Look Back, But Don't Turn Around

293 25 8
                                    

Durante dias Jessica tentou aproximar-se de mim, mas eu estava sempre com a guarda alta e me esquivando dela... Se aquilo fosse uma luta de esgrima aposto que a cada sorriso meu que ela arrancava diria "touché".
Adimito que ela era a garota mais amigável que eu já conhecera, porém não estava a fim de fazer novas amizades. Pessoas vem e pessoas vão.
Acredito também que a cada término de relação há um tipo de luto, uma melancolia que parece não ter fim a cada nova perda que nos deparamos durante a vida, Freud já escreveu sobre isso, varias vezes... E eu agora, estou escrevendo.
Ah... a perda... O sentimento que todos evitam tal como o diabo foge da cruz, por assim dizer. Pois eu acho mesmo que quem corre da cruz deveria ser Jesus porque né...
Conspirações de ditados à parte...
Eu deveria me acostumar a isso, a perder, já que era costume eu sempre "espantar" ou até mesmo "expulsar" o que amo para longe de mim.
Uma vez perdi meu boneco preferido... Ele era um daqueles bananas de pijama (p.s.: eu adorava esse desenho.) que passava o programa na TV. Chorei por dias até achá-lo no mesmo lugar em que perdera. Não sei se apenas o esqueci lá e não procurei, ou se minha mãe o achou e colocou lá, só sei que aquela foi a primeira perda com a qual eu me deparei, sem saber que haveriam outras muito piores.
Só quem já sentiu pode descrever...
Um sentimento que começa com a negação. Você nega e esconde por não conseguir aceitar que perdeu, morreria de pés juntos para manter o orgulho e seguir em frente, já que é o que a maioria faz... Mas ai as coisas começam a mudar, pois você percebe que a cada dia que passa, aquilo que se foi está deixando um vazio, e se for algo de muita importância, você não consegue substituir por nada e então a ficha vai caindo aos poucos e você também... Quando percebe que nada no mundo vai preencher o vazio que ficou, você entra em desespero, procura qualquer coisa que seja capaz de suprir a necessidade daquilo que lhe falta e é ai que as drogas entram... Não falo de maconha, cigarro, álcool ou cocaína. Falo de qualquer coisa que venha a te viciar em troca da sensação de prazer e de uma alimentação momentânea do que lhe trás a sensação de estar completo.
Mas eu digo uma coisa: Não adianta fugir do seu passado, pois o futuro depende das suas escolhas feitas lá atrás.
Esses são uns dos clichês da vida... Ter algo para suprir suas necessidades emocionais e também lidar com o passado nas consequências do presente e inevitavelmente do futuro.
A maior lição disso tudo é olhar para trás mas não regredir... Ou seja, perceber o erro e não cometê-lo novamente.
É incrível como a nossa tentativa de esquecer algo já é uma forma de estar lembrando, se bem que há formas de driblar as memórias... Fingir que nada aconteceu é uma delas, mas aí você decide se mentirá para si mesmo... Logo, o esquecimento em si, é inevitável.
Talvez o meu maior medo não seja "ser esquecida" mas sim ser uma memória que preferem escolher não ter acontecido.
Jamais quis fingir nada... Não consigo nem passar um trote nos amigos por telefone sem me acabar de rir... Imagine fingir sentimentos ou ter que me enganar com algo que não é verdadeiro. Mas muitas pessoas fazem isso tão bem que elas mesmas se convencem de que aquilo que inventaram é real. E ai é que entra a outra forma de driblar aquelas tais memórias: substituí-las.
Quem nunca preferiu criar novas lembranças a ter que suportar as antigas que machucam muito mais ?
Vou ter que compartilhar aqui que eu já substitui músicas que me lembravam coisas e pessoas por outras coisas e pessoas. Parece meio embaralhado. Mas talvez tenha alguém que leia isso e entenda exatamente do que estou falando.
Eu tenho minhas particularidades que adoraria poder contar a alguém e essa pessoa completar os meus dizeres com a exata sensação que eu descreveria.
Em um mundo que eu Fantasio, todos já sentiram e passaram pelas mesmas situações e todos se entendem... Compartilham memórias, alegrias, dores, superações, medos e até mesmo perdas, assim sabem exatamente como amparar o próximo. Estender aquele ombro amigo pra você chorar, se é que me entendem.
Acho que a realidade é que eu só quero ser compreendida.
No fundo... Todos querem...

Com Amor, Valerie.Onde histórias criam vida. Descubra agora