Y/S era o típico adolescente "diferente", aquele que se destacava onde quer que fosse. Suas calças rasgadas e camisetas pretas contrastavam com o brilho sutil dos piercings no rosto e nas orelhas, enquanto seu cabelo sempre bagunçado conferia um charme despretensioso. Com 16 anos e uma postura física forte, ele passava a imagem de alguém rebelde e inquebrável — uma figura aparentemente impenetrável.
Mas, sob a superfície, Y/S era bem mais do que seu estilo sugeria. Responsável e cuidadoso, ele mantinha distância de confusões e gente errada. Trabalhava meio período em uma cafeteria local, não apenas para ganhar dinheiro, mas também para ajudar sua mãe. O dono da cafeteria, impressionado com o aumento de clientes, sabia que o motivo era Y/S. Rapidamente, o lugar se tornara ponto de encontro para garotas e garotos que, mais do que o ambiente ou o café, vinham para ver Y/S.
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Naquela noite, a cafeteria fervilhava de clientes, e Y/S, junto com outros dois garçons, estava ocupado tentando manter o ritmo. Entre as mesas cheias, uma em especial chamava sua atenção. Lá, reunidos, estavam Baji, Mitsuya, Draken e Mikey, seu grupo de amigos.
Y/S suspirou ao vê-los, sentindo a familiar frustração de não poder se juntar a eles. Mesmo assim, decidiu atender a mesa deles pessoalmente, ansiando por alguns minutos de descontração.
Ao vê-lo se aproximar, Mikey, sempre cheio de humor, foi o primeiro a provocá-lo:
— Aí, Y/S, faz teu trabalho direito e serve a gente! — disse, rindo, enquanto Mitsuya tentava conter o riso ao lado.
Y/S revirou os olhos, acostumado com as brincadeiras, mas antes que pudesse responder, Baji comentou de forma provocativa:
— Y/S nem tá no cardápio, Mikey.
Draken, rindo, deu um leve tapa no ombro de Baji, e Y/S fingiu que não ouvira a provocação.
De repente, sentiu seu pulso ser puxado para baixo. Era Baji, segurando-o firmemente.
— Olha aqui, seu idiota! — disse ele, irritado, apontando para o cardápio. — Quero esse bolo aqui, o de gatinho de chantilly.
Y/S apenas sorriu de canto, divertindo-se com a impaciência de Baji, e anotou o pedido.
— Beleza, um bolo de gatinho para o Baji — respondeu, liberando o pulso do aperto.
Draken ergueu a mão para fazer o seu pedido.
— Eu vou querer o mesmo, e um café preto. — disse, de forma simples.
Antes que pudesse anotar o próximo, Mikey o interrompeu:
— O mesmo que Baji, e aposto que vou terminar primeiro que ele! — desafiou, lançando um olhar provocativo a Baji.
Isso foi o suficiente para iniciar uma pequena briga entre eles, que discutiam, quase como crianças, quem comeria mais rápido. Y/S riu da cena, balançando a cabeça, mas antes de se afastar, olhou para o grupo com um toque de seriedade.
— Vocês… não vão arrumar briga na rua de novo, né? — perguntou, a preocupação evidente em sua voz.
Todos balançaram a cabeça, negando, mas ele conhecia bem seus amigos para saber que, sim, eles provavelmente estariam em algum confronto naquela noite. Essa mentira não passou despercebida, mas Y/S apenas suspirou.
— Vocês me matam de preocupação… — murmurou, antes de dar meia-volta e seguir para a cozinha com os pedidos.
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Após alguns minutos, ele voltou com as fatias de bolo e cafés, observando os amigos se divertirem. O riso e a descontração deles eram contagiantes, mas uma sombra de preocupação persistia no fundo do olhar de Y/S. Ele sabia que as ruas não perdoavam facilmente, e cada noite que seus amigos passavam nelas, ele temia pelo pior.
Quando entregou o último café, Baji o puxou pelo braço mais uma vez, mas dessa vez com um olhar sério.
— Ei, Y/S… sabe que a gente cuida da gente, né? — disse, tentando tranquilizá-lo, embora Y/S percebesse a hesitação em sua voz.
Ele assentiu, mas respondeu, com um sorriso triste:
— Só não se esqueçam que alguém se importa demais para deixarem isso de lado.
Mikey, rindo, esticou a mão para dar um leve tapa nas costas de Y/S.
— Relaxe, cara. Nada pode com a gente! — disse ele, mas Y/S notou o olhar rápido que Mikey lançou para Draken, como se dissessem algo um ao outro em silêncio.
Y/S se afastou, mas antes de sair, lançou um último olhar ao grupo, guardando aquele momento como um lembrete. Ele sabia que, enquanto se preocupava, aqueles garotos eram sua família, e nada mudaria isso. Talvez fosse apenas uma noite a mais, mas ele ainda temia pelo que o futuro reservava para seus amigos.
O sino da porta da cafeteria tocou, e, de repente, Y/S sentiu um calafrio, como se algo estivesse para acontecer. Sem entender, lançou um último olhar para o grupo, que agora ria despreocupado.
Mal sabia ele que aquela noite seria um ponto de virada, algo que mudaria tudo entre eles.