Capítulo 1 sem título

6 0 0
                                    


Cellbit estava a dias olhando para a tela do computador, tentando descobrir como a sua próxima história ia terminar, mas não conseguia sair do lugar. Só naquele dia sua editora - que por azar, também era sua irmã - já tinha dito para ela mais de dez vezes para saber o andamento da história, mas ele ignorou todas as ligações. Ele ja estava exausto desse bloqueio, so falta finalizar quele maldito livro que ele enfim poderia tirar as ferias que tanto queria, longe de todos, apenas conhecendo novos lugares por ai. Mas não hoje - hoje ele tinha que finalizar esse livro. Ele não iria sair do escritório por nada nesse mundo.

Nesse momento ele percebeu que estava o dia inteiro sem comer após seu estômago começar a reclamar. Ele precisava de algo para comer - e de um café, é claro.

Quando chegou na cozinha ele notou que a única coisa que tinha era o resto do almoço do dia anterior que ficou na pia e ele com certeza não iria arriscar comer isso!. Infelizmente para ele a única alternativa seria sair e comprar algo para comer no mercadinho 24h que tinha perto de casa. Bom, ele tinha dito que não ia sair por nada, mas isso era uma emergência.

Ele pegou seu casaco verde atrás da porta e foi em busca de algo para comer, com o objetivo de voltar o mais rápido possível para casa, afinal já eram 3h da madrugada e ele queria muito enviar o final do livro para Bagi antes das 8h da manhã.

Ao chegar no saguão do prédio, percebeu que além de tudo também estava chovendo - é realmente, aquele não era o dia, ou melhor, o mês dele, afinal tudo parecia dar errado.

Ele saiu correndo pela chuva, até chegar no mercado - totalmente ensopado.

- Puta que pariu, tô parecendo um cachorro molhado!

- Creo que diría un gato mojado, ¡te queda mejor!

Cellbit virou procurando o dono da voz pronto para xingar até a quinta geração, mas quando viu o jovem parado ao lado dele, tudo que conseguiu foi esboçar um sorriso.

- Isso foi uma cantada? - Cellbit apenas sentia que precisava continuar a conversa, afinal deixar o moreno simplesmente se afastar parecia um erro - Um gato seria mais esperto que eu e não teria saído de casa na chuva apenas pra procurar um lugar vendendo café.

- Pues sí, cierto. Y un gato sería aún más inteligente sabiendo que ningún lugar tendría café fresco a las 3 de la mañana.- O moreno parecia querer continuar a conversa também, e por algum estranho motivo Cellbit ficou feliz com isso. -¡Ven! ¡yo te hago un café!

Apenas nesse momento Cellbit reparou que o jovem usava o uniforme do mercadinho - devia ser o novo caixa que trabalhava na madrugada que ele ainda não tinha conhecido. Reparou também nos profundos olhos amêndoas, que davam um ar de brincalhão para o jovem. Enquanto olhava, o jovem foi até a porta e colocou um aviso de fechado.

-¡Ven!, pareces que realmente necesitas ese café.! - O jovem disse, enquanto se dirigia até o fim do corredor, em direção a cozinha dos funcionários.

- Você vai simplesmente fechar o mercado para me fazer um café? Eu poderia ser um assassino canibal e você está se trancado aqui dentro comigo sem nem saber meu nome - Cellbit não sabia se estava incrédulo ou encantado com a coragem do jovem.

-Tranquilo, gatinho, has sido el primer cliente en horas, no tienes que preocuparte, creo que no hay nadie más tan loco por el café en esta ciudad. Por cierto, me llamo Roier, ¿y tú?

-Cellbit - E por algum estranho motivo, Cellbit sentiu seu rosto corar quando percebeu que o jovem estava olhando diretamente para ele, esperando que ele o seguisse até a cozinha.

-Vamos, gatinho, yo te hago un café y tú me haces compañía..

E Cellbit apenas foi seguindo o jovem até a minúscula cozinha. Chegando lá, Roier apontou para uma cadeira:

-Siéntate, pendejo, voy a preparar un café para ti.

Nisso Roier começou a preparar o café e cantarolar ao mesmo tempo. Cellbit se sentiu relaxado pela primeira vez em meses e apenas quis aproveitar o momento, observando Roier fazer a maior bagunça enquanto tentava fazer um café. Cellbit até tentou oferecer ajuda, mas Roier recusou todas as vezes.

Quando Roier serviu o café, Cellbit elogiou imensamente, mesmo sendo o pior café que ele já tenha tomado na vida, mas ficar na companhia de Roier conversando fez valer a pena aquele café horrível.

Eles conversaram por horas, que pareceram minutos e só pararam quando um cliente bateu na porta - afinal, já passava das 7h da manhã.

-Gatinho, ¿quieres tomar otro café esta noche? Volveré a trabajar a medianoche.

-É claro que sim, acho que esse foi o melhor café que já tomei. Até mais tarde...Guapito.

Enquanto Cellbit estava saindo do mercado, deixando o belo moreno para terminar seu turno, percebeu que pela primeira vez seu livro teria um final feliz.

CaféOnde histórias criam vida. Descubra agora