Três

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Eram quatro horas da manhã e o Jungkook estava ainda no lado de fora, após o ômega dormir na noite anterior, caçando pelo seu irmão citado. A parte ruim, foi que não achou nada, e a parte boa também era essa. Havia um fio de esperança. Talvez estivesse escondido e afastado em algum local seguro? Não sabia dizer.  Mas caminhou nestas redondezas atrás de algum sinal de vida, infelizmente não encontrando nada. Crianças não têm seu lado lupino tão desenvolvido quanto os jovens e adultos, logo, não possuem cheiros já que apenas na juventude que se descobrem na sua classe no universo ABO.

O alfa suspirou, chegando mais uma vez naquela casa, onde encontrou o Taehyung.

Estava ainda tudo lá, jogado e estraçalhado. Os dois lobos mortos e corpo daquela mulher, que possivelmente era a sua mãe. Jungkook não havia ainda lhes dito a verdade e aquilo estava o corroendo completamente, ainda mais vendo-a ali morta. Então, numa forma em ser sincero quando chegasse, resolveu fazer algo sobre a situação.

A mulher usava um colar que o pingente no meio abria, e revelou-se ser uma pequena escultura, de uma meia-lua sob o mar. Era banhado a ouro. Bonito, pensou. Retirou aquele acessório e pôs em seu bolso, levaria ao Kim. Já o corpo, enterraria. Ele não tinha muito o que fazer e daria ao menos um bom fim à mulher, dignamente. Ela estava inteira, porém com cortes consideráveis de garras em sua barriga e pescoço. Cortes profundos e imensos. O seu corpo banhava e cheirava a sangue, porém, mesmo em tais circunstâncias, a sua feição era serena, como se estivesse dormindo, em meio àquela situação mórbida e palidez. Parecia o Taehyung, pensou.

"Que encontre a luz" disse, com seu indicador e médio tocando sua própria testa e após apontando ao céu, num sinal de respeito.

Num respirar fundo, levantou-se, em busca de utensílios que usaria para cavar um buraco, fuçando a casa desorganizada e achando num quarto, que deveria ser de bagunça, uma pá. Usou-a para cavar um buraco de tamanho considerável, não levou tanto tempo nisso visto que o solo do local era macio, e não demorou a enterrar a mulher. E quando retornou à casa, estava já de dia, há alguns minutos, deveriam ser umas sete horas da manhã, não sabia. Mas estava realmente se preparando para dizer tudo ao ômega, este que, quando Jungkook chegou, o viu sentado no sofá, acordado e lendo revistas.

O colar da mulher que estava na mão do alfa segurado fora apertado um pouco, pelo nervosismo.

"A-Achei que estivesse dormindo" comentou, assim que a porta atrás de si se fechou, retirando as botas que utilizava antes de adentrar a casa. "Descansou bem?"

"Não tanto. Fiquei pensando em minha família" disse cabisbaixo, pensativo. Jungkook sentiu o peito vibrar, pensando em como dizer ao ômega o que sabia, comprimindo seus lábios. Já o loiro, sorriu, olhando o moreno ali em pé, suspirando devagar. "Mas eu tô mais tranquilo. Quer dizer, você não os achou ontem, eles podem ter se escondido e devem estar bem, então... Assim como eu encontrei você, eles podem ter encontrado outras pessoas que o ajudaram, não?" A pergunta foi feita de modo espontâneo, puro, e aquele olhar tão doce fizera o Jungkook quebrar, internamente.

"É..." O alfa disse, arrastado, não conseguindo dizer outra coisa. "Eles podem" ele sabia que não, mas, mais uma vez, mentiu.

Taehyung sorriu, tranquilo, e depois assentiu. Estava esperançoso de encontrá-los e sabia de que as circunstâncias não estavam ajudando muito, porém, esperança é a última que morre, e ele a teria até o fim.

O alfa tinha a cabeça pesada, se sentia extremamente mal por estar mentindo, mas o que faria? O colar que estava em sua mão foi posto em seu bolso de um modo sutil sem que o ômega visse, não o diria ainda, e se sentia um covarde sobre isso, mas se sentiria um monstro vendo o Kim daquele jeito tão acabado. Pretendia ao menos tentar encontrar o seu irmão antes ou fazer o máximo para isso para que, assim, não fosse tão ruim toda a situação. Ao menos teria o pequeno, apesar da perda da mãe.

Wolves • TAEKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora