Meu pai anda pelo nosso apartamento como se fosse dono do lugar. Prem o estuda com cuidado.
— A imortalidade lhe cai muito bem, meu sweet Prem.
Meu pai puxa o ''sweet'' um pouco demais, deixando a palavra puxada e melodiosa. Prem não responde, agarrando meu braço de forma automática.
— E então? Tem um vampiro novo na cidade, e está chamando muita atenção, meus caros.
Meu pai parece tranquilo, como se aquilo fosse um mero problema banal em que poderia ser consertado em um passe de mágica.
— Não sabemos ainda se ele é um vampiro ou a mistura de um vampiro e outra coisa.
— Então vocês o viram? — Ele pergunta, intrigado.
Ele se senta de frente para nós, e seu corpo se curva para frente, para nos ouvir melhor. Vejo o medo passar por seus olhos mas que logo é mascarado pelo seu sorriso afiado e ameaçador.
— Nós o seguimos até a fronteira mas ele fugiu. — Diz Prem. — O senhor não saberia nada relacionado a isso, não é?
Meu pai volta o olhar para Prem, que sorri inocente.
— Não seja bobo, Prem. Meu pai já teria feito alguma coisa se ele soubesse de algo, não é pai?
Ele sabe que nós dois estamos o desafiando. Ele volta o olhar para mim, e se recosta no sofá. Seus lábios se repuxam em um sorriso e ele faz uma pausa antes de responder.
— Mas é claro. — Ele diz calmamente.
Seu olhar se torna sério e ele se levanta.
— Prem é um recém-criado, não é?
— Não, já faz algum tempo desde que me transformei. — Prem solta uma risada nasalada. — Não sei se eu ainda deveria ser considerado um recém criado.
— Meu jovem, eu decido o que devemos considerar ou não. Eu sei o quanto deve ser difícil viver... — Ele para, voltando o olhar para mim. — Pelas regras do meu filho. O sangue direto da fonte é um tipo de freguesia, quando começamos, não conseguimos parar.
— Então veio até aqui para nos acusar. — Eu digo, sem rodeios.
— Limpem essa bagunça, ou haverá consequências.
— Consequências tipo você nos matando? — Pergunta Prem.
Meu pai sorri, apoiando as duas mãos em sua bengala. No topo da bengala há agora uma cabeça de cobra com os olhos de rubi, que nos encara de forma ameaçadora.
— A morte é tranquila para os vampiros mas, sermos descobertos seria o inferno na terra e eu sei que vocês pensam em mim como o próprio demônio.
Prem sorri e balança a cabeça.
— Já conheci alguém pior que você e eu o chamava de pai.
— Me comparando à um humano? — Meu pai cospe no chão. — Não seja ridículo.
— Ok. — Eu acabo intervindo. — Se encontrarmos o culpado, e provarmos nossa inocência, você nos deixaria em paz?
Meu pai olha de Prem para mim.
— Tem a minha palavra.
Não sei se eu podia acreditar no meu pai mas, se a sua palavra era no que podíamos confiar, era naquilo que iríamos nos segurar para provar nossa inocência.
***
Meu pai desaparece da mesma forma em que surgiu, de forma fria e silenciosa. Prem está tenso e eu também.
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Fake blood - Um capítulo especial da duologia "Sweet blood" • BounPrem
FanfictionO que os vampiros fazem na noite de halloween? Boun Guntachai e Prem Space estão casados e ambos dando aula na faculdade. Os dois decidem se mudar para a Itália, e respirar novos ares decididos a esquecer dos incidentes do passado. Na semana do Hall...