|Novamente|

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Capítulo 4..

Duas semanas haviam se passado desde a noite na mansão, e o beijo de Rafael ainda estava na mente de Lucas. Ele tentava se manter profissional, tentando se convencer de que tudo o que acontecera entre eles havia sido uma distração momentânea, mas as lembranças estavam ali, discretas, mas impossíveis de ignorar. Cada vez que os olhos de Rafael se encontravam com os seus, uma onda de confusão invadia seu peito, e ele se forçava a afastar qualquer pensamento relacionado a isso.

Era difícil, mas Lucas sabia que a situação profissional precisava ser a prioridade.

Na manhã daquela terça-feira, o celular de Lucas vibrou enquanto ele estava no escritório, concentrado nas demandas do dia. Era uma mensagem de Rafael:

“Lucas, preciso de você no treino mais cedo. Chega por volta de 11h. A história da minha ex-namorada tá virando um pesadelo.”

Lucas leu rapidamente e, embora a mensagem fosse simples, ele sabia que Rafael não estava pedindo ajuda, mas exigindo. Ele estava bravo, e isso não era surpresa. O temperamento do jogador nunca foi fácil de lidar, ainda mais quando se sentia acuado pela mídia.

Ao chegar no centro de treinamento, Lucas avistou Rafael entre os jogadores. Rafael estava no meio do campo, dando instruções rápidas enquanto os outros se aqueciam. Ele parecia mais sério do que o normal, com o olhar fixo em algum ponto distante, e não teve nenhum momento para disfarçar sua frustração quando Lucas se aproximou.

— Então, o que está acontecendo? — Lucas perguntou, tentando manter o tom neutro, mas não conseguindo disfarçar o toque de preocupação na voz.

Rafael parou de dar as instruções e virou-se para ele. Sua expressão era de pura irritação, mas havia também um toque de exaustão. Ele estava claramente lidando com algo que estava além do controle, e isso o deixava ainda mais tenso.

— Essa mulher não está me deixando em paz, Lucas — Rafael disse, as palavras saindo quase com um rosnado. — E a mídia só faz aumentar essa merda toda. Eu não tenho nada a ver com essa história, mas agora todos acham que eu sou o pai dessa criança. Preciso acabar com isso de uma vez.

Lucas manteve a postura profissional, ainda sem reagir completamente à agressividade de Rafael, mas sentindo o peso da situação. O jogador estava bravo, mas não desesperado. Ele parecia mais frustrado por não conseguir controlar a narrativa da maneira que queria.

— Vamos resolver isso de forma clara. Você precisa fazer um exame de DNA — Lucas sugeriu, olhando para Rafael com a certeza de quem sabe o que está falando. — Se ela está mentindo, isso vai acabar com essa farsa. Não podemos deixar isso se espalhar mais.

Rafael deu uma risada sarcástica, balançando a cabeça.

— Exame de DNA? Vai ser mais um espetáculo para a imprensa. Eu não estou afim de virar piada por conta disso, Lucas — disse, o tom mais ríspido agora, os olhos fuzilando o assessor.

Lucas se aproximou um pouco mais, fixando seu olhar nos de Rafael. O espaço entre eles diminuiu e, ao ver a expressão tensa no rosto do jogador, Lucas não pôde evitar. Uma sensação estranha de proximidade tomou conta dele. Rafael não estava mais apenas bravo, estava tentando controlar algo mais, algo que se refletia na maneira como ele olhava para Lucas, o peito levemente arfando de raiva.

— Vai ser a única maneira de acabar com isso, Rafael — Lucas respondeu, a voz agora mais grave, sem perder a compostura. Mas, ao mesmo tempo, uma pequena fagulha de tensão surgiu entre eles. — Se você não quiser que isso se arraste, faça logo o exame. Ou a imprensa vai continuar te destruindo.

