Aventura?

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Já fazia duas semanas que eu e minha mãe tínhamos chegado a Bozeman, e cada dia parecia se arrastar mais que o anterior. Nada ali fazia sentido para mim, desde o silêncio pesado das noites até o cheiro forte de terra que parecia me seguir por toda parte. Eu estava à beira da loucura, e minha única distração era Oona, que ao menos parecia entender um pouco da minha frustração.

— Que tal uma aventura? — Oona sugeriu enquanto conversávamos perto do celeiro dos meus avós.

Eu ergui uma sobrancelha.

— Uma aventura no meio do nada? Duvido que tenha algo de realmente emocionante para fazer por aqui.

Oona riu, mas seus olhos brilhavam de expectativa.

— Vamos até a cachoeira dos Collins. É enorme e a água é cristalina. Você vai adorar. É um dos lugares mais bonitos da região.

Suspirei, hesitante. A última coisa que eu queria era passar mais tempo perto da família Collins, principalmente se isso incluísse cruzar com ele. Mas o tédio parecia crescer cada vez mais, como uma sombra ao meu redor, e decidi que não custava tentar.

— Tá bom. — Concordei, relutante. — Mas se eu ver o Jack, eu dou meia-volta.

Oona me lançou um olhar divertido.

— Então vamos torcer para ele estar ocupado. Mas, me diz, o que exatamente ele fez para te irritar tanto?

— Ele existe. — Respondi, revirando os olhos. — O cara é exibido, insuportável, e não perde uma chance de me provocar. Se acha o dono do mundo só porque sabe lidar com cavalos e acha que a vida na fazenda é a única realidade.

Oona riu, parecendo entreter-se com meu ódio pelo Jack.

— Bom, ele realmente é orgulhoso da vida aqui. Mas talvez ele só esteja te provocando porque… — Ela fez uma pausa, me lançando um olhar curioso. — Porque ele percebe que isso mexe com você.

Rolei os olhos, tentando ignorar a pontada de irritação.

— Ah, claro, porque eu não tenho nada melhor pra fazer do que me importar com o que o Jack pensa.

Pouco depois, seguimos em direção à fazenda dos Collins, Oona foi dirigindo a caminhonete antiga do meu avô. O caminho até a cachoeira era cercado de árvores, e a floresta se abria em um espetáculo de natureza que, mesmo a contragosto, tive que admitir ser impressionante. Quando chegamos perto, o som da água caindo ficou mais forte, e a visão da cachoeira me deixou sem palavras por um momento.

Mas antes que eu pudesse aproveitar a vista em paz, ouvi passos se aproximando atrás de nós. Virei-me e dei de cara com Jack, que vinha montado em seu cavalo, como se aquele fosse o seu reino particular e ele o rei. Estúpido!

Ele parou ao nosso lado, observando-me de cima com aquele mesmo ar presunçoso que eu já começava a detestar.

— Surpresa em te ver aqui, princesa. — Ele disse, com um sorriso de canto que só aumentava minha vontade de ir embora.

— Eu não teria vindo se soubesse que você estava por perto. — Retruquei, cruzando os braços.

Jack riu, descendo do cavalo com a mesma confiança de sempre. Ele olhou para mim de cima a baixo, e pude ver que seus olhos pararam um pouco mais nas minhas roupas, claramente fora de contexto ali.

— Espero que não ache que essa roupa vão te proteger dos mosquitos ou da lama. Mas, claro, princesas não pensam em detalhes como esses, né?

Revirei os olhos, sentindo meu rosto esquentar. Odiava quando ele me fazia sentir tão fora de lugar.

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