Eu faria o que pudesse fazer,
Eu correria e me esconderia com você
Eu sei que você tem problemas com o papai,
E eu também.Daddy Issues — The Neighbournhood
Santa Monica
Califórnia6 anos atrás...
Daven Fountaine
O cheiro de café fresco sobe pelo meu nariz. Alice senta à mesa enquanto termino de assar as panquecas e as coloco no prato, enquanto ela termina de nos servir o café. Hoje minha mãe saiu para um "compromisso, não nos disse onde, só espero que não se encontre com Nicollas para tratar de assuntos que ele nunca deu a mínima, e nessa eles sempre voltam a se "acertarem".
Meu genitor deixou minha mãe há anos, Lice ainda era pequena. Antes disso, eles viviam num relacionamento tóxico. Levei minha primeira surra aos cinco. E aí veio Alice. Nunca o deixei encostar um dedo sequer nos meus olhinhos azuis. A segunda surra foi aos oito, e depois eu perdi as contas. Nicollas sempre foi miserável em relação aos "filhos". Minha família nunca passou necessidade, ao contrário, sempre tínhamos dinheiro. Porém, Nicollas gastava tudo que minha mãe recebia com bebidas caras, farras e até mesmo apostas em corridas ilegais. Lembro-me das noites em que minha mãe passava em claro, sozinha no quarto, tentando esconder a dor e a frustração que era viver ao lado dele. Eu via Alice sempre confusa e inocente, sempre tentava passar conforto para ela. Cada vez que Nicollas chegava em casa bêbado, o medo tomava conta de nós. Eu sabia que precisava proteger Alice, mesmo que isso significasse enfrentar a ira dele. Depois que as traições começaram, eu me rebelei contra ele, mas minha mãe não o largava. Maldita dependência emocional, seu corpo não consegue ficar distante, seu coração tem vida própria, enquanto seus ouvidos já não ouvem mais palavras amargas e sua mente insiste que não é o certo.
Minha mãe foi dependente dele por anos, até o dia em que fizeram as pazes mais uma vez, e ele tentou bater em Alice como fazia comigo. Esse foi o primeiro dia em que revidei. Soquei seu rosto até ficar ensanguentado, ele mal conseguia levantar quando terminei. Tinha acabado de fazer dezesseis, quando ele voltou para casa exigindo mais dinheiro, porque, segundo ele, o que o velho lhe deu não era o suficiente. Depois das "pazes", o verme estava tão chapado que quis encostar suas mãos sujas na pequena Alice. Eu teria o matado se o fizesse. Não tinha uma arma naquela época, mas hoje isso não é problema para mim.
Alice fala, me tirando dos pensamentos:
— Está tudo bem, maninho? — pergunta, com um tom de preocupação.
— Sim, acho que traguei demais ontem — minto.
Não que eu não tenha fumado ontem, mas não dou a mínima para isso.
— Já te falei que cigarros não fazem bem. — ela me repreende, cruzando os braços.
— Como se eu me importasse. — desdenho, me escorando no balcão.
Alice revira os olhos e sai da mesa. Nem percebi que terminou seu café antes de mim. Estou perdendo tempo pensando naquele verme. Só espero que Josie tenha mais consciência dessa vez e não traga aquele lixo de volta. Não para sair no dia seguinte como uma puta barata de esquina. Termino o café, pego as chaves e vou em direção à garagem. Em seguida, subo na moto, admirando-a. Franzo o cenho ao notar o tanque quase vazio. Eu não me lembro de ter pilotado esse final de semana. Ao contrário, fiquei fora os dois finais de semana. Olho o painel, raciocinando um pouco.
VOCÊ ESTÁ LENDO
𝐍𝐈𝐆𝐇𝐓𝐒 𝐈𝐍 𝑯𝑬𝑳𝑳 | 𝑫𝑨𝑹𝑲 𝑹𝑶𝑴𝑨𝑵𝑪𝑬
RomanceDelilah foi adotada pela família González aos cinco anos. Cresceu como uma garota corajosa e espirituosa, sempre pronta para defender-se com seu humor afiado. Sua alegria e energia eram contagiosas, especialmente quando estava com sua melhor amiga A...