CAPITULO 1

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PRÍON

— Humanos são como uma praga. São patéticos e previsíveis — resmungo encarando um homem com cerca de trinta e poucos anos prestes a saltar para a morte. Suas lágrimas e todo o aparente sofrimento me dá nojo, se pudéssemos interferir nas decisões humanas, eu mesmo já teria o empurrado prédio abaixo.
— Não sente nada por eles? Empatia ou... pena? — Por que sentiria pena de um ser tão desprezível? — é o que respondo a Ezra.
Meu irmão está ao meu lado também observando o humano, mas ao contrário de mim, ele se importa.
— Eles têm uma boa vida, tem livre arbítrio e para eles morrerem é tão fácil...
— Quem te ouve falar assim até pensa que você tem vontade de morrer, irmão. Penso por um instante antes de responder com a verdade, que sim, eu não apenas tenho esse desejo, como gostaria que minha existência fosse completamente aniquilada, mas ao contrário dos seres humanos, não tenho escolha.
Esse é o meu destino, ser um imortal e servir a um ser supremo com total dedicação. Não que o trabalho seja o problema. Não é. É só que... há muito, muito tempo não vejo mais satisfação nisso. Sinto como se minha existência não fizesse diferença alguma, como se eu fosse apenas uma pena voando ao vento.
— Não diga tolices! Por qual motivo eu pensaria nisso?
— Era o que estava me perguntando... — ele diz e eu me recuso a encará-lo, sei que seus olhos vermelhos estão cravados em mim, posso senti-los.
— Seu humano está prestes a cair— cruzo os braços e sorrio quando o infeliz despenca do prédio de doze andares, mas não chega a atingir o chão.
Como esperado, Ezra se joga rapidamente e suas asas se abrem com força assim que ele agarra o sujeito e o leva de volta para o terraço. É isso que o meu irmão faz: Ele salva humanos da morte.
Já eu: eu os levo direto para ela com a garantia de todo o sofrimento que puder lhes causar.
Acho um desperdício tanta energia gasta com seres que não valem a pena, seres que causam destruição e sofrimento uns nos outros e que são capazes de se auto aniquilarem por orgulho e poder. Humanos são a escória desse mundo e eu jamais seria capaz de um ato como o de Ezra. Jamais serei capaz de nutrir qualquer sentimento bom, muito menos sacrificar a minha vida por um deles.

 Jamais serei capaz de nutrir qualquer sentimento bom, muito menos sacrificar a minha vida por um deles

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