Outras perdas

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Minhas dúvidas foram esclarecidas após eu acordar.
Aparentemente eu fora sequestrada perto da minha escola enquanto voltava para casa, me levaram para um lugar afastando, onde aconteceram as negociações. Quando tudo estava pronto, foram todos ao local do encontro onde os policiais apareceram e eu fui feita refém e no fim nas contas acabei levando um tiro.
Eu tentei ao máximo sorrir enquanto todos estavam conversando comigo, na verdade quase sempre era algo como: "Não se preocupe, você irá se acostumar", apenas minha prima louca Jane começou a conversar comigo sobre os benefícios de se ter uma cadeira de rodas, ela listou coisas como não precisar ir à aula de Educação Física, nunca vai precisar ficar em pé no ônibus e coisas do gênero. Ela realmente gostava de ver o lado bom da coisa.
Durante os primeiros meses, Jane era a única que tirava um sorriso sincero de mim, de vez em nunca, mas era melhor que meus pais que tentavam usar celulares, bolsas e roupas de marca, e outras coisas materiais para me animar. Isso definitivamente era inútil.
- Ei ei Giovanaaaa - Gritava Jane - Posso poooor favor usar sua cadeira de rodas?
- Para que Jane? - Eu dizia.
- Estava pensando em a gente trocar de lugar sabe! Preciso de um celular novo, quem sabe assim seus pais me dão?
Eu ria, apesar de ser uma brincadeira um pouco "doentia" eu me sentia bem quando ela tentava tirar um sorriso de mim.
- Sabe, eu tenho uma teoria - murmurou ela em meu ouvido.
-Pode me contar, afinal, não vou sair correndo para contar à alguém. - Eu forcei um sorriso.
- Eu acho que... quando você sorri de verdade, a pessoa responsável por te fazer feliz recebe em troca boa sorte. Acho que sou a pessoa mais sortuda do planeta, afinal quando você fica feliz, eu fico feliz e ainda temos a sorte de bônus!
Nunca alguém havia tocado meu coração tão fundo quanto a Jane. Mas parece que eu não trazia sorte.
Uma semana após ela me contar da sua teoria, ela recebeu uma proposta de emprego irrecusável, afinal que garota com 18 anos teria a chance de trabalhar em um programa de TV viajando pelo mundo?
Nós ficamos super animadas, até eu na cadeira de rodas quase pulei de felicidade por ela. No fundo eu fiquei fiquei triste por não poder vê-la mais tanto quanto antes, mas se ela estava feliz, eu também ficaria.
Na noite anterior à sua primeira viagem, eu tive um mal pressentimento, mas resolvi não dizer nada, não iria estragar a felicidade dela.
Foi então que minha vida resolveu piorar mais ainda. O avião de Jane caiu. E eu perdi minha única e melhor amiga.
Após isso eu decidi que tentaria ser aparentemente tão feliz quanto Jane era. Mas era difícil. Na minha escola todos diziam que eu traria má sorte a quem eu tocasse. E no fundo eu acreditava nisso.
E para piorar minha situação, em casa meus pais começaram a brigar muito, e eu era a causa dessas brigas.
-Você é um inútil David! - Esperniava minha mãe
- Acho que deve estar falando de você Daniela! - Replicava meu pai.
Eu tentava fazê-los parar, mas a cada dia as brigas eram mais constantes.
Só me resta observar e esperar.

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⏰ Última atualização: Jul 21, 2015 ⏰

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