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S/N estava em parquinho onde ela sempre ia, era como se fosse um ponto onde ela poderia ficar me paz e relaxar, aproveitar e brincar, como uma criança, afinal nessa época pensamos apenas em brincar. Não temos preocupações com dinheiros, dívidas, contas, comida, trabalho, absolutamente nada. Apenas viver, isso significava liberdade, afinal quando pequenos queremos ficar maiores, mas quando ficamos maiores, queremos voltar a ficar pequenos novamente e sentir a mesma felicidade da infância.

— Viu? Tem um monte de coisas legais aqui! Você quer brincar de balanço? — S/N falou olhando em volta do parquinho

— Não sei… Nunca brinquei em um. — Sae-Byeok falou meio séria como sempre, porém não em um tom tão frio, ela tinha esses costumes

— Eu te ensino! Não tem mistério. Vem cá! — S/N caminha até o balanço e o segura, esperando que Sae-Byeok se sente.

Sae-Byeok observa, hesitante, e então se senta devagar no balanço, segurando firme as correntes — E agora?

— Agora você só relaxa! — S/N começa a empurrá-la devagar — Viu? É só assim. Se você se inclinar um pouco pra frente e pra trás, ele vai pra trás

Sae Byeok se inclina um pouco e ri sem querer ao sentir o balanço subir — Isso é... divertido — Começa a relaxar e a sorrir enquanto S/N continua empurrando o balanço

— Viu? Eu falei! Você parece até mais leve agora. Quer tentar sozinha? — S/N fala enquanto empurrava uma última vez

Sae-Byeok confiante, começa a se balançar sozinha, rindo de leve — Acho que consigo… — Sae-Byeok balança mais alto, os olhos brilhando um pouco com a sensação de liberdade

— Muito bem, Sae-Byeok! Você é boa nisso! — S/N falou sorrindo e feliz pela nova amiga

— É divertido… mais do que eu achei que seria. — Sae-Byeok dá um sorriso, era difícil ver ela sorrindo assim, quase "raro"

— A gente devia fazer isso mais vezes. Tem tantas coisas aqui pra explorar. Aposto que tem até brinquedo que você nunca viu antes. — S/N fala se sentando no balanço ao lado de Sae-Byeok

— É que eu não posso ficar aqui muito tempo... Sempre estamos nos mudando, eu e o meu irmão. — Sae-Byeok fala olhando pra baixo

— Vocês estão sempre indo de um lugar para outro? — S/N fala olhando para Sae-Byeok enquanto balançava levemente o balanço

— Sim. A gente nunca fica num lugar só… E eu nunca conheço ninguém que eu possa confiar.

— Mas talvez... talvez você possa confiar em mim? Eu... quero dizer, eu também não fico muito tempo em um só lugar, mas eu ainda posso ser sua amiga. — S/N fala sorrindo e ficandod e frente pra Sae-Byeok

— Amiga? — Sae-Byeok olha para S/N, surpresa, e sorri, mas de um jeito triste

— Sim! Amiga. Prometo que sempre que a gente se encontrar de novo, vou te ensinar uma coisa nova. Pode ser? — S/N acena com a cabeça determinada

— Mas vamos voltar a brincar e esquecer disso. — S/N falou puxando Sae-Byeok pela mão e indo a outro brinquedo

O tempo passa enquanto elas brincam juntas no parquinho, aproveitando cada momento. Mas logo o céu começa a escurecer, e S/N olha para Sae-Byeok, sentindo o momento da despedida.

— Acho que… acho que preciso ir agora. — S/N fala meio triste

— Eu também… — Sae-Byeok fala meio desapontada também

— Eu prometo que a gente vai se ver de novo. Até lá, eu vou pensar em novas coisas pra te ensinar, tá bom? — S/N fala pegando a mão de Sae-Byeok com cuidado e fazendo um "promessa de dedinho"

— Tá bom… Obrigada por hoje, S/N. — Sae-Byeok fala com um leve sorriso de canto

— A gente se vê, Sae-Byeok. Prometo.

S/N se afasta, olhando para trás uma última vez enquanto vê Sae-Byeok parada, acenando de leve. Mesmo sem saber quando se encontrariam de novo, as duas guardam o momento como uma promessa silenciosa.

Anos foram se passando, S/N estava mais velha agora, e a sua maior vontade agora era simplesmente voltar a ser criança mais uma vez..

S/N caminhava pelas ruas sujas de Ssangmun, os passos ecoando nas calçadas de concreto. O vento frio cortava sua pele, e as luzes fracas dos postes de rua piscavam com o ritmo irregular da cidade. Ela passava por barracas de comida, mercados de rua e prédios envelhecidos, com os olhos fixos no chão, tentando ignorar o peso de sua realidade.

A brisa fria fazia com que ela se encolhesse dentro de sua jaqueta surrada, as mangas largas cobrindo as mãos manchadas de tinta e sujeira. A vida parecia ter se tornado uma luta constante — uma luta para sobreviver, para pagar as dívidas que se acumulavam, para lidar com as promessas não cumpridas. O saldo em sua conta bancária era uma piada cruel, e as opções escassas, mais ainda.

Ela se sentou em um banco improvisado em frente a um mercado, o qual já estava fechado, mas algumas luzes ainda iluminavam os sacos de vegetais encostados nas prateleiras. S/N tirou o lanche de plástico de sua mochila e começou a comer em silêncio, os pensamentos vagando enquanto mastigava sem vontade. O sabor do pão velho e do pouco recheio misturava-se ao gosto amargo da frustração.

Cada mordida era mastigada lentamente, tanto para saborear o máximo possível quanto para evitar pensar na fome que voltaria logo. Olhou para o horizonte escuro, os olhos perdidos em pensamentos que iam além do que seus olhos viam.

A mente de S/N voltava a Sae-Byeok. A memória da amiga, ainda viva e forte em sua mente, a fazia sorrir por um instante, mas logo o sorriso desaparecia. Sae-Byeok estava em um lugar melhor, longe dos problemas de dinheiro, longe da sujeira das ruas de Ssangmun. Pelo menos, ela acreditava nisso.

"Espero que ela esteja bem", pensou, fechando os olhos brevemente. "Espero que esteja em um lugar melhor que esse." Ela desejava, mais do que tudo, que Sae-Byeok tivesse encontrado um caminho mais fácil. Um caminho onde não precisasse carregar o peso do mundo, onde suas esperanças não tivessem sido esmagadas pelas dívidas, pelas escolhas erradas.

S/N olhou para a rua vazia, os carros passando com pressa e as pessoas caminhando em direções opostas. Ela sentiu a solidão esmagadora novamente, mas, por um segundo, teve a sensação de que Sae-Byeok estava ali, ao seu lado, olhando para ela com os mesmos olhos determinados, mesmo que distantes. As memórias da infância, da época em que as duas sonhavam com algo mais, eram as únicas coisas que ainda a mantinham em pé.

Com um suspiro, S/N terminou de comer e se levantou, os ombros pesados com a carga da realidade. Ela não sabia o que o futuro lhe reservava, mas uma coisa era certa: não poderia se dar ao luxo de parar. Se não por ela mesma, por Sae-Byeok. Ela precisava seguir em frente, mesmo que o caminho à frente fosse nebuloso e incerto.

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⏰ Última atualização: 5 days ago ⏰

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The Game of Death (067x022)Onde histórias criam vida. Descubra agora