Pete soltou um longo suspiro ao sentar-se na cadeira de seu pequeno quarto que ficava nos fundos da boate onde trabalhava, massageava os pés vermelhos por causa da bota de salto alto que havia usado a noite inteira. Foi até o frigobar e pegou o pedaço de torta de chocolate que havia comprado na cafeteria que trabalhava de meio período, pegou a pequena velinha e enfiou no centro do bolo, fechou os olhos, fez um pedido e assoprou.
— Feliz Aniversário, Pete. — ele disse para si mesmo com um ar levemente melancólico. Hoje ele completava 21 anos, e há quatro anos havia saído do orfanato e chamado o lugar em que mora de “lar”.
Tudo passava nitidamente pela sua cabeça, quando nesse mesmo dia, há quatro anos, a supervisora do orfanato o havia apresentado a Ray, dono da boate que trabalha atualmente. Pete se sentia amedrontado, ia sair do lugar em que havia passado toda a sua vida, e ser entregue a um homem desconhecido com a promessa de que ele lhe ajudaria a encontrar um rumo na vida. E de fato ele ajudou, Pete o ajudava na contabilidade da boate, em troca de um lugar para morar e uma ajuda financeira para sobreviver, enquanto não conseguia um trabalho. Diante do trabalho extremamente organizado que o rapaz fez nos primeiros meses que chegou, Ray o contratou para ser seu assistente administrativo, e esse foi o ponto de partida para que Pete fizesse o vestibular e conseguisse a bolsa integral no curso de administração. Conseguiu uma vaga no final daquele mesmo ano.
Logo quando começou a frequentar a boate junto com Ray, percebeu que não era uma boate como as outras, e muito menos o público que ia era um público comum. A boate era uma casa noturna show bar, onde os funcionários dançavam e praticavam pole dance, mas além disso, havia um momento da noite em que alguns clientes também faziam demonstrações do que Pete saberia não muito tempo depois se chamar de BDSM. Lá seria um local seguro em que eles poderiam ser livres para agir de um modo que a sociedade normalmente julga. Pete nunca tinha visto de perto essas apresentações por trabalhar durante o dia, até que um dia três funcionários faltaram, e ele teve que substituir um dos garçons.
Pete ficou extremamente curioso com o que havia visto por lá, para fazer o que estavam fazendo era preciso muita parceria e confiança entre os parceiros, e isso o fascinou.
— Tá gostando do que vê Petty? — disse Ray ao se aproximar enquanto Pete acendia um cigarro em seus 10 minutos de intervalo sem tirar os olhos da demonstração de um casal no palco.
— É… diferente. Qualquer um pode fazer?
— Sim e não. — Ray disse. — Qualquer um pode fazer, mas tudo antes precisa ser acordado entre as partes. É uma relação um pouco diferente das normais, o controle de um sobre o outro é maior.
— É… deu pra notar. — Pete deu um trago longo no cigarro tentando esconder que corou ao ver o homem que estava em pé em cima do palco chicotear o que estava acorrentado pelas mãos e pés numa espécie de apoio em formato de X.
— Você gostaria de tentar?
— Eu posso? — Pete perguntou, se sentindo eufórico soprando a fumaça para cima. Ele já havia percebido que era um pouco diferente dos outros garotos, além de ser gay, gostava que o pegassem com um pouco mais de força. Teve poucas experiências amorosas ainda quando morava no orfanato e uma delas foi com um garoto que passou apenas dois meses lá antes de ser transferido. Foi com ele que Pete teve seus primeiros contatos mais sexuais, com alguns carinhos mais explícitos e beijos em locais novos. Foi com ele também que Pete percebeu seus hábitos fora do comum, o rapaz gostava de morder e beliscar Pete enquanto estavam juntos, adorava ver as marcas roxas que deixava em seu corpo. Pete também gostava de ser marcado assim, mas antes de chegarem nos finalmente o rapaz foi transferido. Agora vendo que existiam relacionamentos com práticas parecidas, despertou a curiosidade de como seria e se pertencia àquele mundo.

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Strings
FanfictionSinopse: Pete é um jovem de 21 anos que carrega cicatrizes invisíveis de uma vida inteira de abandono e abuso. Órfão desde cedo, ele cresceu em um orfanato e, ao sair, encontrou abrigo nos fundos de um bar especializado em apresentações de BDSM. Lá...