⌞⊹₊0.prólogo 🌊 ⌝

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Meus olhos se negavam a olhar a cara daquela criatura por muito tempo, o vislumbre da sua beleza cegava as percepções humanas. Seus longos cabelos cobriam o corpo esguio, que se encolhia nas brechas. Os fios loiros brilhavam uma luz cósmica e sua pele nua de marfim parecia pintada com uma outra cor, talvez brume?

Na luz da lua, pareciam próximas de escamas, e outras partes se sobressaiam em algo semelhante a barbatanas. Seus dentes são os que mais dão medo: agulhas afiadas que brilhavam com a luz do luar.

Ele me causa desconforto no estômago, seus olhos sem alma viam através da carne.

Aquela coisa talvez fosse uma das criaturas que a guerra trouxe para a visão da massa popular, criaturas tão magníficas que fugiam até mesmo da possibilidade de contos de fadas.

— Quem é você? — contestei, com uma voz um pouco rachada, a criatura que se escorava em uma pedra, sem vergonha alguma de sua nudez praticamente aparente.

Sua resposta veio por meio de algo parecido a um rugido, com a leveza de uma seda e a potência de um míssel. É quase animal, mas não de algum animal que já tenha pisado em terra. O som inunda a mente e ricocheteia na alma, algo magnífico que poderia sair da garganta daquele ser.

Após isso os únicos sons que enchiam o ambiente eram as ondas batendo nas costas da praia, barulhos de engrenagens e alguns gritos e conversas de soldados a uma boa distância. Poderia esperar uma boa resposta, mas, tendo em vista como a maioria desses caras são, não haveria uma resposta fácil saindo das suas bocas impuras.

— Não perguntarei uma terceira vez — por fim, ameacei, apontando o meu rifle bem no centro da sua cabeça. — Quem. É. Você? — disse entre os dentes.

Os olhos da criatura, profundos e astutos, se assemelhavam a pérolas das ostras mais gordas dos mares, aquelas orbes me acusavam e causava um frio na espinha.

Cada ser que aparecia pelas bombas da guerra era tão inacreditável quanto o outro, alguns muito próximos a seres humanos, iguais ao que tenho em vista agora, outros não possuíam uma forma que posso descrever em palavras. Ninguém, ou até onde sei, sabe o que eles são ao certo, muito menos sua importância.

E difícil tentariam saber, a cada exploração vinha um novo refém dos mares que se tornava um artigo luxuoso ou um troféu expositivo de conquistas. Os poucos que não iam para as famosas "Marcações de Ábatos" (em linguagem popular) acabavam sendo bandejas de lunáticos ou experimentos médicos e biólogos.

Não é algo a se orgulhar, mas não deve, em hipótese alguma, remoer sobre essas práticas.

Afinal, nem humanos eles são.

O meu olhar endureceu e o frio pairou entre mim e... Ele? Estávamos a, no máximo, cinco metros de distância, que mais pareciam a Fossa das Marianas. O ser abaixou o seu rosto muito simétrico (causando até mesmo um desconforto a longo prazo), seus belos fios loiros caíram juntos, iguais cascatas.

Parecia que ele entendia, ou fingia, a mensagem que uma arma poderia fazer em sua cabeça. O contato constante entre humanos colocou alguma racionalidade neles.

— Olha, se você não cooperar comigo, terá que falar com os meus superiores, o que, talvez saiba, não será bom. — Suspirei, olhando fixamente para a imagem loira que se encolhia ainda mais no muro de rochas construídas para proteção. Ele parecia esconder alguma parte do seu corpo mais ao fundo, que não dava para ver por conta da sombra.

Inferno, eu só queria sair para tomar um pouco de ar e vejo um desses monstros do oceano. E, pela semelhança humana, até mesmo pode ser um híbrido. O que me intriga é como ele passou pela segurança? Afinal, o mar daqui é protegido deles.

Nada veio como resposta, novamente. Minha arma ainda mirava o seu ponto fraco, mas o braço formigava em rendição. Os músculos não sustentavam o peso frio do metal.

Suspirei e dei um passo a frente, o corpo do outro se escondeu ainda mais como resposta.

— Ok, ok — abaixei a arma para, pelo menos, ter uma conversa civilizada. — Eu só vim aqui p'ra fora p'ra tomar um pouco de ar, entendeu? — Não, provavelmente não — eu preciso que 'cê fale alguma coisa, senão vou ter que atirar. — fiz movimentos com as mãos para que ele, pelo menos, entendesse o óbvio.

E foi essa maldita escolha que fodeu toda a minha noite.

Porque não deu nem dez segundos que eu terminei de falar que a porra do "homem" veio para cima de mim, igual um fleche de luz sendo atirado. Seu corpo ajudava a cortar o ar em sua volta e parecia nadar pelo vento. Abriu espaço entre a gravidade e atingiu bem no meu centro, como um rojão.

Minha vista escureceu, mas eu sabia que ele estava lá. Sentia os seus fios se enrolarem no meu pescoço, o seu cheiro salgado, a pele muito molhada e aquele grunhido no meu ouvido.







E lá vai mais uma ideia de madrugada que não faço ideia de vou finaliza ou levar pra frente. Obrigado pela leitura ⁽⁠⁽⁠ଘ⁠(⁠ ⁠ˊ⁠ᵕ⁠ˋ⁠ ⁠)⁠ଓ⁠⁾⁠⁾

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⏰ Última atualização: 2 days ago ⏰

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