"Se a vida é dor, por que você acha que a morte seria diferente?"
Foi gritando e debatendo que Thalia Merywether renasceu naquela noite de sábado, seu corpo convulsionando em dor e confusão, como se estivesse presa em um pesadelo do qual não conseguia acordar. Minutos antes, ela estava em um pub, afogando o luto em copos de whisky, tentando sufocar a dor da perda de seu pai. Agora, porém, seu corpo queimava por dentro, cada músculo se contraia em um sofrimento excruciante, suas veias pulsavam em um vermelho vivo sob a pele, e um gosto metálico preenchia sua boca.
Gradualmente, seus sentidos começaram a retornar. A dor diminuía, mas a sensação de estranheza permanecia. Ela notou uma figura masculina ao seu lado, a silhueta vagamente visível no quarto escuro. Uma pontada de medo a percorreu, misturada com a dor insistente.
"Mas que... o que está acontecendo?" Thalia sussurrou para si mesma, sentindo-se perdida, sua mente turva. "Será que bebi tanto assim?"
- Enfim acordou - disse o homem ao lado dela, a voz grave e quase sombria. - Seja bem-vinda à sua nova vida, criança.
- Nova...vida? - ela murmurou, tentando se levantar, mas seus músculos pareciam feitos de chumbo. O lugar não era um hospital, como esperava. O ambiente ao seu redor tinha um ar antiquado e sombrio, com móveis de madeira escura, velas que lançavam sombras inquietantes nas paredes e uma cabeceira esculpida em forma de morcego. "Um quarto saído de um filme do Tim Burton", pensou, ainda desnorteada.
No teto pendia um lustre com as lâmpadas apagadas com as hastes de ferro que tinham formatos de tentáculos ."Que tipo de pessoa tem um lustre em acima de uma cama ? ",esse lugar era bizarro e trazia uma atmosfera bastante assustadora. Somado isso a dor intensa, Thalia sentia o suor frio escorrer pelo seu rosto. Tinham feito algo com ela , sabia disso pela falta de seus brincos e piercings, e pior sentia que suas orelhas e lábios não estavam mais furados quando os tocou, o que será que aquilo significava ?"Será que estou delirando?"
Ela tentou organizar seus pensamentos, mas a voz do homem a trouxe de volta.
- Ei, calma... eu vou te explicar tudo, mas preciso que se acalme.
Thalia o observou melhor. Ele era jovem, com uma aparência vigorosa e atlética, olhos penetrantes que pareciam ver além da superfície , a pele pálida dava a ele uma beleza até sobrenatural.
Antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa, uma voz feminina ecoou do outro lado do quarto:
- Meu trabalho aqui está feito. Vou indo - disse uma mulher belíssima, de cabelos negros e pele pálida que brilhava à luz das velas.
Thalia virou-se para olhá-la. Havia algo familiar naquela mulher, mas ela não conseguia lembrar de onde. "Será que fui sequestrada?", pensou, o coração acelerado, enquanto tentava controlar a dor e o medo crescente.
- Você não vai embora agora - disse o homem, firme. - Trouxe ela para cá e vai ficar comigo. Isso é uma ordem.
A mulher revirou os olhos, exalando um suspiro de tédio.
- Ah, irmão, seja razoável. Eu já tenho minhas próprias crias para cuidar. Papai vai voltar em dois meses... se você não tivesse uma cria, ele com certeza te tiraria do cargo de chefe do clã. Então, de nada.
Eles conversavam como se ela não estivesse ali, lançando palavras como "cria" e "clã". "O que eles estão falando?", Thalia pensou, alarmada. Ela precisava escapar dali. Mesmo com o corpo em agonia, tentou aparentar calma.
- Me desculpem... - ela disse, a voz trêmula. - Vocês parecem ocupados, mas poderiam, por favor, me ajudar a voltar ao meu apartamento? Acho que bebi demais e acabei aqui, de alguma forma. Sinto muito se fiz algo impróprio ou... quebrei algo, mas eu só quero ir para casa.
A mulher virou-se para Thalia, com um sorriso ligeiramente condescendente.
- Oh, menina, você ainda não percebeu? - disse, sua voz melíflua. - Sua vida antiga acabou. Agora, você é uma de nós, uma criatura da noite. Somos sua nova... família.
Thalia quase riu, mas o pavor em seu peito não deixava. "Fui sequestrada por dois lunáticos", pensou, sentindo o suor frio descer por sua testa. Eles mencionaram "criaturas da noite", "família"... tudo parecia um pesadelo.
