As pessoas estavam com medo de sair de suas casas, principalmente à noite. Algumas semanas atrás, dois corpos foram encontrados embaixo da ponte. Os ferimentos foram causados por algo afiado, mas, não era uma arma branca como uma faca. Desde então, a polícia emitiu um comunicado pedindo que as pessoas não saíssem de suas casas à noite e principalmente sozinhas. Principalmente mulheres.
Nanda estava interrogando sua irmã, Heloísa, para certificar que ela tinha tido todo cuidado do mundo enquanto via para a loja.
— E quem vai querer sequestrar ela? — Termino de organizar os livros de romance novos. — É mais fácil sequestrar um porco… — faço uma pausa dramática. Heloísa, a mais nova Gilbert, já tinha certeza quais palavras saíram da minha boca, e antecipadamente, preparava para jogar em mim uma almofada. — Não é a mesma coisa?
Não desviei da almofada ou tentei pegá-la no ar, apesar de claramente poder. Heloísa gargalhou alto quando a almofada atingiu meu rosto.
— Vai se ferrar. — disse ela.
— Você não consegue levar nada a sério, Akemi? — Nanda, estava lá, com seus braços cruzados. Era fácil saber quando ela estava brava de verdade, meu nome só precisava siar de sua bova. E eu já tinha um vislumbre do futuro que ganharia uma palestra nada “entediante” sobre segurança e blá, blá, blá, blá. Ela ficaria mais irritada se descobrisse que desconecto-me nos primeiros dois minutos da sua lição de moral. Depois de um tempo, eu só consigo enxergar sua boca se mexendo sem som alguém. — … Você vai aprender quando sofrer algo!
Ela saiu logo depois disso, batendo o pé e resmungando.
— Depois que eu te mando um resumo do que ela disse. — Heloísa disse, mexendo no celular. Ultimamente, ela estava vidrada no celular mais do que o normal e eu teria que lidar com isso mais tarde. Mas no final, ela não era tão desprovida de inteligência e poderia sobreviver a um possível maníaco.
Eu até poderia dizer que ela é minha filha.
Hoje iriamos fechar a loja às 4:30 devido a ameaça de um possível maníaco. As irmãs Gilbert foram de Uber, enquanto eu ficaria para trás para organizar uma encomenda que chegou de última hora. A senhorita-Matheus explicou pelo telefone que era um livro que eu deveria traduzir o restante, já que o amigo dela saiu para uma viagem e pediu a ela que ela terminasse. Era apenas duas páginas.
Eu achei que seria algo rápido por ser duas páginas, mas quando dei por mim, o relógio já marcava dez horas da noite.
Saí pela porta dos fundos e segui o fim da calçada vazia até a faixa de pedestre. Apesar de ter pouco movimento e que faria qualquer um atravessar, eu gostava de fazer isso. Afinal, caso eu fosse atropelada, eu queria estar certa. O sinal estava fechado, o que me fez parar por alguns segundos, mas foi tempo o suficiente para que levasse uma pancada na cabeça.
∆
Eu caí da cama esta manhã, o que está me causando uma dor de cabeça dos infernos. No caminho para a loja havia um dois carros da polícia e vários repórteres.
— Você não pode passar por aqui. — informou o polícia. — É cena de crime. Dê a volta pela outra rua.
— Crime? Foi aquele maníaco? — um homem ao meu lado perguntava sem parar. — Como vocês não conseguiram pegar? Que tipo de polícias vocês são?
Esse tipo de pessoa me deixava levemente irritada. Essas pessoas criticam seu trabalho, enquanto elas msmsas são incapazes de fazer algo tão bom quanto você. Arrastei meu próprio corpo até a outra rua e cheguei a conclusão que eu não vou morrer por um maníaco e sim por uma dor de cabeça.
— Você está atrasada! — Nanda disse assim que me aproximei da porta dos fundos da loja.
— Obrigada, capitã óbvio. — em resposta ao meu agradecimento, ela carinhosamente acertou a bolsa na minha cabeça.
Ela começou a comentar sobre mais um corpo e de como estava tão perto da loja. Nanda também levantou um questionamento sobre as câmeras no local, afinal, todas as lojas da região tinham câmeras.
— AKEMI!!! — estava do outro lado do balcão, atrás de uma cliente que segurando um livro. — Perdão por ela, às vezes ela fica assim…anormal.
Foi uma forma carinhosa dela não me ofender na frente dos clientes. Pelo menos ela tinha ética no trabalho.
∆
Estávamos no horário de almoço, novamente estávamos nós três, sentadas na mesa enquanto almoçamos.
— Qual é o problema? Você nunca fica calada. — Nanda estreitou os olhos desconfiada. A dor de cabeça tinha diminuindo, mas, eu queria lembrar do sonho desta noite. Ele parecia ser legal. — Sua mãe? Aquele…
— Dor de cabeça. — Limitei a minha resposta, seria vergonhoso se eu disse que cai da cama.
— Remédio? — ela perguntou.
— Comi chocolate. — respondi.
— Ainda não entendi de onde você tirou que chocolate ajuda na dor de cabeça. — comentou ela.
— Eu vi na tv.
— Dá certo! — Heloisa afirmou. — Eu testei semana passada quando estava com dor de cabeça e não tinha remédio.
— Você não conta. — exclamou a Gilbert mais velha.
Como um passe de mágica, estamos em outro assunto totalmente diferente.
A tarde continuou quase normal para mim, as garotas ficaram organizando os livros e ajudando os clientes, enquanto eu ficava no balcão atendendo os mesmos.Entretanto, eu forçava a minha mente a todo momento a lembrar do sono desta noite. Apenas flash nada nítido preenchia minha mente e me irritava .
— Você vai querer qual, Akemi? — Como um puxão, me vi parada na frente de um balcão de atendimento de uma lanchonete. Tínhamos uma rotina de sempre vir às sextas aqui. — Hambúrguer.
Hoje era sexta? Ontem não foi terça?
Eu não lembro de ter vindo até aqui.
— Hoje é sexta? — Perguntei para Nanda.
— Até onde eu sei sim. — ela respondeu
— Não lembrava.
— Novidade. — As duas falaram ao mesmo tempo enquanto íamos para uma mesa.
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AKEMI
RomanceAkemi, uma mulher de 25 anos, sempre lutou contra os pensamentos sombrios que assombravam sua mente. No entanto, sua vida muda drasticamente quando, sem saber, lê um livro satanista que faz um demônio tomar seu corpo. Nos primeiros meses, Akemi se v...