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Galina

Eu poderia estar por aí viajando num dos aviões dos meus pais gastando o dinheiro enquanto eles trabalham pra ter, mas estou aqui tentando finalizar um projeto importante  só que meu querido e único irmão mais velho resolveu fazer uma festinha na área da piscina com um som insuportavelmente alto.

Nossa casa é enorme, tem uma área exclusiva pra festa, mas Mikhail faz o que quer, onde quer e não está nem aí pra nada. Estou sentada na cama revisando uns dados para apresentação, quando alguém bate na porta, ignoro e quem quer que seja bate algumas vezes seguidas.

— Não vou levar ninguém para casa— digo indo em direção a porta, meu irmão sempre pede pra levar os vizinhos.

— E aí, garota? Posso... Posso usar o banheiro?— Ruslan, o melhor amigo do meu irmão. Um cara de quase dois metros de altura, parado na minha porta, segurando uma pelúcia que não faço ideia de onde conseguiu— Da pra... Pra olhar... Nos meus olhos não aqui?— ele faz um sinal para o abdômen totalmente nu e completamente bêbado.

— Ah... Eu... Não. O banheiro social é lá embaixo— me atrapalho nas palavras e tento fechar a porta, mas ele segura.

— É rápido... Eu levanto a tampa.

— A casa tem 4 banheiros sociais, use- os.

— Olha Galina... Eu vim aqui, porque se eu desmaiar você vai ver e... Aí eu não vou morrer porque cai— ele tem um ponto.

— Vou deixar, mas não demora— ele passa e volto para os meus afazeres. Sou formada em engenharia de petróleo, tenho uma entrevista de emprego, prefiro trabalhar em outro lugar do na mesma empresa da minha família e estou no processo de aprovação para entrar numa pós graduação

— Estudando uma hora dessas?— ele pega alguns papéis e tenta ler, mas está bêbado demais pra ler alguma coisa— Se quiser eu te ajudo.

— Em que um bêbado ajudaria? Calcular o teor de álcool que uma pessoa consegue ingerir em uma noite?

— Mas você é ignorante— ele pega mais alguns papéis— Vou sentar aqui rapidinho... Seu quarto está um pouco... Um pouco— ele levanta e sai correndo de volta para o banheiro.

Tento me concentrar no que estava fazendo, mas o Ruslan tem uns cinco minutos que está no banheiro, me levanto e vou ver se ele ainda está vivo.

— Oi...— bato na porta— Está tudo bem aí?— nada. Bato mais algumas vezes e nada. Abro a porta e o querido está abraçada a pelúcia dormindo— Ruslan? Ruslan?— tento puxa- lo, mas ele não move um músculo— Cara, como você é pesado— tento arrastar ele, mas 

— Você sabia... Que é a única que me chama de Ruslan?— ouvimos uma batida na porta seguida de uma voz feminina— Não abre.

— Porque não?— questiono e me viro pra ir e ele segura e puxa, fazendo com que eu caia no colo dele.

— Se me livrar dessa eu te ajudo com... Aqueles papéis lá— ele me encara com um olhar de piedade... Um olhar profundo e muito verde

— Porque você não quer atender?— tento sair, mas ele não solta.

— É um história um pouco complicada, me ajuda ai Galina, só dessa vez— penso um pouco.

— Tá bom, mas você vai me ajudar até quando eu quiser.

— Feito— ele estende a mão e eu a aperto.

— Agora me solta

— Isso garota— ele me dá um beijo no rosto e me solta.

Caminho até a porta, não faço ideia de quem me espera lá fora. Pode muito bem ser uma doida com uma pistola carregada e que ao invés de matar o Ruslan, vai me matar primeiro

— Oi... Quem é você?— pergunto

— Oi. Sou Miranda— ela estende a mão pra mim e eu aperto

— Eu sou Galina, prazer— ela sorri e olha pelo quarto— Quer entrar?

— Não, estou apenas procurando o Niko, você viu?— ela está um pouco bêbada e se perde um pouco— Um homem alto, forte, sem camisa...— alguma coisa cai lá dentro. Burro. Burro— Que foi isso?

— Ah... É meu, meu gato. Ele vive jogando as coisas no chão— por sorte ele mia e sai só closet que fica perto do banheiro

— Que lindinhoooo— ela tenta entrar, mas a impeço

— Não... Ele é bravo e arranha qualquer hum que se aproxime dele

— Ah... Uma pena. Se o Niko me procurar diz que estou esperando ao lado da piscina— não passar perto da piscina enquanto não limparem

— Aviso sim, agora eu vou voltar pra minha cama e tentar dormir com todo esse barulho. Foi um prazer Miranda— fecho a porta e tranco

Caminho de volta para o banheiro, agora ele pode sair sem ninguém tentar ataca- lo ou algo do tipo

— Ruslan, agora você... Aaaaa— eu grito. Ele está sentado na banheira abraçando os joelhos e com os olhos fechados

— Não grita... Minha cabeça está doendo

— Seu maluco, o que está fazendo?— fecho a torneira, ele está totalmente pelado— Eu vou matar meu irmão, ele vive trazendo estranho pra casa

— O que a gente faz numa banheira?— a água parece ter deixado ele pior

— VOU. MATAR. MISHA E VOCÊ.— jogo pra ele uma toalha— Some daqui

— Não sou estranho— o cérebro dele está em 0.25 — Ele tenta se levantar, mas em vão— Você é uma boa garota e... Vai me deixar aqui até eu estar melhor

— Nem em sonho, preciso tomar banho— tento não olhar, mas é impossível. Um abdômen trincado, molhado. Meus olhos acompanham a gota de água escorrendo pela virilha. Um pênis de tamanho razoável sem estar ereto?. Quem eu quero enganar? É um puta pauzão

— Galina? Oi?— pisco algumas vezes e ele está fora da banheira

— Cobre isso aí e sai do meu quarto— ele sai trançando as pernas

— Porque você vai tomar banho tão tarde?

— Não é da sua conta. Sai daqui— jogo as roupas dele pra fora

Tomo um banho quente e relaxante, ouço um pouco a música quando abro a janela do banheiro. Mikhail não é sempre assim, na verdade ele faz menos bagunça do que se imagina, mas esses dias tem acontecido algumas coisas que estão mantendo ele muito perto do mundo político do meu avô

Desligo o chuveiro e me enrolo num roupão, não sei se aquele maluco saiu daqui. Pra minha surpresa quando coloco os pés no quarto ele está esparramado na minha cama, enrolado apenas na toalha

— MIKHAIL, SEU FILHO DA PUTA— saio gritando pela casa.

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