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"Eu odeio frutas", você murmura baixinho, olhando para a maçã em sua mão. A casca é brilhante, quase perfeita demais, assim como o sorriso de Karina.
você sabe que não deveria querer isso, não deveria ser tão obcecado, mas aqui está você, atraído por isso como uma mariposa pela chama.
ela está ali, rindo, a despreocupação irradiando dela como a luz do sol.
Por um segundo, tudo parece normal. Mas você sabe melhor. Não pode ser. Nunca será. Cada risada, cada olhar que ela envia em sua direção, cada um é uma tentação que você não consegue resistir. Você poderia simplesmente ir embora, cortar essa obsessão distorcida da sua vida antes que ela te devore viva.
mas em vez disso, você fica, grudado em cada movimento dela, implorando levemente para que o próximo momento o arraste mais fundo nesse poço de doçura.
Você dá uma mordida na maçã. Ela é muito doce. Muito perfeita. Como Karina. E igualmente venenosa. Você não sabe por que continua fazendo isso consigo mesmo, por que continua deixando ela entrar.
Cada mordida faz você querer mais, mas você sabe que vai se arrepender quando terminar.
você não pode contar a ela. você não pode nem mesmo contar a verdade a si mesmo. que você está muito envolvido. que você a ama de uma forma errada, distorcida até. mas há algo dentro de você que quer isso, que precisa disso.
você queria poder odiá-la, mesmo que por um momento, só para se libertar desse sentimento sufocante. mas como você poderia? tudo nela é tão... perfeito?
Não é como se você não tivesse tentado ignorá-la. A paixão. A obsessão. O jeito como seu coração dispara toda vez que ela está por perto. Mas impossível. Você não consegue escapar dela, não quando ela está em todas as aulas, sentada a apenas algumas cadeiras de distância, rindo com aquele mesmo sorriso despreocupado que faz você querer gritar e beijá-la ao mesmo tempo.
Você diz a si mesmo que está tudo bem. É só uma fase. Vocês são melhores amigos. Mas toda vez que ela olha para você, você jura que vê algo mais profundo nos olhos dela, algo mais.
É como se ela soubesse. Como se ela pudesse ver através de você, na confusão de sentimentos emaranhados que você não consegue entender. E ela não diz uma palavra.
mas esse é o problema. ela não precisa. o silêncio dela é tão alto quanto sua risada. e a cada segundo que você passa com ela, a cada momento em que seus dedos acidentalmente se tocam, parece que você está se desfazendo.
"Você vai à festa hoje à noite?" A voz de Karina interrompe seus pensamentos, trazendo você de volta ao presente.
você concorda, com um sorriso no canto dos lábios, mesmo que seu interior esteja uma tempestade.
