Quando me lembro da primeira vez que tentei suicídio, um dos motivos principais foi o sentimento de insignificância e sujeira constante, o outro motivo, foi o luto, e desse assunto em outro capítulo irei abordar.
Se me lembro bem, e minha memória é boa até certo ponto, quando tinha pelos meus 6 a 7 anos foi quando o cheiro de cigarro e bebida começaram a me enojar, um lobo em pele de cordeiro que vivia ao lado da minha família, um alcolatra que foi internado por anos, mas que insistiam em deixar perto de uma criança tão jovem.
Sei que não entendia, sei que entendi anos depois, e lembrar foi como perder minha alma pela primeira vez.
Quem eu mais amava sabia.
E ela faleceu.
Eu continuo vivo, mas por muito pouco, acredite, não por falta de tentativas.
Meus amigos não sabem, minha família não sabe, meus irmãos são novos demais para me escutar e falar parece doer mais que esconder, lembrar corroe cada sentimento do meu ser.
Hoje sou um garoto destruído, não aceito por quem deveria me apoiar, por meu próprio caminho escolher, não posso ser trans, preferiam o que? Que aparecesse grávido na adolescência, que negasse meu ser????
Hipócritas.
Se soubessem do meu abuso, usariam contra mim, como fazem com diversas meninas lésbicas e meninos trans como eu.
eu guardo ódio no meu coração
Ódio do abusador
Ódio de quem mais amei
Ódio da minha família
Ódio da minha mãe.
No final, tudo leva a somente um rumo.
A culpa é do abuso.
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um pedaço de mim.
Non-Fictionestou apenas tentando não me sufocar mais guardando tudo pra mim.