma solução. — dizia Juliette, acariciando os cabelos de Isadora.
— Mas como, Juliette? Como posso escapar desse destino que me impuseram? — perguntava Isadora, desesperançosa.
— Ainda não sei, minha querida. Mas confie em mim, sempre há uma saída. E enquanto isso, concentre-se no que te faz feliz. Cuide do pequeno Thomas, aproveite a beleza da primavera e não deixe que a tristeza roube seu sorriso. — aconselhava Juliette, com um abraço afetuoso.
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A Flor Ceifada: A Última Primavera
Romance"A Flor Ceifada: A Última Primavera" nos transporta para o coração de uma fazenda isolada, onde a jovem Isadora, de 19 anos, vive sob a sombra de um destino traçado por outros. Enquanto a primavera tinge os campos com cores vibrantes e o aroma das...