Plenitude Solitária

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Não consigo encontrar palavras que capturem a vastidão dessa dor. É um peso silencioso, uma ânsia que me consome – o desejo de abrir minha alma, de despejar o que carrego aqui dentro. Há uma sede de estar ao seu lado, de encurtar essa distância que me fere. Sinto sua falta de um jeito que não deveria sentir. Não estou apaixonado; é algo mais sutil. É o hábito de te ter por perto, o conforto de saber que você está ali. Falar contigo é como um raio de sol no meio do dia, mesmo que esse brilho não se reflita de volta. Não espero que me veja além do que sou.

Eu sei que você ama outro – seus olhos já confessaram isso. Não desejo roubar esse espaço, mas, por um instante, queria ser o amigo que você busca no caos, aquele cuja presença é leve e ansiada. Queria ser mais do que uma sombra em seus dias.

Aceito que o futuro me guardará alguém para amar com mais força, com mais verdade do que jamais poderia te amar, pois nosso tempo juntos foi breve. Mesmo assim, algo nas nossas semelhanças me puxou para você, um ímã silencioso que talvez nem tenha notado. Mas seus olhos estão fixos em um vazio, em algo que ainda não tem. Entendo o peso desse olhar vazio, essa busca incessante pelo que parece sempre escapar. Já caminhei por esses mesmos labirintos, guiado por promessas que nunca se cumpriram.

Espero que, um dia, você perceba a beleza do que já o envolve, que descubra a serenidade em tudo aquilo que já é seu, mesmo que não saiba. E, por minha vez, talvez eu quebre o ciclo – essa maldição de amar o que não pode ser meu. Talvez eu aprenda, finalmente, a amar sem me perder.

Sombras de um Outono SutilWhere stories live. Discover now