CAPÍTULO 4

42 8 5
                                    

I hate you I love you
(Eu te odeio, eu te amo)

I hate that I love you
(Odeio te amar)

Don't want to, but I can't
(Não quero, mas não posso)

Put nobody else above you
(Colocar ninguém acima de você)

POV MON

Depois de um longo dia, me pego mais uma vez naquele quarto. As luzes tênues, o cheiro inconfundível do perfume de Sam misturado-se ao ar do hotel. Não consigo evitar olhar para ela enquanto nos acomodamos na cama, finalmente relaxadas. É raro conseguirmos momentos assim, tão... quase pacíficos. Por alguns instantes, a dureza que ela ostenta desaparece, e a Sam que vejo me faz questionar se já houve outra pessoa capaz de me desarmar tão completamente.

Ela desliza a mão no meu braço, e me conta algo de forma aleatória, um tom leve que só posso descrever como um intervalo entre os muitos negócios em que está envolvida. Penso em mim mesma, e inesperadamente, em um passado tão distante que Sam dificilmente imaginaria, é como se ali eu não fosse quem sou fora daquelas quatro paredes.

- Que tal fazermos uma brincadeira... - Digo animada ainda observando seu rosto que agora está inclinado para mim.

- Que tipo de brincadeira? - Sam questiona confusa.

- Revelações sobre nossas vidas - Falo despretensiosamente e percebo a expressão de Sam mudar por completo.

- Quando eu era mais nova... - digo, rindo baixo - Fazia ginástica, eu era boa. Fui campeã uma vez.

Sam ergue uma sobrancelha, surpresa.

- Sério? Acho que posso imaginar, mas... preciso ver para acreditar.

Reviro os olhos e devolvo a provocação.
-E você? Algum talento secreto?

Ela sorri de lado, hesitando.
- Eu... Costumava dançar ... acredita?

É impossível para mim não me sentir curiosa com essa revelação.

- Quero ver isso agora! - Salto da cama animada.

- De jeito nenhum, Mon! - Ela vira o rosto, desconcertada, nem temos uma música pra isso.

- Não seja por isso - Puxo o celular da pequena bolsa sob a escrivaninha e coloco uma música qualquer e ela logo se levanta.

- Já que insiste... - Meus olhos agora são todos dela.

A música começa baixa, mal audível, enquanto Sam se movimenta pelo quarto com uma dança casual, os olhos semicerrados, o corpo fluindo em passos cheios de graça e... sim, uma sensualidade avassaladora. Meu coração acelera enquanto a observo, absolutamente rendida a cada curva, a cada movimento que ela executa com uma perfeição natural. Quando ela termina, percebo que estava prendendo a respiração.

Eu me aproximo, e sem muito pensar, deixo escapar:

- Nós temos um problema!

Sam ergue uma sobrancelha outra vez, me encarando com aquele ar de quem sempre espera tudo sob controle.

- Que tipo de problema? - Seu olhar por alguns segundos quase me faz perder a razão.

- Eu... - seguro a mão dela e encaro o chão, antes de tomar coragem - Eu estou apaixonada, Sam!

Por um momento, o silêncio toma conta do quarto, e o olhar de Sam permanece fixo, sem resposta clara. Apenas vejo o reflexo de algo que não consigo interpretar.

LowkeyOnde histórias criam vida. Descubra agora