The Cursed Priest | Hyunin

Sonhos e pesadelos

O relógio marcava 3:00 da manhã quando Hwang acordou ofegante e suando, parecia ter acabado de participar de uma partida de pega-pega junto com as crianças do vilarejo; seu estado era, de certa forma, deplorável.

Reuniu forças para sentar na cama, apertando fortemente os lençóis abaixo de si para tentar descontar todo o prazer que ainda o consumia. Honestamente, ainda podia sentir os dedos delgados enroscados em seu cabelo, o forçando a manter a cabeça ereta; a boca contra a sua, sensualmente descendo para o seu pescoço; as mãos grandes envolvendo a sua cintura, o apertando com tanta possessão; as descargas de prazer percorrendo todo o seu corpo, fazendo o seu ventre se revirar como um furacão... Tudo isso ainda estava aqui.

Involuntariamente se esfregou contra a cama para tentar aliviar todas essas sensações estranhas que estava sentindo, mas abruptamente olhou ao redor para procurar aquele que perturbava até os seus sonhos mais profundos. Não encontrou nada além do seu quarto solitário, escuro e vazio, mas não deixou de estar alerta a qualquer movimentação suspeita em seu quarto.

Respirou fundo, fechando os olhos para tentar se acalmar, mas só conseguia pensar no quanto estava exausto de sempre acordar às 3:00 da manhã após ter sonhos "estranhos" envolvendo o mesmo homem — que a propósito, sequer sabia quem era, nem mesmo via o seu rosto durante os sonhos. A única coisa que sabia sobre ele era que, a julgar por suas roupas tradicionais, se tratava de um aprendiz religioso.

Sim, estava tendo sonhos profanos com um aprendiz religioso, e isso o fazia se sentir ainda pior.

"Eu vou queimar no inferno" pensou, se encostando na parede ao lado da cama.

Seu tormento começou há cerca de três semanas, quando começou a sonhar com um sacerdote desconhecido, alguém que nunca conseguia ver o rosto. Todos os sonhos tinham situações, cenários e diálogos diferentes, mas sempre acabavam da mesma forma: com os dois transando violentamente em algum lugar.

Se sentia perturbado com esses sonhos, nem mesmo durante a puberdade teve tantos desejos assim. Passou a maior parte da vida se dedicado aos estudos religiosos, até mesmo agora se dedicando apenas aos projetos da Igreja e ao grupo de jovens no qual fazia parte, não era a toa que todos o consideravam um verdadeiro prodígio.

Bufou em frustração, passando as mãos por seus fios úmidos de suor. Choramingou por ainda se sentir agitado, decidindo levantar para ir a cozinha, precisava pelo menos de um copo de água para esclarecer as ideias.

Fez um esforço para levantar da cama e vagarosamente seguiu para fora do quarto, encontrando um corredor mais escuro do que dentro do cômodo, mas isso não era um problema para ele — vivia naquela casa desde que nasceu, a conhecia até de olhos fechados —, então apenas seguiu em direção a cozinha. Esperava encontrar a casa inteira escura, mas de longe notou as velas da cozinha acesas, o que significava que alguém da sua família também estava acordado. Bom, ainda bem, assim pelo menos não estaria sozinho.

Adentrou o único cômodo iluminado, encontrando o seu priminho — quase irmão, visto que desde sempre o garoto era criado por seus pais — sentado na mesa no meio da cozinha.

— Acordado a essa hora? — Hwang perguntou, vendo-o dar um saltinho de susto na cadeira. — Te assustei?

— Um pouco. — o olhou. — O que faz acordado?

— Eu que pergunto. O que você faz acordado? — ergueu uma sobrancelha, se afastando para encher um copo de água e sentar à sua frente em seguida. — Crianças dormem cedo, Felix.

— Tive pesadelo. — resmungou, se encolhendo enquanto comia biscoitos de chocolate. As luzes das velas iluminavam bem o seu rostinho, deixando evidente as sardinhas que o pintavam de maneira delicada. — Estou há três semanas com os mesmos pesadelos.