𝐍𝗈𝗌𝗌𝗈 𝘦𝘪𝘦𝘯 𝘯𝘰 𝘢𝘪.

Prólogo.

A claridade da Lua adentrava pela grande janela e pairava sobre eles, cobrindo-os como se fosse um fino véu igualmente aos representados nas tão belas esculturas antigas; porém, aquilo não escondia a vergonha que faziam de cara para ela, o astro, sua única testemunha. Sasuke já não se lembrara mais em que momento ele e seu marido haviam escapado da própria festa de recém-casados; esta que passaram tanto tempo planejando, iriam acabar por mal aproveitar — bem, na verdade, aproveitariam de seu jeito. As mãos firmes descorriam em sua derme clara num toque quase desesperado, buscando por um alívio — ou, apenas um pouco mais — do calor e eletricidade que subiam pelos corpos. Enquanto isso, o moreno ainda permanecia perdido, mas, ainda assim não deixava de pensar em como os convidados com certeza procuravam pelos dois noivos perdidos. Por outro lado, Naruto ao menos parecia se importar com os demais ou toda aquela baderna e música alta presentes do lado de fora, atacando-lhe a região do pescoço enquanto, num ato habilidoso, utilizava da destra para retirar o restante das roupas que usavam.
Ainda há uma coisa que vale lembrar, algo que todo casal possui um como bichinho de estimação; o amigo empata foda. Quando menos esperavam, fortes batidas passaram a ser deferidas na grande porta de material amadeirado, o ato era realizado com certa força justamente pela barulheira que preenchia cada canto do local, quem quer que estivesse ao lado de fora, teria de ser brusco caso quisesse ser ouvido. De primeiro momento, o Uchiha tentou avisar o rapaz que, nitidamente, tinha ignorado-o, apenas deixando de lado qualquer coisa que fosse atrapalhar. Mas, a pessoa insistia cada vez mais, como se tivesse certeza de que os dois estariam ali, fazendo não só o moreno empurrar o noivo, como também passar a ajeitar suas vestes.
O Uzumaki se afastou, irritado, indo em direção a porta. Escorregou os dedos pela maçaneta, girando-a e encarando a figura menor a sua frente assim que a porta foi aberta.

— Eu agradeceria se ao menos no dia do meu casamento, você me desse um pouco de paz. — O loiro brincou, ainda havendo certa tonalidade de acidez devido a sua irritação.

— Que eu saiba, tem diferença entre festa de casamento e lua de mel. Saiam daí! As pessoas estão procurando por vocês. Nem jantaram ainda e já pensam logo em transar?! Vão ter muito tempo pra isso, idiotas. — A rosada revirou os olhos, logo direcionando-os para dentro do cômodo, em busca do outro Uchiha. — Vou esperar vocês lá no saguão, vê se não demora! — O barulho dos saltos fazia-se quase inaudível devido ao som alto, tornando-se mudo assim que Sakura sumiu pelos corredores do grande edifício. Naruto apenas revirou os olhos, fechando a porta.

O local consistia num hotel; havia sido completamente reservado pelos pais de Sasuke apenas para a celebração daquele grande dia. O ambiente era enorme, contando com áreas de lazer, jogos, bares, restaurantes e entre outros pequenos estabelecimentos que podiam ser encontrados em seus arredores, também dentro.

O loiro virou-se, pousando as iris azuladas em seu companheiro que, tentava de todas as formas arrumar a gola de sua camisa de um jeito que pudesse cobrir as marcas recém feitas em seu pescoço. Em passos lentos foi se aproximando cada vez mais, auxiliando-o no "disfarce" assim que próximo o suficiente. Sasuke fixou os olhos sobre ele, mantendo-os semicerrados.

— Eu avisei pra você que não teríamos como fazer qualquer coisa agora, mas você insiste em ser teimoso. — Se afastava enquanto procurava pelos sapatos e celular, jogados em algum canto assim que entraram no cômodo. — Se arrume logo antes que ela venha bater aqui, de novo.

— Não é culpa minha se estamos em um hotel gigantesco, é óbvio que o ambiente era convidativo! Qual o sentido de ter tantos quartos e não usar nenhum deles? — Indagou enquanto tentava dar o nó em sua própria gravata, falhando miseravelmente. Mostrou-a para o outro num pedido direto de ajuda, sorrindo ao vê-lo se aproximar. — Ainda farei questão de usar todos eles. — Sorriu ladino, descendo sua palma pelas costas do marido.