O7, carne fresca.

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  ──     Jungkook

Park Jimin. Este era o nome que ecoava nos sussurros do vilarejo, um nome que trazia consigo um peso imenso, uma história impregnada de mistério e tristeza. Havia completado vinte anos no último inverno, um marco que deveria ser celebrado, mas que para ele parecia apenas mais um lembrete da solidão que o envolvia. Filho de Park Hyungwon e Park Mina, Jimin era um morador daquele vilarejo desde seu nascimento, suas raízes fincadas na terra como as árvores antigas que cercavam a aldeia.

Impossibilitado de machucar qualquer ser vivo, ele era inofensivo como um filhote de coelho, sua essência tão pura que quase parecia uma bênção em meio à escuridão. No entanto, esse mesmo ar inocente era intensificado por seu capuz vermelho sangue, uma peça de vestuário que não apenas o tornava facilmente reconhecível, mas também emanava uma aura de fragilidade quase palpável. O capuz parecia ser um manto que o protegia do mundo exterior, mas ao mesmo tempo o isolava em sua própria bolha de vulnerabilidade.

Seu pai, um caçador e vendedor de peles muito conhecido na região, havia sido uma figura central em sua vida e na comunidade. No entanto, sua morte trágica no final do ano passado deixou um vazio insuportável. Ele desaparecera por quase um mês, e os rumores começaram a circular como sombras nas noites escuras. Finalmente, seu corpo foi encontrado em meio à vasta floresta Bloodthirsty, em um estado tão avançado de decomposição que fazia os aldeões desviarem o olhar com horror. O cenário era grotesco: a natureza havia se apoderado dele de maneiras inimagináveis, e as especulações sobre seu destino se tornaram lendas sussurradas à noite.

Alguns aldeões acreditavam que ele estava prestes a ser empalado por criaturas da floresta – uma punição cruel imposta pelos animais em retaliação ao homem que havia caçado seus semelhantes. Especulações geradas pela crença popular.


Meu coelhinho parecia familiarizado com a crueldade da vida muito antes de eu chegar. É como se fôssemos feitos um para o outro; ele só não tem consciência disso ainda. Mas em breve, isso mudará.

Hoje o encontrei novamente, seu capuz reluzindo como um chafariz em meio ao denso verde da mata. Ao seu lado, uma figura semelhante — aquele maldito "amigo" cercando-o. Eu deveria ter ficado irritado, mas a visão das peças de roupa que minha presa usava me impediu de nutrir tais sentimentos. Ele estava irresistível, era de dar água na boca.

Tive que criar uma falsa distração para tê-lo só para mim, mesmo que fosse por apenas alguns instantes; era uma necessidade incontrolável. Seus olhos de cervo, perdidos, e o cheiro da pureza invadindo meu olfato. Não estava em seu campo de visão, mas isso não significava que estava longe; na verdade, estive perto o suficiente para quase tocar seu cabelo. Pretendia fode-lo enquanto usava aquele maldito capuz, banhado pela cor do pecado. Eu podia ver claramente sua imagem — a pele branca sendo corrompida — e adoraria quebrá-lo.

Mas não era a hora certa. Seu corpo implorava por mim, mas sua mente ainda não estava pronta. A inundação de suas lágrimas ao ver o coração me decepcionou; ele não entendeu a mensagem proposta, mas isso não me impedirá de lhe explicar. Serei paciente, sei que isso trará recompensas: um farto e insaciável banquete. O demônio preso em mim clama por isso.

Coelhinho, parece que você precisará correr.
Não terei pressa alguma em lhe comer.
Irei lhe caçar, com o maior prazer.

Eu simplesmente odiava coleopteras; elas eram repugnantes. Apareciam sempre à cata de sobras, se arrastando entre o lixo, imersas na sujeira. Os ricos eram praticamente iguais às baratas: onde um surgia, sempre haveria mais, como se abrir a tampa de um bueiro. Minha vontade real era pisar em suas cabeças, como fazia com os insetos. Quem dera fosse tão fácil quanto isso.

𝐇𝖴𝖭𝖦𝖱𝖸 𝐄𝖸𝖤𝖲 Onde histórias criam vida. Descubra agora