2

16 2 5
                                    

Mikhail

Todo dia que eu digo que não vou beber, bebo o triplo do comum e amanheço com uma dor de cabeça do caralho. O álcool te humilha antes e depois, nunca vi.

— Meu Deus— levanto da cama e quase caio, o quarto não era pra girar dessa forma.

Alguém bate na porta e espero que não seja a Joana, ela sempre me delata para meus pais.

— Entra— eu digo deitando de novo, agora deixando um pé no chão para acostumar.

— Nossa, quem te atropelou? — eu amo a minha irmã, mas as vezes ela abusa.

— Xiu— aperto os olhos com os dedos— Pode me fazer a caridade de pegar essa garrafa de água ao invés de me julgar?— ela anda até o outro lado do quarto e os sapatos dela faz um barulho que bate no fundo do me cérebro.

— Misha estou saindo e vou demorar— ela me entrega a garrafa— Nosso pais devem chegar até as 13h e vamos num jantar hoje na casa do vovô.

— De novo?— questiono, eu odeio ir a esses jantares do meu avô, sempre tem politica no meio.

— Meu filho é ano eleitoral, vai piorar demais.

— Eu sei. Tem algum remédio por perto?— ela passa os olhos pelo quarto entra no armário pra vê se acha algum. Lembrar de nunca mais aceitar um bebida chamada beijo do diabo.

— Levanta fiote— Niko entra berrando no quarto— Temos trabalho a fazer.

— Fala baixo animal, estou com dor de cabeça— sento na cama e até agora minha irmã não voltou com remédio— O que tem hoje?

— Bosta. Se você falar assim comigo de novo vou te dar um soco na boca.

— Ah... Niko vai procurar quem te quer— ele não esta mais prestando atenção em mim e sim no celular.

— A Joana pediu pra falar que seu café esta esperando— ele levanta e vai em direção a porta sem olhar— Tem um problema enorme chegando.

— Como assim?— ele sai correndo do quarto e vou atrás. Para não pisar no gato da Galina, faço um desvio e caio muito perto da escada— Que isso fúria da noite? Até você tentando me matar?

Me recupero e desço a escada devagar, com certeza terei um belo machucado nos joelhos. A sala tem dois policiais fardados e quatro homens com eles.

— Bom dia— estendo a mão pra um deles— Porque estão aqui?

— Quero falar com o dono da propriedade... no caso seu pai.

— Ele não esta, então pode falar comigo mesmo.

— Certo— ele me entrega um papel— Temos um mandado de busca e apreensão para algumas propriedades dessa região e vocês estão no meio— por isso o Niko saiu daqui feito um louco.

— Porque?— tento ler o papel mas não entendo porra nenhuma.

— Teve um assassinato na região ontem... uma garota chamada Miranda Veiga— caralho. Ele me mostra a foto e essa garota esteve aqui ontem— O corpo foi encontrado na divisa entre sua propriedade e a da família Amaral, por um funcionário deles, que acionaram a policia.

— Que merda— me sento e apoio os cotovelos na coxa e levo as mãos no rosto. Que merda— Fiquem a vontade... vou tomar um banho.

Subo as escadas e tento falar com meus pais e nenhum deles atendem, sei que estão vindo pra cá, mas não custa atender. Sento na cama e tento lembrar o que possa ter acontecido de diferente, mas não vem nada a minha mente.

— Demorei mas achei— minha irmã surge segurando uma cartela de remédio— Que foi?

— A policia esta aqui... Vieram fazer uma busca— ela senta a meu lado na cama— Lina... acharam uma garota morta aqui perto— estou a ponto de surtar.

— Morta?— aceno que sim— Que merda.

— Pra piorar eu tenho um suspeito em mente— passo a mão no me cabelo, preciso cortar um pouco— O Niko Lina... O Niko sumiu por um bom tempo.

— Não foi ele— ela diz com uma firmeza que até me assusta.

— Ele sumiu e não o vi até hoje de manhã— estou tenso e preocupado.

— Calma— minha irmã faz com que eu a encare— Eu tenho certeza que não foi ele... Ruslan foi atrás de um banheiro ontem a noite e ele usou o meu e depois estava tão bêbado que acabou dormindo no meu quarto

— É o que?— não acredito— Galina, você dormiu com o Niko?— não estou pronto pra ouvir isso dela, não mesmo.

— Calma, não dormi com ninguém... Só deixei ele ficar porque eu não conseguia expulsar um cara com o dobro do meu peso. Relaxa que seu amigo não matou ninguém— balanço a cabeça que sim.

— Preciso de um banho. Liga para casa do vovô, vamos precisar e também para o advogado— a policia vai levar todos para um depoimento e não lembro de tudo, estou ferrado.

(...)

Visto uma calça social cinza, uma camisa de botão branca, penteio o cabelo pra trás e passo um perfume. O remédio não adiantou nada, preciso de um café antes de ir a delegacia.

— Bom dia Joana— a abraço, Joana é a chefe dos funcionários da cozinha e a conheço desde criança— Tem como fazer um chá pra mim? Estou com uma ressaca brava e tem que ir na delegacia.

— Me adiantei, imaginei que vocês estariam assim— ela coloca uma xicara com um liquido numa coloração amarelada na minha frente, o gosto do chá de boldo é horrível, mas ajuda a curar.

— Aaarg!— bebo tudo numa golada e sirvo meu café— Minha irmã já foi?

— Não, mas ela está brava o suficiente pra te matar— típico da Galina.

— Normal seria o dia que ela não quisesse me matar— como um pedaço de queijo enquanto deixo uma mensagem pro Niko e pra minha mãe— Chamaram vocês?

— Os que estavam aqui ontem a noite sim— ela retira a xicara que antes estava com o chá— Misha, você não se lembra do que aconteceu?

— Algumas coisas— tomo um gole de café, que esta amargo— Meu Deus, que café amargo.

— Amargo vai ficar nossa vida— Niko entra feito uma bala na sala onde estou tomando café— Joana, pode me dar um copo daquele chá?— ele senta e apoia os cotovelos na mesa.

— Seus pais sabe?— ele balança a cabeça que sim, uma moça que trabalha com a gente serve ele o chá.

— Obrigado— ele bebe de uma vez, sinal de que esta tenso— Estou fudido.

— Porque?— questiono e me lembro de onde ele dormiu— Você não tem que me contar nada não?

— Eu transei com a garota... Sem camisinha— olho por cima do celular e levo a xícara na boca— No seu quarto— arregalo os olhos e  cuspo o café, quase me engasgo. Filho da puta.

— Seu desgraçado, não basta dormir no quarto da minha irmã, ainda transa na minha cama— levanto e ele também— Seu filho da puta— tusso um pouco, o café estava quente e entro no lugar errado.

— Não disse que foi na sua— ele aponta e sai correndo. Vou matar esse filho da puta— Me ajuda Joana— ele se esconde atrás dela para não ser pego.

O Niko é inteligente e na maioria das vezes esperto, mas tem vezes que ele desliga o modo racional e faz algumas idiotices no nível dessa.

— Esta lindo esse jogo de Debi e Loide, mas temos um compromisso que infelizmente não estava na minha lista— minha irmã aparece nervosa e tem toda razão por isso— E por causa de dois idiotas agora sou obrigada a ir.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: 4 days ago ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

ENTRE NÓS Onde histórias criam vida. Descubra agora