Duda está rindo da minha cara há cinco minutos, mas, para mim, parece uma eternidade. Ela se dobra de tanto rir, enquanto eu cruzo os braços, tentando não me irritar. Sinto meu rosto esquentar, uma onda de vergonha subindo pelo meu pescoço.
- Não tem graça, Eduarda - falo, tentando manter a calma, mas a minha voz sai mais tensa do que eu gostaria.
- Claro que tem! - Ela enxuga uma lágrima que escorre pelo canto do olho, sem conseguir parar de rir. - Você é a única que não tá vendo. Qual é, Luiza, eu te fiz um favor!
Eu respiro fundo, tentando manter o controle, mas a irritação transborda.
- Você não fez porcaria nenhuma! - falo, em tom acusador, sentindo o calor no rosto aumentar.
Duda, ainda rindo, pega meu celular de novo, examinando a tela com um olhar sério, como se fosse uma detetive. Ela finge não perceber minha expressão desconfortável, mas eu sei que ela está se divertindo com isso.
- Pelo conteúdo dessas mensagens... - ela diz, analisando a tela com um ar de quem está desvendando um grande mistério. - Eu diria que ela te quer. Com certeza, ela te quer.
Tento pegar o celular de volta, mas hesito. Eu deveria negar, deveria dizer que Duda está completamente errada. Mas não estou tão certa assim, e isso me deixa ainda mais desconfortável.
- É só mais um dos joguinhos dela - murmuro, olhando para longe, tentando me convencer de que é só isso.
Duda me encara com aquele sorriso malicioso, seu olhar desafiador. Levanta as sobrancelhas e me olha como se soubesse exatamente o que estou sentindo.
- Vai dizer que você não pensou nisso em nenhum momento? - Ela provoca, e eu sinto a pressão aumentar dentro de mim. O sorriso dela só aumenta enquanto me observa, como se estivesse esperando minha reação. - Deixa essa mágoa da Luiza de 14 anos de lado e faz o que a Luiza de 18 quer. Prova aquela deusa de olhos claros.
Sinto meu rosto corar instantaneamente, uma onda quente e desconfortável se espalhando pelo meu corpo. Algo dentro de mim se agita, como se estivesse prestes a ser liberado. A ideia de ceder, de ver o que há por trás de tudo isso, mexe comigo de uma maneira que eu nunca imaginei.
Duda percebe e, com um olhar astuto, sabe que a provocação deu certo. Ela não sai do meu campo de visão, me fazendo sentir a pressão das suas palavras, como se já soubesse o que vai acontecer.
- Eu... não sei - digo, um pouco trêmula, tentando esconder o que estou realmente sentindo. Mas minha voz falha, e eu não consigo desviar o olhar.
Duda ri baixinho, um som leve, quase como uma vitória.
- Não sabe? - Ela brinca, seu tom desafiador preenchendo o espaço. - Então pensa nisso, amiga. Porque ela com certeza já pensou.
Duda suspira, parecendo genuinamente arrependida, e com um olhar mais sério, pede desculpas por ter se esquecido de mim ontem. Eu reviro os olhos, mas no fundo, sei que não consigo ficar brava com minha melhor amiga. Ela é impossível de ignorar, especialmente quando ela está com esse sorriso torto, misturado com um toque de culpa. Mas sei que, por mais que tente, nunca vou conseguir me manter irritada com ela por muito tempo.
Mas, como sempre, a curiosidade me devora. Não posso evitar. Meus olhos se estreitam ligeiramente enquanto observo Duda, tentando ler o que ela está pensando. A energia dela mudou, e eu sei que tem algo mais acontecendo, algo que ela está tentando esconder, mas não consegue disfarçar por muito tempo.
E então, ela finalmente se ajeita, abrindo aquele sorriso largo que só vejo quando ela está realmente empolgada com alguma coisa. Ou com alguém.
- Então... - começo, o sorriso no canto dos meus lábios entregando minha curiosidade. - Vai me contar ou eu vou ter que arrancar essa informação de você?
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Atrávez da minha janela (VALU)
FanfictionLuiza vive um amor platônico por sua vizinha Valentina desde que se mudou para a casa ao lado. Mas Valentina sempre a ignorou.Apesar de ter uma vista privilegiada do quarto de Valentina, não é o suficiente para Luiza e ela acaba desistindo de...