Bem Vinda A Bozeman

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Eu estava no meu quarto, cercada de malas, tentando juntar tudo o que conseguia para a mudança. A cada peça de roupa, livro e lembrança que colocava dentro das malas, sentia um aperto maior no peito.

Como posso simplesmente deixar tudo para trás? Deixar minha vida em Los Angeles e me mudar para o interior? Só de pensar, meu estômago revirava. Lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto, e eu me forcei a respirar fundo, tentando manter a calma.

— Alice? — A voz da minha mãe me fez levantar os olhos. Ela estava na porta, com aquele sorriso tranquilizador que ela sempre dava quando queria me convencer de algo.

— O que foi, mãe? — respondi, secando o rosto rapidamente, tentando parecer mais forte do que eu me sentia.

Ela entrou no quarto, sentou ao meu lado e colocou a mão no meu ombro.

— Vai ser bom, Alice. Você sabe, né? Essa mudança pode trazer novas oportunidades para nós.

Suspirei, olhando para ela. Era a mesma conversa de sempre, desde que meus pais anunciaram o divórcio, e eu já estava cansada de ouvir.

— Oportunidades? — Repeti, tentando conter o sarcasmo. — Nunca fui para a cidade dos vovós, sabia? Sempre foram eles que vinham até aqui, porque você nunca se importou em voltar lá. Eu gosto deles, mas... morar lá? Sério?

Minha mãe sorriu, tentando me animar.

— Você só conhece o que eu te contei, Alice. E talvez... talvez seja mais divertido do que você imagina. Há coisas que você ainda não conhece e que podem te surpreender.

Revirei os olhos, impaciente.

— Não é justo — murmurei. — Eu não sei se quero conhecer o interior. Prefiro ficar aqui, onde eu sei que tenho tudo que eu preciso.

Ela suspirou, mas manteve o tom calmo.

— Vai dar certo, querida, eu prometo.

Após terminar as últimas malas, eu decidi falar com meu pai antes de irmos. Talvez uma parte de mim ainda esperasse que ele demonstrasse algum tipo de emoção, alguma tristeza pela nossa partida. Mas ele estava ali, sentado no sofá, como se nada estivesse acontecendo.

— Então... é isso? — perguntei, cruzando os braços. — A gente está indo embora, e você nem se importa?

Ele olhou de relance para mim, sem tirar muito a atenção da TV.

— Boa viagem, Alice, se cuida.

Senti uma onda de raiva crescer dentro de mim. Como ele podia ser tão frio?

— Sabe, pai — eu disse, tentando manter a voz firme —, às vezes acho que você está feliz por finalmente se livrar da gente.

Ele apenas deu de ombros, sem nenhum sinal de arrependimento.

— Um dia você entenderá.

Engoli em seco, sentindo uma tristeza que eu tentava esconder. Eu me virei e saí de cabeça erguida, mas por dentro, tudo estava desmoronando.

Eu deixei a minha casa para trás, a mansão ficava cada vez mais distante conforme o carro andava e meu coração também ficava lá.

Após o que pareceu ser uma eternidade, finalmente chegamos ao aeroporto de Montana. O lugar era pacato e vazio, nada comparado ao movimento de Los Angeles. Eu suspirei, observando o cenário ao redor, enquanto minha mãe tentava achar um táxi.

Aquela sensação de arrependimento e desânimo só aumentava conforme olhava as montanhas ao longe e o céu nublado no lado de fora.

— Lá, Alice. — Minha mãe apontou para um táxi encostado mais adiante.

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