- Olha, eu tenho dinheiro, tá bom? - tentou negociar, a voz carregada de desespero. - Posso pagar, é só me deixar ir...
O homem suspirou, interrompendo-a com um olhar de paciência. - Catalina, está assustando a menina. Ela precisa de tempo para compreender.
Catalina, como ele a chamara, balançou a cabeça impaciente.
- Eu crio dois monstrinhos, sei bem como lidar com isso - respondeu com um olhar sarcástico. Então se virou para Thalia, os olhos penetrantes. - Não se lembra? Eu te tirei daquele beco atrás do pub.
A lembrança atingiu Thalia como uma rajada de vento gelado. O pub, a chuva, o som dos motoqueiros, e...a mulher com os lábios manchados de sangue. "Você... matou aqueles homens?" - sussurrou, assombrada.
Catalina apenas ergueu uma sobrancelha, sem arrependimento.
- Salvei sua vida - disse, como se fosse óbvio.
Thalia queria fugir, mas seu corpo não a obedecia. Uma dor profunda latejava em suas veias, e o gosto metálico em sua boca não desaparecia. "O que eles fizeram comigo?"
- Eu te dei meu sangue - o homem respondeu, a voz estranhamente suave. - Agora você é uma vampira, uma neófita. Responde a mim, como minha filha... e subordinada.
Aterrorizada, Thalia rolou para fora da cama, caindo no chão com um baque, tentando se levantar, mas, antes que pudesse reagir, Catalina já estava ao seu lado, com a mão firme em seu braço.
- Não faça isso, vai acabar se machucando - Disse, sua voz surpreendentemente gentil.
- FICA LONGE DE MIM, SUA LOUCA! - Thalia gritou, com raiva e medo, seu corpo tremendo.
Catalina apenas suspirou, como se lidasse com uma criança impetuosa.
- Ah, recém-nascidos... sempre tão dramáticos - disse, enquanto a ajudava a se levantar. - Vem, eu sou médica. Vamos cuidar de você.
Thalia tentava se debater para se soltar, mas isso só fazia seu corpo doer ainda mais.
- ME SOLTA!ME SOLTA ! Gritava Thalia enquanto se debatia.
-Hartmann , vai ficar aí parado ? Ela é sua responsabilidade agora você é o "pai" dela .Disse Catalina com irritação enquanto tentava conter Thalia.
Hartmann de repente apareceu e levantou Thalia no colo como se fosse um bebê. Thalia começou a chorar de desespero, e se debatia ainda mais tentando se soltar do homem mas ele era bem mais forte e a mantinha firme em seus braços.
- Shhh...Calma criança eu não vou te machucar , você vai ficar bem , o processo de transformação é doloroso ,mas logo passará.
- Essa menina precisa de um banho gelado está queimando em febre . Disse Catalina . Enquanto tocava na testa de Thalia com as costas da mão esquerda.
-FERGUS . Gritou Hartmann
Um homem com aparência de mordomo apareceu na porta .
-Prepare a banheira com água fria , vou dar um banho em minha nova cria.Disse Hartmann.
-Nesse segundo mestre . Disse o homem lançando um olhar para a menina que se debatia nos braços do seu mestre.
Banho? Tinha ouvido direito? aquilo só podia ser um pesadelo, eles pretendiam te dar BANHO.NÃO,NÃO, NÃO!
ME LARGUEM !ME LARGUEM ! Gritava Thalia a plenos pulmões gritando e chorando ao mesmo tempo.
- É ... meu irmão eu diria que fica mais fácil com o tempo , mas isso seria uma mentira.disse Catalina rindo .
-Cala essa boca Catalina, já estou farto de você e suas piadinhas. Vamos levá-la para a banheira ,essa noite já foi caótica o suficiente. Disse Hartmann com severidade.
- Como quiser...papai.disse Catalina rindo em deboche.
-CATALINA! Rosnou Hartmann , visivelmente irritado. Enquanto carregava Thalia em seus braços pelo corredor com Catalina ao seu lado.

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Sombras e Códigos Ascensão de Thalia Merywether
FanfictionThalia Merywether, uma hacker jovem que estava acostumada a ter o controle na ponta de seus dedos , ver seu mundo virar de cabeça para baixo quando se vê dentro de uma trama sobrenatural do qual suas habilidades não serão capaz de salva-la. 1°🥇 lug...