A Rainha da Bagunça Chegou

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Era uma noite qualquer em La Push. O tipo de noite que Paul Lahote costumava odiar. A floresta estava úmida, o ar cheirava a pinho molhado, e seus pés descalços esmagavam folhas pelo caminho enquanto ele patrulhava a fronteira do território da matilha. Mais um turno tedioso na sua rotina de lobisomem, porque o que ele realmente queria era estar na praia, flertando com qualquer garota disposta a cair no charme mal-humorado dele. Mas não, aqui estava ele, no meio do nada, porque, aparentemente, Sam Uley achava que algo "estranho" estava acontecendo nos arredores. Paul bufou. Quando não havia algo estranho por ali?

— Para de reclamar, Paul, ou você vai acordar os ursos — resmungou Jared  , que caminhava alguns passos atrás dele.

— Acordar os ursos? Sério? Como se eu não pudesse arrancar a cabeça deles com um golpe só — respondeu Paul, irritado.

Jared riu baixo, mas antes que pudesse fazer um comentário ainda mais sarcástico, um uivo ecoou pela floresta. Era Sam. Algo tinha acontecido. Sem hesitar, os dois largaram seus shorts desfiados no chão e se transformaram em lobos, correndo na direção do chamado.

Quando chegaram, Quil e Embry já estavam lá, com expressões tão confusas quanto as que Paul imaginava que o próprio rosto tinha. No chão, havia uma garota desacordada. Uma garota diferente.

— O que... é isso? — perguntou Quil, sua voz ecoando na mente coletiva da matilha.

— "Isso" é uma pessoa, gênio — retrucou Paul, farejando o ar. Foi quando percebeu o problema: o cheiro dela era uma mistura bizarra. Tinha um toque amadeirado, típico de um lobisomem, mas também um aroma doce e metálico, que só podia significar uma coisa. — Vocês estão sentindo isso? Ela é... o que, uma híbrida?

Embry arregalou os olhos. — Lobisomem e vampira? Isso é mesmo possível?

Sam, que já estava em sua forma humana, voltou a se transformar e olhou para os outros. — Não temos tempo para filosofar. Ela está machucada. Jared, volte para o vilarejo e traga algumas roupas. Vamos levá-la para Emily.

— Espera, vamos levá-la para onde? — Paul latiu, literalmente. Ele voltou à forma humana com tanta pressa que não se deu ao trabalho de pegar um short. — Você só pode estar brincando! Olha para ela, Sam! Você sabe o que acontece quando vampiros entram no nosso território!

— Ela não é só vampira, Paul. E está inconsciente. — Sam olhou para ele com aquele olhar sério de líder que Paul detestava. — Nós não vamos deixá-la aqui para morrer.

Paul bufou, mas não disse mais nada. Ele sabia que discutir com Sam era como brigar com uma parede de concreto. Inútil e doloroso.

Quando Jared voltou com as roupas, Sam pegou a garota no colo e a levou para a casa de Emily. Paul se transformou em lobo novamente, mas não conseguiu evitar sentir que algo estava errado. Muito errado.

Acordar em um lugar estranho nunca era uma boa experiência. E acordar em uma casa cheia de lobisomens? Bom, isso estava definitivamente no topo da lista das piores coisas que podiam acontecer a Victoria. Ela abriu os olhos lentamente, piscando contra a luz do abajur ao lado da cama, e encontrou Emily Young, com seu rosto marcado, olhando para ela com curiosidade.

— Finalmente, você acordou — disse Emily, com um sorriso gentil.

Victoria se sentou, com a cabeça latejando. — Onde... onde estou? Quem é você?

— Você está em La Push. A matilha encontrou você na floresta. Eu sou Emily. Você está segura, por enquanto.

Por enquanto? Isso não parecia nada tranquilizador. Victoria tentou lembrar como tinha acabado ali, mas tudo estava confuso. Ela se lembrava de estar fugindo, de lutar contra algo — ou alguém — e então... nada. Apenas escuridão.

Antes que pudesse perguntar mais, a porta da sala se abriu, e Paul entrou, com o rosto contorcido em uma careta irritada.

— Ah, ótimo. A princesa acordou. — Ele cruzou os braços, encarando-a como se ela fosse um experimento científico que tinha dado errado. — Quer nos contar quem você é e o que diabos estava fazendo na nossa floresta?

Victoria ergueu uma sobrancelha. — Que tal você começar dizendo quem você é, cachorro-quente? Porque, pelo que eu sei, vocês invadiram minha privacidade e me trouxeram para cá sem permissão.

Paul soltou uma risada seca. — Cachorro-quente? Você é metade vampira e metade lobisomem, e tá mesmo me chamando de cachorro-quente?

Emily pigarreou, claramente tentando aliviar a tensão. — Paul, talvez você devesse dar um tempo. Ela acabou de acordar, está confusa...

— Estou confusa, mas não surda. Posso ouvir vocês falando como se eu fosse um caso perdido — interrompeu Victoria, olhando diretamente para Paul. — E, para sua informação, meu nome é Victoria. Não que você mereça saber.

Paul congelou. Ele não sabia dizer o que era mais perturbador: o tom de desafio na voz dela ou o fato de que ele não conseguia parar de olhar para ela. Tudo nela parecia... magnético. O cabelo escuro e bagunçado, a pele pálida como porcelana, os olhos que brilhavam como se escondessem mil segredos. E, antes que pudesse se controlar, ele sentiu. O impacto. O famoso "imprinting".

Oh, não.

Victoria olhou para ele com uma mistura de confusão e desgosto. — Por que você está me olhando assim? Parece que acabou de ver um fantasma.

Paul não respondeu. Ele não conseguia. Sua mente estava um caos. Como isso podia acontecer? Como ele podia ter um imprinting com ela? Uma híbrida? Ele nem sequer acreditava nessa coisa de amor à primeira vista. Era clichê, era patético... e, de alguma forma, era a maldita realidade agora.

Enquanto Paul processava o desastre em sua cabeça, Victoria já estava decidindo que precisava sair dali. A última coisa de que precisava era ser protegida por um grupo de lobos desajeitados. Mas, ao mesmo tempo, algo a fazia hesitar. Havia algo naquele Paul — algo que ela não entendia. Ele parecia tão irritante e ao mesmo tempo... interessante?

Emily suspirou, olhando de um para o outro. — Bom, acho que vou preparar algo para comer. Vocês dois parecem que vão precisar de um tempo para se entenderem.

Quando Emily saiu da sala, o silêncio caiu sobre eles. Um silêncio pesado, desconfortável.

— Então... — começou Victoria, tentando parecer casual. — Isso é coisa sua? Intimidar pessoas desconhecidas?

— Só híbridas irritantes — respondeu Paul, sem olhar para ela.

Victoria riu, um som baixo e quase musical. — Bem, espero que você se acostume, cachorro-quente. Porque pelo visto eu não vou a lugar nenhum tão cedo.

Paul apertou os punhos, tentando não demonstrar a confusão que sentia. Tudo nele dizia que ela era um problema. Mas, ao mesmo tempo, tudo nele dizia que ele precisava protegê-la. E essa batalha interna estava apenas começando.

A promessa que eu mantenho - Paul LahoteOnde histórias criam vida. Descubra agora