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Now

Amélie's point of view

As portas da mansão abriram com um rangido suave, eu ainda guardava uma sensação familiar delas, passei com o coração apertado, as memórias antigas me assaltando como fantasmas do passado. Evitei esse lugar por anos, mas agora não havia mais volta.

Celestina apareceu na minha frente, e seu sorriso caloroso foi o primeiro raio de luz naquela casa sombria. Ela estava mais velha, claro, mas seus olhos ainda carregavam a mesma suavidade, o mesmo brilho acolhedor. As rugas em seu rosto, agora mais evidentes, pareciam contar histórias de um tempo que o mundo havia esquecido. Mesmo assim, ao vê-la ali, a sensação de lar nunca deixou de existir.

- Minha Mel! Como você cresceu! Senti tantas saudades... - Ela me envolveu em um abraço apertado, o tipo de abraço que só ela sabia dar, acolhedor e repleto de carinho. Um abraço que, mesmo depois de tanto tempo, ainda era capaz de me fazer sentir segura, como se o mundo lá fora não existisse.

- Eu também senti sua falta, dona Cê! - Respondi, sorrindo com o coração mais leve, enquanto as malas caíam no chão sem que eu percebesse. Meu foco estava nela, na presença dela, como se nada mais importasse no momento.

Ela se afastou um pouco, estudando meu rosto com uma expressão que mesclava alívio e nostalgia, como se estivesse vendo uma parte perdida de sua vida voltar para casa.

- Venha, vou te levar para o seu quarto. Temos tanto o que conversar, minha querida.

Eu sorri, sentindo um misto de saudade e alívio, concordei com a cabeça, seguindo Celestina pelos corredores da mansão. Cada passo que eu dava me levava de volta ao passado, mas algo estava diferente. A casa parecia a mesma, as mesmas paredes de sempre, a mesma estrutura que, por tantos anos, guardei em minha memória como um refúgio. No entanto, havia uma sensação de renovação no ar, uma transformação sutil, mas palpável. As paredes, que antes estavam tingidas de cores mais suaves, agora ostentavam tons mais intensos e vibrantes, como se tivessem sido repintadas para relembrar uma nova era. Os tapetes, que antes pareciam gastos pelo tempo, agora estava mais vívido, dando ao ambiente uma sensação de frescor, de que o lugar ainda tinha vida.

Enquanto caminhávamos pelos corredores, meus olhos se perderam nas fotografias antigas penduradas nas paredes. Momentos congelados no tempo, rostos sorrindo de uma época distante. Cada imagem parecia me observar com uma intensidade silenciosa, como se estivesse prestes a me contar algo que ainda não estava pronta para ouvir. Porém, foi ao passar em frente ao escritório de meu pai que o peso do passado se fez presente de maneira avassaladora.

O aperto no peito foi imediato, como se a própria sala estivesse me prendendo com os fantasmas das lembranças. O nó na minha garganta se formou com uma força que me deixou sem palavras, e por um breve momento, o ar pareceu pesado demais para respirar. Eu queria olhar para dentro daquele escritório, mas algo me impediu. O cheiro do lugar, os móveis antigos, a cadeira de couro que ele sempre usava... Tudo ainda devia estar ali.

Celestina, que provavelmente percebeu a mudança em minha postura, parou e se voltou para mim. Ela colocou a mão suavemente sobre meu rosto, um gesto que refletia uma calma maternal, como se, de alguma forma, ela tivesse entendido a dor silenciosa que eu carregava. Seus olhos, cheios de sabedoria e carinho, me transmitiram uma sensação de compreensão silenciosa, e sua voz, suave como uma brisa, sussurrou com cuidado:

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⏰ Última atualização: 4 days ago ⏰

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