No dia seguinte, minha mãe me levou para a escola. O silêncio no carro era interrompido apenas pelo som suave da rádio, que ela provavelmente havia ligado para tornar o ambiente menos tenso. Mas minha mente estava longe dali. Eu não conseguia parar de pensar no que aconteceu com Valentina ontem. A frieza dela, o jeito como agiu como se nada tivesse acontecido entre nós, me perturbava. Eu esperava ao menos uma mensagem, uma palavra... Mas nada. Era como se eu não fosse nada para ela.
Quando o carro parou no portão da escola, minha mãe me lançou um olhar preocupado antes de quebrar o silêncio:
— Está tudo bem?Eu assenti, tentando forçar um sorriso que nem eu mesma acreditei.
— Estou bem mãe.
Saí do carro e caminhei em direção à entrada. Assim que passei pelos portões. O pátio estava lotado, como sempre, e, no meio do caos, avistei Duda. Ela sorriu de longe, como fazia todas as manhãs, e eu não pude evitar sorrir de volta.
Mas então meus olhos encontraram Valentina. Ela estava do outro lado do pátio, cercada por alguns amigos, mas parecia distante, alheia ao que acontecia ao redor. Por um instante, nossos olhares se cruzaram. Meu coração apertou. Mas ela desviou o olhar sem hesitar, como se eu não estivesse ali.Engoli em seco e continuei andando, tentando empurrar a sensação de vazio para o fundo da mente. Duda acenava para mim, e eu sabia que, pelo menos com ela, poderia desabafar. Mas antes que eu chegasse até ela, ouvi uma voz alta e familiar:
— Luiza!
Meu corpo congelou, reconhecendo imediatamente a voz. Antes que pudesse reagir, senti um impacto. Braços se enroscaram ao meu pescoço, e pernas envolveram minha cintura.— Bom dia, minha preferida! — Carol gritou, rindo alto, como se não houvesse mais ninguém no pátio.
— Carol! — gemi, tentando não cair enquanto ela ria. — Você vai me derrubar!
— Jamais! — ela respondeu, finalmente soltando as pernas e voltando ao chão, mas mantendo os braços ao meu redor.
Carol, minha outra melhor amiga, tinha o dom de transformar qualquer momento em um espetáculo. Era impossível ignorá-la, mesmo quando eu queria.— Você tá me esmagando! — reclamei, rindo, enquanto ela me apertava mais uma vez antes de finalmente me soltar.
— Estava com saudade! — disse com aquele sorriso travesso que sempre me fazia rir.
Olhei para ela, tentando disfarçar o peso que ainda sentia por causa de Valentina. Mas, como sempre, Carol parecia perceber.
— O que foi? — perguntou, estreitando os olhos.
— Nada. — Tentei parecer casual, mas ela cruzou os braços, claramente cética.
— Sei. Tá bom. Eu te dou até o almoço pra me contar o que tá pegando.
Antes que eu pudesse rebater, Duda apareceu com uma garrafa de água na mão e uma expressão divertida ao ver Carol no meio do pátio.
— Você não cansa de causar, né? — brincou Duda, revirando os olhos.
— Claro que não! Causar é meu propósito de vida — Carol respondeu, jogando os cabelos com uma pose exagerada.
Foi quando Duda arregalou os olhos, surpresa.
— Meu Deus, você tá platinada! — exclamou, boquiaberta.
Carol sorriu, jogando os cabelos recém-descoloridos de lado com a confiança de quem sabe que está arrasando.— Gostaram?
— Eu adorei! — Duda respondeu, visivelmente empolgada. — Tá parecendo uma estrela do K-pop.
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Atrávez da minha janela (VALU)
FanfictionLuiza vive um amor platônico por sua vizinha Valentina desde que se mudou para a casa ao lado. Mas Valentina sempre a ignorou.Apesar de ter uma vista privilegiada do quarto de Valentina, não é o suficiente para Luiza e ela acaba desistindo de...