pov's Beatriz
"Eu poderia começar essa história dizendo que não sabia onde tudo isso iria dar, mas seria um tanto quanto mentira da minha parte fazer esse tipo de afirmação sabendo que é uma inverdade. Nós sempre soubemos onde tudo isso iria dar."
No meu trabalho aprendemos desde cedo que manter a descrição de todos os nossos clientes era fundamental, haviam aqueles que obviamente gostavam de falar mais sobre suas vidas pessoais, que gostavam de comentar sobre seus casamentos falidos, sobre suas esposas cansadas, sobre o quanto seus filhos estavam dando trabalho, sobre a falência de suas grandes empresas ou qualquer baboseira assim. Gente rica por mais incrível que pareça tem uma quantidade absurda de coisas pra reclamar, bom isso de acordo com o que eles julgam importante né. Na minha opinião não passavam de futilidades, que usavam pra se ocupar para assim não prestarem atenção no que era realmente horrível em suas vidas: a falta de amor, carinho e caráter que todos tinham entre si. Eles se odiavam e nem faziam questão de esconder isso, mas além de se odiarem eles também nos odiavam.
Tratar garotas de programa como lixo era já algo completamente natural vindo daqueles que frequentavam a Labonet, principalmente quando eram as mulheres mais antigas daquele ramo que estavam presentes ali no salão. Eles não se importavam em mostrar o quanto nos desprezavam, o quanto odiavam e queriam nossos corpos na mesma proporção. mas isso não acontecia quando você era uma carne fresca. Na verdade se você estivesse sendo estreada, eles faziam questão de dar o melhor, te tratavam como rainha e era ali que você se deslumbrava completamente pela vida. No seu primeiro cachê a sensação de poder tomava conta do seu corpo e você dava tudo de si nas próximas vezes, se dedicava para que o valor fosse em dobro, mas o que acontece é que o sexto, sétimo, oitavo cliente da noite você já não tem mais forças. Seu corpo derrete sobre a cama suja, sua alma parece estar sendo arrancada e seu coração aos poucos te passa o alerta de que ele vai parar de funcionar se ousar arrisca-lo novamente. E é ai que você descobre o poder da cocaína, você cheira e se sente uma super heroína, se sente imbatível e pronta pra mais uma, e mais outra e outra e assim você vai até o momento que já nem sente mais o que tem entre as pernas.
O seu corpo pede pausa, sua mente pede descanso mas o dinheiro? A o dinheiro não para de chegar, os clientes entram e saem daquele quarto pequeno e amontoado com a fúria de um urso, alguns mais carinhosos e atenciosos e outros que parecem leões furiosos que te rasgam e te engolem rapidamente como uma sobremesa qualquer que haviam escolhido naquele cardápio aterrorizante. E mais um pouco de dinheiro pinga em sua conta, você se vê dançando mais uma vez ao som de uma musica qualquer que toca naquele recinto, rebolando sem dó afim de trazer mais um cliente para seu quarto, afim de ter mais dinheiro, afim de ter mais poder e isso acontece tantas vezes que você nem consegue mais se dar conta de quanta grana fez em uma noite.
Até que um homem passa pela porta. Eu não sei explicar pra você o que eu senti quando vi ele passando pela porta, fardado com uma roupa completamente preta, emblemas policiais estampados em seus braços, uma tatuagem que aparecia próxima de seu colarinho perfeitamente ajustado, uma pele clara e um rosto bruto com aquele olhar de quem parecia te comer vivo sem talheres. Policiais eram comuns em nosso meio, estar com garotas de programa era um titulo que já acompanha os funcionários da lei há bastante tempo, mas o BOPE não era fácil de se encontrar naquele ambiente. Eles tinham uma fama de serem "certinhos" e andarem como manda a lei, mas pelo visto aquele homem não estava afim de ser bonzinho naquela noite.
Ele cumprimentou alguns homens que também estavam na casa, sorriu para duas garotas que também o cumprimentaram, isso significava que ele não era novo ali mas certamente eu não o conhecia. A Pérgola, dona daquele lugar abriu um sorriso instantaneamente assim que o encontrou no salão, eles se abraçaram falaram algo um no ouvido do outro e ela seguiu a diante com um de seus seguranças enquanto o policial bonitão se dirigiu para uma das meses mais a frente do palco. Tentei conter a euforia que senti ao ver um cliente novo por ali, mesmo sabendo que ele poderia ser só mais um daqueles que nos machucavam e nos humilhavam sem ter nenhum pingo de compaixão por nossos corpos exaustos e doloridos, eu não podia deixar de sentir o cheiro da grana que certamente vinha do bolso preto daquele homem.
— Pode ir tirando seu olhinho viu carninha, você tá fresca mas esse ai não é pro seu bico não! - Disse Rosa, uma das mulheres mais antigas que viviam ali, com um olhar de deboche para mim enquanto eu fumava um cigarro barato apoiada sob o balcão sujo do bar.
