Prazer me chamo Aurora, Aparentemente sou famosa. Acabei de sair de um show e estou indo para outro, hoje é sexta-feira, são 20h. Eu me pergunto, Como eu acabei assim? Eu sei como, eu só não quero admitir. Eu sou uma moeda, que aos 13 anos foi tirada da sua família, sequestrada e levada para outro país, tive que aprender uma língua nova, não pude fazer o ensino médio, o fundamento eu conclui da casa onde habito. Escrevo músicas que as pessoas imaginam e cantam para seus namorados e pessoas queridas. Se eu abrir a boca sobre algo do sequestro a minha família pode acabar morrendo. Nós 6 anos que estive aqui estudei música como se não ouvesse amanhã, estudei técnicas vocais, composição, violão, teclado e piano, me surpreende o fato de eu continuar respirando. Eu não durmo em uma cela, no entando meu quarto parece uma. Faz tempo que eu não sei o que é ser livre para escolher, a escolha máxima que eu faço hoje é o tom da música. Não é como se a música me aprisionasse, ela me liberta para me expressar, as vezes ela me afoga, porém eu aprendi a nadar muito cedo.
Cheguei no lugar do show estou atrás do palco, fico feliz que desta vez seja uma roupa que eu não me sinta desconfortavel, um vestido longo bem fechado em sima. Algumas vezes sou obrigada a usar roupas que me deixam desconfortavel. Alguns fãs trazem roupas aos shows e panos, ao perceberem que eu não estou me sentindo bem com a roupa elas me ajudam, peço para subirem ao palco e me ajudarem. Ninguém pode me impedir, já que se tentarem o público não vai gostar.
Vou me apresentar para cerca de 20 mil pessoas essa noite. Lancei algumas músicas novas em um álbum fazem 2 semanas e hoje o dueto que fiz com uma cantora vai acontecer ao vivo pela primeira vez. Eu não a conheço ainda, eu só escutei a sua voz, não conheço nem ao menos o seu rosto, também cantei com ela na passagem de som.
Como sempre antes de qualquer show dou uma olhada para a plateia. Já estava cheia, passo os olhos pelas pessoas e derrepente vejo alguém conhecido e fixo meu olhar nele, derrepente percebo , é o meu irmão mais velho, 3 anos mais velho. Eu tenho 5 irmão, eu tinha na época que fui raptada, talvez hoje tenha mais. Eu me desesperei. Virei para o produtor e disse
-Eu não vou entrar, meu irmão está na plateia, se eu me apresentar e ele perceber que sou eu, ele vai morrer.- disse olhando em seus olhos.
-Dá teu jeito, você entra em 20 minutos, coloca uma máscara no rosto e vai.-
Voltei para a maquiagem e disse a ela que queria uma máscara e que entrava em vinte minutos. Escolhi uma máscara que cobria o início da minha testa até quase a ponta do nariz. O vestido era roxo com bastante tule que se transforma em Branco, a máscara pouco rosada e com flores. No pé usava um salto baixo da mesma cor e meu microfone era branco.
Em quanto ela preparava e colava a máscara eu fiquei pensando se deveria ou não entrar. A menina com qual eu faria o dueto passou pelo que eu passei, foi sequestrada. Eu escutei uma conversa, eles disseram que ela não se saiu bem, já tinha 23 anos e não teve sucesso, iriam largar ela na rua em um país no qual ela não conseguiria contato com ninguém ou coisa pior. Então disse a eles que queria ela cantando comigo no álbum. Se essas músicas não ficarem famosas e ela também, tudo vai por água a baixo, assim como se eu não entrar.
Acabou a colagem. Eu então pedi para o meu promotor e os músicos que me acompanhariam para mudar as 2 primeiras músicas.
-Vamos fazer uma pequena mudanças nas músicas, na abertura vou cantar eu te levantarei do Frei gilson e depois da música que escrevi ontem- mostrei o papel da minha mão e mostrei ao produtor a letra. Ele ficou quieto e deixou que fosse assim.
-A primeira vocês devem conhecer, a segunda podem deixar que eu toco no piano mesmo-
Eu estava me preparando para entrar e me lembrei de 6 anos atrás. Estávamos voltando de algum lugar, eu estava com uma bolsa, com a bíblia, cadernos... e um terço na mão. Corri da esquina até a frente de casa, minha mãe foi andando e ficou para trás e quando estava abrindo o portão senti uma mão me puxar e me segurar, não vi nada. Acredito que tenham me dado algum sonífero ou algo assim. Eu acordei em outro país, onde falavam outra língua, um tanto diferente da minha. Eu tive que apreender o idioma local o suficiente para ser imperceptível que eu não sou daqui, além de outros 2 idiomas, ao todo eu falo; Alemão (nasci na Alemanha), inglês, espanhol, português (Estou no Brasil). Aprendi outras para cantar em todas e escrever com maior facilidade, fui obrigada a isso.
Estava acabando o tempo, eu iria entrar, estou falando com Deus.
-Eu te entrego minha vida, minha história, minhas dores, meus tormentos, minha família, minha carreira. Que seja a tua vontade e não a minha. Eu peço que protega meu irmão.- olhava para cima com as mãos juntas.
Eu tinha passado o som com a garota chamada Eli com quem eu iria cantar. Ela estava ao meu lado me olhando surpresa. Eu também estava, já que aparentemente eu a conhecia, ela estudava comigo.
Eu entrei no palco, coloquei um sorriso no rosto, um de verdade, que só o meu produtor e agente, consegue estragar depois do show. Eu dei as boas vindas.
- Dessa vez, nesse show teremos 3 coisas diferentes e uma delas é a música de abertura, sendo o seu compositor Frei- Falei empolgada.
Sentei no banco que a produção trouxe para mim, o meu vestido era roxo e combinava com o banco que era roxo bem escuro. Eu contava e algumas lágrimas escorriam pelo meu rosto. O meu pensamento na hora era "Espero que não de para ver que eu estou chorando". Eu não escuto a voz do Frei a 6 anos, então o que eu sabia era dos ensaios, um dia pegamos umas músicas dele.
Esse é o vestido🤌👆
Essa é a máscara.
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Nem Tudo é o que perece!
SpiritualAurora tem 19 anos. Ela é cristã, acredita em Deus e é fiel a igreja e a Jesus. Aos 13 anos ela foi sequestrada e levada para outro país. Os sequestradores queriam um novo talento, ao ouvirem uma gravação sua cantando decidiram que era ela. Quem são...