Sem resposta.

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Encarando o reflexo no espelho, uma onda de nojo atingiu a si mesmo. É engraçado uma pessoa ter nojo de si mesmo. E Fyodor até que tem uma consequência.

O russo lavou o rosto com água corrente, enquanto fecha seus olhos. Um ódio prende em sua mente, enquanto seu corpo parece meio inquieto.

O moreno suspirou e abriu os olhos novamente. Com sua mente inquieta não o permite raciocinar direito. Parecia que seus demônios internos decidiram o incomodar hoje.

Talvez todos esses anos que sua habilidade lhe obriga a viver tenha o afetando mais que o normal. Ou seu coração clama pelo fogo da paixão que Nikolai lhe dá, o queimando de uma forma imaginável.

Os lábios do moreno tremeram por um instante, seus olhos fixaram a imagem de si no espelho. Com os sentimentos fora de seu controle parece lhe dá ondas de choque em meio desespero.

Engolindo o choro que parece ficar cada vez mais forte. Não é emocional, então por que quer chorar? Será que não sabe mais como reprimir seus sentimentos?

No fundo, o temido demônio Dostoiévski não passa de uma criança assustada implorando pela mamãe e papai.

O russo abre uma gaveta do armário, pega uma navalha e em seguida encara o próprio reflexo, com as mãos trêmulas ele segura o objeto levando até próximo a pia. Ainda encarando o reflexo, um ódio subiu em sua mente e com a navalha em mãos ele simplesmente leva até o rosto, mais especificamente o seu globo ocular.

Queria parar de olhar para si, seus olhos o incomodam mesmo, por que não se livrar de um deles, não iria fazer falta mesmo. Então começou a pressionar o objeto contra seu olho, enquanto raiva e ódio estão estampados em seu rosto.

—  O que você está fazendo? — Uma voz soa no cômodo preocupada, enquanto uma mão agarra o braço do moreno.

No entanto, Fyodor leva um susto com isso, e com o objeto cortante em mãos, acaba por se defender do toque. E o sangue do indivíduo se mistura com o do próprio russo.

— N-nikolai? — A voz do russo saiu baixa e trêmula, enquanto a navalha cai de sua mão atingindo o chão, fazendo um barulho ao colidir ao solo.

O albino levou a mão à bochecha onde havia recebido o corte, um pouco de sangue escorre e o ferimento está ardendo. As mãos do ucraniano tremem com aquilo, afinal é o seu sangue, não o sangue de outra pessoa, é o seu próprio sangue.

— Nikolai, me desculpa, eu não queria. — Disse o moreno se aproximando do bobo da corte.

A voz do demônio carrega preocupação e culpa. No entanto o albino não se abala com isso, apenas respira fundo se acalmando, ele não podia ter um surto agora.

Os olhos de duas cores foram em direção ao rosto do moreno, observando uma “lágrima” ensanguentada escorrer pela sua bochecha.

— Feyda, está sangrando. — Falou Gogol preocupado, levando as duas mãos até as bochechas do russo e segura com delicadeza.

— Você também. — Falou tentando passar naturalidade.

— Porra Fyodor, o meu é só um corte pequeno, já você, está literalmente “chorando” sangue! — Falou o albino preocupado e indignado de como o russo  está reagindo a isso.

— Não é nada, porque não vai fazer um curativo na sua bochecha? — Disse Dostoiévski, não querendo continuar com a atenção em seu olho.

— Abre esse olho! — Falou seriamente.

— Nikolai por favor, menos com isso. — Disse o moreno se afastando e indo em direção a saída do banheiro.

Contudo o bobo da corte agarra novamente o braço do russo, o impedindo de continuar.

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