A garota da praia. - Chaesoo.

5.

Minha vida parecia um turbilhão. Desde que acordei daquele coma, minha mente vagava entre sonhos que pareciam mais reais do que minha própria existência. Jisoo... sua presença ainda ardia dentro de mim, como uma chama que se recusava a apagar. Mas agora eu sabia que ela era apenas fruto da minha imaginação. Ou assim eu pensava.

Voltei para minha rotina no trabalho, tentando esquecer o vazio que aquela fantasia tinha deixado. Minha empresa estava crescendo, e eu precisava de uma executiva à altura para assumir um novo projeto. Depois de semanas de entrevistas, o dia da última candidata finalmente chegou.

Quando a porta da sala se abriu, senti o mundo parar.

Lá estava ela.

Jisoo.

Os mesmos olhos, o mesmo sorriso que tanto me desarmaram naquele sonho. Eu não sabia se era um delírio, mas antes que eu pudesse reagir, ela falou com a voz embargada:
- Finalmente te achei, meu amor.

Fiquei estática. Minhas mãos tremeram, minha respiração falhou.
- O quê...? Jisoo? Mas... como...? Isso não é possível. Você... você não existe. Você estava no meu coma. Você morreu nos meus braços!

Ela deu um passo à frente, os olhos cheios de emoção.
- Rose, você precisa me ouvir. Nada do que você viveu naquele "coma" foi um acaso. Eu estava lá, mas não como você pensa.

Minha cabeça latejava.
- Isso não faz sentido. Como pode estar aqui agora? Você era só uma projeção da minha mente!

Jisoo segurou minha mão, seu toque quente como eu lembrava.
- Não, Rose. Eu sou real. Sempre fui. Tudo foi... uma armação.

Eu recuei, confusa.
- Armação? Do que você está falando?

- Sua mãe - ela disse, os olhos cheios de uma mistura de dor e determinação. - Ela odiava o fato de estarmos juntas. Desde o começo, ela fez de tudo para nos separar. Quando descobriu sobre nosso relacionamento, ela armou para me afastar de você. Fui obrigada a desaparecer, Rose. Mas eu nunca desisti de te encontrar.

Minha cabeça girava. As lembranças daquele "sonho" se misturavam com as palavras dela.
- Então, tudo aquilo... a praia, seu sorriso, sua doença terminal... tudo era uma mentira?

Ela balançou a cabeça.
- Não foi mentira, mas foi manipulado. Sua mãe contratou uma equipe médica para te induzir a um estado de coma, onde controlaram suas memórias e sentimentos. Eles usaram minhas características para criar a figura de uma Jisoo doente, alguém que você fosse capaz de deixar ir. Ela queria que você me esquecesse.

Lágrimas correram pelo meu rosto.
- Por quê? Por que ela faria isso comigo?

Jisoo se aproximou, tocando meu rosto com cuidado.
- Porque ela queria controlar sua vida. Queria garantir que você seguisse o caminho que ela planejou. Mas eu nunca deixei de te procurar. Passei anos tentando descobrir onde você estava. E agora, estou aqui.

Olhei para ela, o coração dividido entre dor e esperança.
- E o que você quer de mim agora?

Ela sorriu, aquele sorriso que sempre iluminava meus dias.
- Quero você, Rose. Quero que a gente recupere o tempo perdido. Quero que a gente construa a vida que nos foi roubada.

Respirei fundo, tentando organizar meus pensamentos. O peso de tudo o que ouvi parecia insuportável, mas a presença dela ao meu lado tornava tudo suportável.

- Jisoo... - comecei, a voz trêmula. - Eu ainda te amo. Sempre amei.

Ela me puxou para um abraço, e naquele momento, nada mais importava. Não minha mãe, não os anos perdidos, nem as mentiras. Só nós duas.