"Olhe pras estrelas
Veja como elas brilham pra você
E para tudo que você faz
Sim, era tudo amarelo"Yellow — Coldplay
Santa Monica
Califórnia6 anos atrás...
Delilah González
Mal levanto da cama, sentindo uma dor de cabeça se espalhando, coloco a mão na testa, buscando alívio momentâneo. Não consegui comer nada no café da manhã, então voltei para o quarto. Só consigo pensar naquele maldito beijo, tão estúpido que me faz querer sumir e enfiar minha cara em buraco. O que ele teria feito se eu não tivesse saído correndo de lá? A lembrança do toque dos lábios dele ainda está fresca na minha mente, e a mistura de raiva e confusão me consome.
O que teria acontecido se eu não tivesse corrido?
Calafrios tomam conta do meu corpo, lembrando-me da noite anterior. Flashes invadem minha cabeça. Daven correndo atrás de mim, como um psicopata de filmes antigos. Mas por quê? Por que ele me atacaria? A sensação de estar sendo observada persistia, e meu coração bate descompassado. Cada passo parece ecoar no quarto, aumentando minha ansiedade. Tento afastar esses pensamentos, mas a imagem de Daven com aquele olhar frio e determinado não sai da minha mente. Medo e confusão se misturam.
Se ele não quisesse me machucar, por que estava segurando aquele canivete? Brilhando sob a luz da lua, misturado ao brilho gélido de seus olhos.
Vou até a cozinha para pegar um copo d'água, mas paro assim que vejo meu pai. Fecho a cara, dando meia-volta, pronta para subir as escadas novamente, mas ele me chama:
— Filha, achei que você não fosse sair do quarto depois do café. Está tudo bem? — posso notar seu sorriso falso.
Ele acha que eu não percebo? Quer fingir que nada aconteceu para eu não falar nada. Vou contar tudo para Mami assim que o pegar em flagrante. E estou pensando seriamente em segui-lo quando minha CNH chegar. Mal posso esperar para estrear a Ferrari.
— Claro, Papá. Mas vou voltar para o quarto — forço um sorriso e subo devagar.
Traidor horrible.
Como ele acha que é estar na pele da mamãe, vinte e quatro horas por dia? Anos atrás, eu diria que ele se importava, mas agora só penso em como ele pôde? Como pôde trair a mulher que esteve ao seu lado por anos, sempre dando o melhor de si. Uma vez, minha avó materna disse:
"Eu dizia para a sua mãe que ele não era o homem dos sonhos dela, que não lhe traria a felicidade que Amaya tanto desejava. Um dia, ela abriu mão dessa felicidade para ter você ao lado do seu pai, querida."
O quanto "abrir mão da felicidade" significava pra Mami?
Balanço a cabeça, tentando me livrar da confusão que tomou conta da minha mente. Volto para o quarto e vou direto para o banheiro, ligando o chuveiro na água fria para aliviar a tensão e a dor de cabeça. A mesma escorre pelo meu corpo, trazendo um alívio imediato e ajudando a clarear meus pensamentos. Fecho os olhos, deixando a água lavar não apenas o cansaço físico, mas também as emoções turbulentas que me atormentam. Respiro fundo, sentindo a calma começar a tomar conta de mim, enquanto a dor de cabeça lentamente se dissipa.
[...]
— Me dá isso aqui, Tori, você é muito lenta — Alice resmungou, impaciente.
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𝐍𝐈𝐆𝐇𝐓𝐒 𝐈𝐍 𝑯𝑬𝑳𝑳 | 𝑫𝑨𝑹𝑲 𝑹𝑶𝑴𝑨𝑵𝑪𝑬
RomanceDelilah foi adotada pela família González aos cinco anos. Cresceu como uma garota corajosa e espirituosa, sempre pronta para defender-se com seu humor afiado. Sua alegria e energia eram contagiosas, especialmente quando estava com sua melhor amiga A...