Dentro do avião, Sandro ajeitou-se na poltrona ao lado da janela, observando a pista enquanto o avião começava a taxiar. Sentia o peso da despedida, o último olhar de Ricardo ainda fresco em sua mente. Ele sabia que voltaria para casa, mas uma parte de si parecia ter ficado no Rio.
Assim que o avião decolou, o Rio foi ficando pequeno lá embaixo: as praias que visitara com Ricardo, as ruas movimentadas e o mar que tantas vezes servira de cenário para suas conversas e risadas. As lembranças surgiam uma a uma, como flashes que ele não conseguia apagar. Soltou um suspiro pesado, observando as nuvens começarem a encobrir a paisagem.
Em meio ao silêncio do voo, o celular de Sandro vibrou. Surpreso por ainda haver sinal, desbloqueou a tela e viu a notificação: uma mensagem de Ricardo.
"Tá se achando em São Paulo já? Aqui vai ficar um pouco sem graça sem alguém pra provocar."
Sandro não pôde evitar sorrir. Era típico de Ricardo mandar uma mensagem assim, em tom de brincadeira, mas ele sabia que ali havia mais do que as palavras mostravam. A saudade, tão presente, se fazia sentir até em uma simples mensagem.
Com um sorriso triste, respondeu:
"Duvido que consiga ficar sem encher o meu saco por muito tempo, carioca. Tenta aí, mas não prometo que vou esquecer."
O avião seguia seu curso, e Sandro olhou para o céu lá fora, imaginando que Ricardo também estava pensando naquele instante, talvez com o mesmo aperto no peito. A saudade já era inevitável, uma presença constante que ele não sabia quando iria embora.
Ao fundo, o comandante anunciou o início da descida. São Paulo aparecia lá embaixo, envolta em uma leve neblina, a cidade onde ele havia passado a maior parte da vida. Respirou fundo, tentando se preparar para voltar à rotina, mas algo havia mudado. Parte dele estava no Rio, e essa parte ele sabia que jamais conseguiria recuperar.
Ao desembarcar em São Paulo, Sandro sentiu o familiar ar frio e úmido da cidade. O céu nublado e as luzes acinzentadas do aeroporto pareciam um contraste gritante com o calor e o brilho do Rio. Pegou sua bagagem e, já acostumado com a pressa dos paulistanos, seguiu o fluxo até a saída. Mal havia passado pela porta quando foi engolido pelo som dos carros e o movimento incessante das pessoas. Era bom estar em casa, mas ainda assim, a sensação de vazio permanecia.
Logo no táxi a caminho de seu apartamento, o celular vibrou com notificações de amigos de São Paulo, perguntando sobre a viagem e marcando reencontros. Ele respondia com um sorriso, mantendo o tom animado, mas sua mente se distraía facilmente. A cada alerta que aparecia, quase esperava ver o nome de Ricardo, uma mensagem vinda de algum canto do Rio para lembrá-lo de que essa saudade não era apenas coisa de sua cabeça.
Chegando em casa, Sandro largou a mala no quarto e olhou ao redor. Cada detalhe da mobília familiar parecia lembrá-lo de que a vida voltava ao normal. Ele preparou um café, tentando se reconectar com sua rotina e o ritmo paulistano. O primeiro gole, quente e forte, o trouxe de volta, como se estivesse sinalizando que era hora de retomar tudo.
Na manhã seguinte, a correria de São Paulo já estava à sua espera. Voltou ao trabalho, e o dia foi um turbilhão de reuniões, compromissos, prazos apertados. Era bom sentir a produtividade voltando, os projetos avançando, mas sempre havia um intervalo entre uma tarefa e outra em que ele se pegava olhando pela janela, divagando. Não era o mesmo cenário que via ao lado de Ricardo, mas sentia falta de alguém para implicar ou de uma risada no meio da seriedade paulistana.
Com os dias, ele foi retomando o hábito de sair com os amigos de São Paulo, frequentando os bares que tanto gostava, redescobrindo a cidade como se estivesse buscando preencher o vazio que o Rio havia deixado. Ainda assim, em cada esquina, a lembrança do tempo que passou com Ricardo surgia, como um filme que ele revivia em pequenos flashes. Toda piada dos amigos parecia ecoar a forma descontraída de Ricardo, e o sotaque carioca, com suas gírias e brincadeiras, continuava em sua mente.
Naquela noite, quando estava sozinho em casa, depois de um dia longo e cansativo, pegou o celular e rolou as conversas. A última mensagem de Ricardo estava ali, em destaque. Quase digitou algo de volta, uma mensagem qualquer, só para retomar o contato, mas hesitou. Sabia que era melhor deixar o tempo passar, que talvez a rotina o ajudasse a se acostumar com a distância.
Fechou os olhos, com a certeza de que seu coração continuava dividido, parte em São Paulo e parte no Rio.
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Oi gente! Desculpa pela demora (sem ideias de novo...)
Esse capítulo foi criado para mostrar o recomeço de Sandro em São Paulo, voltando à sua rotina depois de uma despedida difícil. É um momento em que ele tenta retomar o ritmo da vida, mas percebe que as lembranças e o impacto de sua conexão com Ricardo ainda estão muito presentes. A ideia é explorar como, mesmo em meio a compromissos e à vida agitada de São Paulo, Sandro sente a falta de alguém que trouxe leveza e alegria aos seus dias.
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"Eu sei que vc me ama" - Pauneiro
FanfictionRicardo sempre provocava Sandro, ciente de que o paulista não apreciava suas brincadeiras. No entanto, com o passar dos dias, Sandro começou a desenvolver um certo gosto pelo jeito desinibido do carioca, embora se esforçasse para esconder isso. Com...