Rafael permaneceu em silêncio por alguns segundos, sua mandíbula tensa. Parecia que ele estava realmente considerando a proposta. Mas, em vez de responder, ele deu uma olhada rápida ao redor, e então, com um sorriso sem humor, falou:

— Vamos conversar sobre isso depois — ele disse, virando-se de volta para o campo. Ele estava fazendo uma tentativa de se afastar da conversa, mas Lucas percebeu que a mudança de comportamento não passava despercebida. Algo estava diferente.

---

Após o treino, Lucas foi conduzido até os vestiários, onde, inesperadamente, Rafael pediu que ele o acompanhasse para um breve momento de conversa. Era a primeira vez que estavam sozinhos desde o incidente na mansão, e embora as palavras não tivessem sido trocadas sobre o beijo, a atmosfera entre eles estava carregada de algo difícil de definir. Eles estavam em um espaço pequeno e abafado, os vestuários vazios, exceto por eles dois.

Rafael estava jogando suas coisas no armário, com movimentos rápidos e impacientes. Ele estava visivelmente mais calmo agora, mas a tensão ainda estava ali, como uma vibração no ar. Lucas estava parado perto da porta, observando o jogador de longe, tentando não ceder à sensação crescente de desconforto. Havia algo em Rafael, algo que sempre fazia com que Lucas ficasse fora de equilíbrio, mas ele não podia se deixar levar por isso. Não agora.

Rafael se virou abruptamente, seus olhos se fixando em Lucas, e por um momento, a sala parecia ficar mais quente. O silêncio entre eles cresceu, preenchido apenas pelo som de respirações rápidas e baixas. Rafael deu um passo à frente, mais perto de Lucas do que ele esperava.

— Você tem uma ideia de como é estar no meu lugar? — Rafael perguntou, e a intensidade em sua voz estava mais baixa, mas com uma sinceridade que Lucas não esperava. O tom, no entanto, era impregnado de algo mais. Algo que não era apenas a frustração de ser invadido pela mídia.

Lucas engoliu seco, tentando se manter firme.

— Eu só estou tentando resolver a situação — Lucas disse, mas sua voz pareceu mais suave do que gostaria. Ele deu um passo atrás, tentando manter a distância. — Você sabe o que precisa fazer. Não adianta mais esperar.

Rafael o observou com mais intensidade. Havia algo em seu olhar, uma mistura de desafio e uma curiosidade inquietante. Ele estava mais perto agora, o calor de seu corpo transparecendo, e Lucas sentiu uma pressão crescente, como se o espaço entre eles fosse estar prestes a desaparecer.

Sem mais palavras, Rafael deu outro passo à frente. Seus olhos estavam fixos em Lucas de maneira possessiva, quase como se estivesse esperando algo. Lucas se sentiu vulnerável naquele momento, seu coração batendo mais rápido, sua respiração mais curta.

E, de repente, com um movimento rápido, Rafael encurtou a distância entre os dois e, sem aviso, tomou a iniciativa. Seus lábios encontraram os de Lucas em um beijo inesperado, quente e urgente. Era um beijo que Lucas não estava esperando, mas que, de alguma forma, parecia tão natural quanto o próprio ar que ele respirava.

Por um momento, Lucas não soube o que fazer. Seus olhos se abriram, e ele tentou afastar-se, mas Rafael não deu espaço. A pressão dos lábios, a intensidade da aproximação, tudo se misturava em um turbilhão de emoções que Lucas não conseguia controlar. Ele não sabia se devia se afastar ou ceder ao desejo crescente que o consumia.

No entanto, antes que ele pudesse reagir, Rafael se afastou, com um sorriso malicioso, mas sem palavras. A tensão no ar era palpável, como se tudo tivesse mudado em questão de segundos. Lucas ficou ali, parado, sem saber como lidar com a frustração de ter perdido novamente aquela maldita batalha.

O que era um simples trabalho havia se tornado algo mais complicado, algo que ele não podia mais ignorar.

Rafael tinha um sorriso satisfeito nos lábios vermelhos e inchados, um silêncio desconfortável pairava entre os dois, Lucas não teve outra escolha a não ser virar-se rapidamente e sair da sala quase que correndo, o coração batendo acelerado e a mente confusa.

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⏰ Última atualização: Nov 06 ⏰

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