O vento passava pelas orelhas de Selene e Arlen, como se alguém soprasse em seus pescoços.
Selene olhou ao redor, os murmúrios distantes de vozes quase inaudíveis misturadas com os barulhos vindos do mercado, o peixeiro gritando e oferecendo sua mercadoria, as pessoas passando, sempre com aqueles olhares deprimentes e vazios, como se não houvesse mais esperança para aquela cidade.
Selene apertou os olhos para uma figura às sombras que chamara sua atenção, utilizava uma capa preta, e seus olhos pareciam brilhar.
A figura estava parada, imóvel, Selene a observava com atenção, e a figura observava de volta, Arlen seguiu os olhares de selena, a fim de entender para onde a garota olhava com tanta atenção.
- Arlen? - Selena sussurrou chamando a atenção de Arlen, o mesmo direcionou os olhos para ela e colocou a mão na espada alocada em sua cintura.
- Só me diga quando, e assim será feito, Selene - Arlen sussurrou em retorno, dando um pequeno passo para frente, esperando o comando exato.
O vento começou a uivar com mais força, como se os próprios céus tivessem decidido se manifestar.
- Arlen, vá para o lado esquerdo. Eu tomo o direito. - A voz de Selene foi baixa e carregada de autoridade. Ela não esperou pela resposta dele, apenas se moveu com a agilidade de um predador, deslizando entre os mercadores e compradores que começavam a se dispersar à medida que Selene os empurrava e os desviava.
Embora Arlen conhecesse Selene a anos, nunca deixara de se impressionar com a frieza com que a garota lidava em situações como aquela. Não o restando dúvidas de que ela era, de fato, uma caçadora, estava em seu DNA, nada escapava dos olhares afiados e os ouvidos bem treinados e apurados de Selene.
Mas o que realmente o incomodava era a falta de coração em tudo o que fazia. Ele sabia que o artefato a corrompia, mas não podia deixar de sentir que ela estava se afastando de tudo o que era bom, se isolando ainda mais.
Ele a obedeceu sem hesgar, seu corpo se movendo com precisão e agilidade. Seu olhar sempre focado, mas sem deixar Selene, Arlen se preocupava muito com a segurança da garota, possuía o sentimento de manter-la segura independente da situação.
Era fato de que Selene era muito forte sozinha e era bem capaz de se auto-proteger, Selene já até mesmo salvou Arlen diversas vezes de enrascadas durante suas missões. Arlen tinha o pequeno azar de sempre levar a pior em uma missão, embora também tenha salvo Selene de circunstâncias bem ruins em algumas ocasiões.
Selene avançou pelos becos, sempre à frente. Quando passou pelos becos, se aproximando da figura encapuzada, que se espreitou na penumbra, Selene paralisou, o olhar fixo no desconhecido.
A figura deu alguns passos para a frente, e removeu o capuz, deixando seus cabelos longos platinados e sua pele branca como gesso à mostra. Lyra, A mística que, de alguma forma, sempre estava onde Selene menos esperava, como uma sombra silenciosa.
- Você sempre tem um jeito de aparecer na hora errada, Lyra. - Selene disse, mais para si mesma, com um tom de cansaço na voz. Ela não confiava completamente em Lyra, mas sabia que a mística, embora enigmática, possuía informações que poderiam ser cruciais para a missão que tinha à frente.
- Selene!! - Saudou a mística - Sempre tão receptiva! - ironizou.
Selene deu um sorriso cínico para a mística.
- Ora! deixe-me recomeçar então! - Lyra revirou os olhos já sabendo que a próxima resposta de Selene seria tão desagradável quanto a primeira - Olá ó Deusa do misticismo e da magia, que prazer encontrá-la neste lugar tão silencioso, limpo e cheiroso!
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Coração Amaldiçoado
FantasyCarregando um artefato amaldiçoado que há anos assombra sua linhagem, Selene Vorn nunca desejou ser uma heroína. Exilada, cínica e com uma lealdade que se resume à sua própria sobrevivência, ela prefere operar nas sombras, distante dos ideais de nob...