꧁𝐂𝐚𝐩:22 𝐓:1꧂

71 3 0
                                    

Emma estava sentada na poltrona de seu quarto, profundamente concentrada na leitura do livro que tinha nas mãos. O sol se punha lá fora, e a luz dourada se espalhava pelo ambiente. Ela estava tranquila, mas algo em seu coração parecia inquieto, uma sensação estranha que ela não conseguia descrever.

Foi quando o som do celular de Harry tocou, interrompendo seus pensamentos. Ela olhou para o aparelho na mesa e, instintivamente, pegou-o. Quando viu que era Apple quem estava ligando, o coração dela apertou. Apple sempre tinha aquele jeito de falar que a deixava inquieta. Ela atendeu, sem pensar muito.

– Oi, pirata, tô com saudades, vem me ver. – A voz de Apple soou do outro lado, cheia de um tom doce, mas também possessivo.

Emma congelou. Ela sabia que Apple era próxima de Harry, mas algo no tom da voz dela a fez se sentir desconfortável. Uma sensação amarga tomou conta de seu peito, e seus olhos se encheram de lágrimas. Não era ciúmes, mas algo mais profundo, algo que ela não queria admitir. Era uma dor que surgia com a ideia de Harry estar distante, de alguém mais estar querendo sua atenção.

Ela tentou controlar as emoções, mas o golpe havia sido forte. Sem conseguir mais ficar ali, com a dor crescendo dentro de si, Emma se levantou abruptamente, largando o celular em cima da mesa. Sem palavras, ela correu até o espelho, pegando a chave para sua carruagem. Ela sabia o que precisava fazer. Não podia deixar aquela sensação dominar sua mente.

Sem pensar mais, pegou a chave e saiu correndo do quarto. Harry estava na cozinha, distraído, com uma xícara de café nas mãos, e mal teve tempo de perceber o que estava acontecendo quando Emma passou por ele com pressa.

– Emma? O que está acontecendo? – Ele perguntou, mas ela já estava fora de casa.

Ela não respondeu. Só correu até a carruagem que a levaria até Arendelle. O lugar onde ela nasceu, onde ela sentia que talvez encontraria as respostas para a dor que sentia agora. Talvez fosse a necessidade de se afastar um pouco de tudo, ou talvez estivesse tentando entender por que se sentia tão desconectada. A viagem até lá foi rápida, mas Emma sentiu cada segundo, como se o mundo inteiro estivesse desabando em seu peito.

Chegando em Arendelle, ela dirigiu sua carruagem até o castelo, o lugar que sempre considerou seu refúgio. Aquelas paredes conhecidas, o frio do inverno, o cheiro da neve – tudo parecia mais confortável agora. Mas ao mesmo tempo, ela não sabia o que buscava ali. Seria a confirmação de que Harry estava realmente distante dela? Ou talvez estivesse buscando uma resposta sobre os sentimentos que tinham surgido com relação a ele e Apple?

Quando chegou ao castelo, Emma desceu da carruagem, sentindo o frio cortante. Ela sentia uma mistura de raiva, tristeza e uma necessidade desesperada de estar sozinha, longe de tudo e todos. Subiu as escadas até o salão principal, onde sua mãe, Elsa, costumava estar.

– Mãe? – Emma chamou, a voz rouca. – Mãe, eu preciso de você.

Elsa apareceu de uma das portas, com os cabelos loiros caindo em ondas suaves sobre seus ombros. Seu olhar imediatamente se suavizou ao ver a filha ali, com os olhos marejados.

– Emma, querida, o que aconteceu? – Elsa se aproximou, preocupada.

Emma não conseguiu segurar mais. As lágrimas começaram a cair, e ela se jogou nos braços de Elsa, buscando conforto. Elsa a abraçou com força, sentindo a dor de sua filha.

– Eu não sei mais o que fazer, mãe. – Emma sussurrou, a voz embargada. – Eu não sei como lidar com isso.

Elsa acariciou seus cabelos, tentando acalmá-la.

– O que aconteceu, Emma? Por que está assim? – Ela perguntou, ainda segurando a filha com ternura.

Emma se afastou um pouco, olhando para Elsa com os olhos vermelhos e inchados.

– Harry... – Emma começou, engolindo em seco. – Ele estava falando com Apple, e... eu senti como se eu não fosse mais suficiente para ele. Como se ele estivesse mais ligado a ela do que a mim. Eu... eu não sei se sou eu que estou exagerando, mas... a dor é real, mãe. Eu nunca imaginei que me sentiria assim.

Elsa a olhou com compreensão, reconhecendo a confusão e a angústia nos olhos de sua filha.

– Ah, minha querida... – Elsa respirou fundo. – Eu sei que isso é difícil, mas você não pode se perder nessa dor. Harry e você têm uma conexão muito forte, mas isso não significa que ele tenha que abrir mão de você por outra pessoa. Se ele realmente te ama, ele vai entender o que você sente e o que você precisa. O mais importante agora é que você se lembre de quem você é, Emma. Não deixe que a insegurança tome conta de você.

Emma ouviu as palavras de sua mãe e, embora tentasse acreditar nelas, algo dentro dela ainda se sentia perdido. Mas, por um momento, ela sentiu uma leveza. Talvez estivesse mais perto da verdade do que pensava. Ela só precisava dar tempo ao tempo, entender seus sentimentos e, quem sabe, enfrentar o medo de ser abandonada.

– Você tem razão, mãe... eu só... preciso de um tempo. – Emma murmurou, enxugando as lágrimas. – Eu vou ficar aqui, e tentar entender tudo isso.

Elsa sorriu suavemente e a abraçou mais uma vez.

– Estamos juntas nisso, minha filha.

E, ali, naquele lugar frio e familiar, Emma sentiu que talvez, no fundo, fosse exatamente o que precisava: um tempo para si mesma. E, talvez, depois disso, ela conseguiria enfrentar qualquer coisa – até mesmo os sentimentos confusos em relação a Harry e Apple.

O pirata e a princesa da neve (Harry hook)Onde histórias criam vida. Descubra agora