Cartinha de amor!

Admirador secreto

O estúdio estava em um caos controlado quando a última gravação finalmente chegou ao fim. A luz intensa das câmeras se apagou, e, como um relógio bem ajustado, a equipe se lançou em sua rotina pós-gravação. Corre-corre de um lado para o outro, cabos sendo enrolados com pressa, câmeras sendo recolhidas e conversas baixas preenchendo o ambiente. Valentino observava tudo, relaxado em sua cadeira de diretor, os dedos alongando-se enquanto seus olhos percorriam o espaço. Ele estava satisfeito, mas não de uma forma comum. Seu olhar era de quem observava a caça com a calma de um predador, mas com a segurança de quem já tinha o controle de tudo.

Para os outros, o trabalho estava terminado. Mas para Valentino, aquilo era apenas uma pausa breve, um momento de respiro antes de retomar o comando das próximas etapas. Ele gostava disso - do controle, da sensação de ser o centro de tudo, de manipular os fios invisíveis que conectavam a todos. O poder, para ele, não era só uma necessidade. Era um vício. E, naquele instante, ele se permitia saborear sua alta, como sempre fazia depois de terminar uma boa sessão de trabalho.

Valentino ajeitou a jaqueta rosé impecável que vestia, um sorriso enigmático e traiçoeiro se formando em seu rosto. Com passos lentos e medidos, aproximou-se da mesa onde sua bolsa de grife, de couro escuro com detalhes em ouro, estava repousada ao lado de sua cadeira. O gesto ao pegar a bolsa foi quase impaciente, mas seus olhos se detiveram assim que notaram algo peculiar: uma carta delicadamente colocada ao lado da bolsa.

A visão do envelope, com uma caligrafia refinada e um toque de sensibilidade rara, era algo incomum para Valentino. Não era o tipo de mensagem que ele estava acostumado a receber, especialmente vindo de seus habituais admiradores. Aquilo era diferente. Uma sobrancelha se levantou em curiosidade, um gesto pequeno, mas suficiente para capturar sua atenção.

"Interessante..." - ele murmurou baixinho, com a expressão séria, mas os olhos brilhando com um interesse mal disfarçado. Com um movimento preciso, pegou a carta e virou-a em suas mãos. Seus dedos deslizaram delicadamente sobre o papel fino, sentindo o toque suave. Um perfume doce e subtil se desprendeu do envelope.

"Para: O overlord da depravação, Valentino"

A caligrafia era elegante, quase formal, mas havia algo em sua apresentação que fazia com que essa carta se destacasse dos habituais elogios vazios que ele costumava receber. Valentino passou a língua pelos dentes. Isso era... inesperado. Ele sabia exatamente como criar obsessões, como fazer com que as pessoas o seguissem, mas não estava acostumado a ser abordado de maneira tão direta, tão ousada. Seu ego inflou ligeiramente, uma pequena chama de curiosidade tomando conta de sua mente. Quem seria a pessoa ousada o suficiente para tentar chamar sua atenção dessa forma?

"..."- O cafetão guardou a carta com um gesto de desprezo calculado, como se já tivesse decidido que investigaria a origem daquela mensagem mais tarde. Valentino não gostava de surpresas, mas essa, de algum modo, parecia um jogo que valia a pena.

Enquanto seus pensamentos se voltavam para o mistério da carta, seu celular vibrou dentro da bolsa, tirando-o da sua linha de raciocínio. Ele pegou o dispositivo e olhou rapidamente para a tela. O nome "Vᥱᥣ bᥲbᥡd᥆ᥣᥣ✨🩷" apareceu com um brilho suave e familiar. Uma onda de alívio percorreu seu peito - como sempre acontecia quando ele via o nome dela.

Velvette. Ela tinha permissão para chegar mais perto, algo que ninguém mais tinha. Eles se conheciam há anos - sabiam os segredos mais obscuros um do outro. Velvette não era apenas mais uma subordinada, não era descartável como tantos outros. Ela era sua melhor amiga, alguém com quem ele podia ser, por um breve momento, vulnerável.

A mensagem dela apareceu na tela com a irreverência habitual.

- "Val, não se esqueça da nossa noite das garotas hoje. Tenho umas fofocas da boa! Nos vemos mais tarde!"