Era véspera de Ano Novo, e a rua estava pura animação. Vizinhos arrastavam caixas de cerveja, crianças soltavam bombinhas (mesmo quando não era permitido), e o cheiro de churrasco se misturava com o som do pagode que tocava no último volume. Não tinha festa chique dessa vez. Era na rua mesmo, com cadeiras de plástico, mesas improvisadas e uma rapaziada cheia de disposição.
Ricardo chegou primeiro, trazendo uma bandeja de carnes, enquanto Sandro vinha logo atrás com uma caixa térmica cheia de gelo e latinhas. Miguel já estava na esquina, ajustando as luzes que piscavam em cima de um poste.
“Ô, Ricardo, segura essa caixa aí, minha mão tá suando mais que tampa de marmita!” Sandro gritou, enquanto equilibrava a térmica.
Ricardo riu e foi ajudar, mas não perdeu a chance de dar uma cantada. “Segurar eu seguro, mas e você, Sandrinho? Será que aguenta o peso do meu amor?”
Sandro revirou os olhos. “Ricardo, tu é o maior mico. E eu sou burro de ainda andar contigo.”
“Burro? Não, você é perfeito. Só falta me dar uma chance.” Ricardo piscou, mas Sandro fingiu que não ouviu.
A rapaziada já estava toda reunida. Miguel, claro, comandava a churrasqueira, enquanto gritava: “Ninguém vai roubar essa picanha aqui, hein! Se pegar sem avisar, vai virar churrasco também!”
Um moleque passou correndo com uma bomba na mão, e Sandro quase teve um treco. “Pelo amor de Deus, alguém tira esse menino daí! Ele vai explodir o isopor junto!”
“Relaxa, Sandrinho, é só o clima do Ano Novo.” Ricardo deu um tapinha no ombro dele. “Agora, vai pegar uma latinha pra gente brindar. Ou você vai ficar todo estressadinho?”
Sandro suspirou e foi até o isopor, mas quando voltou, encontrou Ricardo conversando com duas garotas. Ele já estava na quinta cantada do dia.
“E aí, meninas, vocês acreditam em amor à primeira vista, ou eu tenho que passar de novo?”
As duas começaram a rir, mas antes que Ricardo pudesse dizer mais alguma coisa, Sandro apareceu, entregando a latinha. “Aqui, ô galã de bairro. Para de assustar as meninas e vai assar carne.”
“Poxa, Sandro, tá com ciúmes?” Ricardo perguntou, abrindo a latinha e piscando para ele.
“Ciúmes? Só tô evitando que você seja preso por constrangimento alheio.”
O grupo se reuniu ao redor da churrasqueira para comer e brincar. Miguel levantou um brinde: “À nossa amizade, aos nossos rolês, e ao Sandro, que aguentou o Ricardo esse ano todo!”
A galera explodiu em risadas, enquanto Sandro só conseguia balançar a cabeça, sem acreditar.
O relógio se aproximava da meia-noite, e as ruas ficaram ainda mais agitadas. Fogos começaram a estourar no céu, e todos correram para ver o espetáculo. Sandro estava distraído, olhando para as luzes, quando sentiu um braço passar por cima de seu ombro.
“Feliz Ano Novo, Sandrinho. Espero que esse ano você perceba o homem incrível que tem do seu lado.” Ricardo disse, com um sorriso sincero.
Sandro olhou para ele, tentando segurar o riso. “Ricardo, sabe o que eu percebi? Que o único jeito de começar o ano bem é te ignorando.”
Ricardo fingiu estar ofendido, mas logo abriu um sorriso de lado. “Se é assim que você quer começar o ano...” Ele deu um passo para trás, mas antes que pudesse completar a frase, um estouro de fogos iluminou o céu. A contagem regressiva começou:
“5... 4... 3... 2...”
Sandro, já levemente emocionado pelos fogos (e talvez por algumas latinhas a mais), deu um suspiro antes de puxar Ricardo pela camisa. “Tá, cala a boca um pouco!”
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"Eu sei que vc me ama" - Pauneiro
FanficRicardo sempre provocava Sandro, ciente de que o paulista não apreciava suas brincadeiras. No entanto, com o passar dos dias, Sandro começou a desenvolver um certo gosto pelo jeito desinibido do carioca, embora se esforçasse para esconder isso. Com...