— Quem decide o que eu como ou o que eu não posso comer não é você meu amor. E aquele ali tá com cheirinho de prato principal. - Eu ri baixinho retrucando com uma resposta atravessada. O dia já estava cansativo demais pra ficar aturando o deboche da Rosa uma hora daquelas.
O policial bonitão sentou em sua mesa, retirou um pequeno maço de cigarro de um de seus inúmeros bolsos e o acendeu entre seus lábios. Assistia vigorosamente uma das nossas dançarinas rebolando naquele pequeno palco, ao som de uma música qualquer que tocava no ambiente, sorria as vezes e em outras somente assoprava com força a fumaça que saia rapidamente de sua boca.
Ele conferia o relógio, como se estivesse com pressa ou esperando algo, talvez alguém. Eu não entendia exatamente os sinais, achei que pudesse estar esperando a garota que estava dançando para si descer e o acompanhar até um dos quartos, me enganei.O sinal do alarme tocou, indicando a troca de turno entre as dançarinas, não vou mentir eu estava exausta, mas também depois de quase 16 horas trabalhadas era impossível de eu não estar. A parte boa era que eu estava linda, limpa e mais cheirosa do que normalmente, e no momento certo de fisgar o policial que ainda estava ali assistindo toda apresentação.
Apaguei o cigarro que estava aceso em minhas mãos, sorrindo para rosa e bebendo o restinho do Martini que ainda estava em minha taça. Segui para o palco sem medo algum, em meu âmago só havia o nervosismo e a vontade de conseguir o que queria, esse sempre foi o meu forte, determinação.
Mais do que nunca, subi naquele lugar com determinação. Eu o queria, não só pela beleza obviamente, mas porque com certeza ele tinha uma grana preta e eu estava precisando MUITO de dinheiro.
Então lá fui eu, rebolando afinco ao som de The Weekend, sorrindo e fazendo contato visual com alguns homens no ambiente antes de fixar o olhar naquele que eu realmente queria. Me despindo com cuidado, ia me exibindo lentamente enquanto observava todos os olhares concentrados em mim, essa era uma parte excelente em ser uma garota de programa, a atenção daqueles homens era inebriante fazia meu coração pulsar mais forte.Tentava as vezes não me deixar levar pela emoção, mas aquele homem não me permitia agir pela razão. Ele sussurrava no ouvido de um de seus colegas de profissão, vez ou outra sorria pra mim enquanto aplaudia um pouco. Era encantadora a forma que ele me assistia, como se estivesse frente a frente com uma bela estátua que habitava o Louvre, ou talvez como um paraíso tropical ensolarado nas terras Caribenhas, seus olhos acompanhavam com destreza cada movimento meu, como se estivesse sendo hipnotizado tal qual as cobras são pelos sons que seus donos produzem.
Seu corpo ajustado perfeitamente naquela cadeira, vez ou outra trocando de posição para que pudesse me olhar com mais facilidade me enlouquecia.
Eu já havia perdido a razão, estava visivelmente dançando pra ele, todos percebiam. Mas a verdade é que eu já nem me importava mais em fingir.Foi então que ele chamou Pérgola.
Sussurrou algo no ouvido da cafetina, apontando seu indicador para mim e sorrindo, a mulher mais velha assentiu e disse um "Tem certeza?" que eu consegui por um milagre ler em seus lábios. Ele balançou a cabeça em um sinal de concordância, cruzando os braços e as pernas enquanto me assistia.— Você é minha hoje. -Ele disse sibilando enquanto eu lia seus lábios levemente avermelhados.
A felicidade me invadiu.
Eu avisei Rosa, quem decide o que eu como ou não, sou somente eu.———————————————————
Oioi! Finalmente "Eu sou a lei" está de volta!!!! Uhuuuul!
Com uma nova história, com novos personagens PORÉM ainda excelente.
Quero trazer algo de qualidade pra vocês e principalmente algo que eu me identifique ao escrever e esse capítulo sem dúvida nenhuma ficou maravilhoso e me satisfaz saber que isso tudo veio de um momento muito bom pra mim.Eu espero que assim como eu vocês também tenham gostado! Agora para o próximo capítulo vamos estabelecer uma meta de votos okay? 30 votos e eu solto ele ainda essa semana!
Estou torcendo para que vocês consigam bater nossa meta! Caso queiram fofocar ou interagir comigo sobre o universo de Eu sou a lei, fiquem a vontade para me seguir lá no Instagram: @itannamay
Vai ser um prazer ter você por lá!ILY, BEIJOS DA TIA MAY! 💗
VOCÊ ESTÁ LENDO
EU SOU A LEI! | CAPITÃO NASCIMENTO 🔞
FanfictionRoberto Nascimento, o tenente coronel do batalhão de operações especiais com uma mulher da rua? Ninguém diria que isso é uma novidade, mas muitos se assustariam se soubessem o quanto ele havia se envolvido na teia de sedução que aquela mulher havia...