Meu nome é Rosie Crawford

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- Mas Rosie... Flor do dia.. – papai bajulou

- Pai! Para com isso, eu não sou mais aquela menininha de Woodstock. Não sou mais criança, tá bom? – berrei, eu já não aguento mais ele me tratando feito uma criancinha de sete anos. – Eu vou nessa festa e ponto. Nada que você fale vai mudar isso. E se me trancar, eu fujo. Não aguento mais um minuto nessa casa com vocês dois! – fiz cara de nojo ao me direcionar a Katie, a nova namorada de meu pai. Eu nunca vou aceitar vê-lo com mais ninguém. E se essa mulher pensa que vai substituir minha mãe, ela tá muito enganada. Ouvi a buzina do carro de Margot lá fora e peguei a bolsa que eu mesma joguei no chão em algum dos muitos momentos de raiva que passei nos últimos minutos. Meu pai tentava me prender em casa. Para que? Eu realmente não sei. Depois que mamãe morreu quatro anos atrás, essa era a única forma que eu tinha de esquecer tudo. Vou a todas as festas que posso. Bebo além da conta. Às vezes paro na delegacia, mas não por alguma coisa tão séria. E tenho todos os garotos que eu quero, e quando quero. Mas a atenção de meu pai que antes era toda minha, isso eu só consigo quando tenho todas essas outras coisas. Depois que ele conheceu Katie no trabalho, sinto que tenho que competir pela atenção dele, e se ele não presta atenção em mim pelas coisas boas que eu faço, como ser a melhor aluna da classe e ajudar uma ONG de proteção aos animais, ele tem que prestar pelas ruins, festas, baladas, bebedeiras, garotos, polícia, com tudo isso eu tenho toda atenção que quero. Mas cada vez mais meu pai se apaixona por Katie, e cada vez mais fica difícil de competir com ela, o que eu tenho consciência que é um comportamento bastante infantil, mas era a única forma de ter alguma relação com o meu pai, mesmo que fosse uma relação horrível, meu pai, assim como eu, não soube lidar com a morte da minha mãe, e cada um ficou cuidando de si da maneira de podia em um barco solitário, e nesse momento as coisas que eu ando aprontando já não estão sendo o bastante, o que quer dizer que devo aumentar a dose. Antes que meu pai falasse mais alguma coisa, sai pela porta e bati a mesma com força. Pulei no banco carona do maserati sem nem mesmo abrir a porta, liguei o som bem auto e quando vi que meu pai e Katie me olhavam da varanda de casa, joguei um beijinho e dei tchau, como se fosse um sinal, Margot acelerou e saiu dali cantando pneus.

- Finalmente livre daquele inferno. – eu disse e Margot riu.

- Você ainda vai deixar seu pai doido!

- Essa é a intenção – dei um sorriso maldoso, na verdade não entendia porque ele se importava tanto se depois da morte da minha mãe ele apenas se fechou e deixou que eu me fodesse sozinha lidando com sentimentos que eu nunca fui capaz de lidar. Margot mais do que ninguém entendia a minha situação, é a minha melhor amiga desde o primeiro ano. Quando contei tudo sobre a morte de minha mãe e minha antiga vida, ela era a única que fazia as piadas mais idiotas para tentar me fazer rir.  – Foda-se aqueles dois! Nova Iorque é nossa! – gritei deixando a música me levar e levantei as mãos sentindo o vento quente.

 A noite estava ótima pra fazer tudo o que eu quisesse. Peguei as identidades falsas e descemos do carro para comprar bebidas, era um saco ter que usar isso, e mesmo que faltasse apenas alguns meses para o meu aniversário de dezoito anos, essa droga de pais só passa a considerar essas coisas a partir dos vinte e um, e pra isso ainda faltava um pouquinho. A moça olhou pra mim, depois pra Margot, depois checou as identidades duas vezes, e só quando fiz uma cara ruim ela passou o cartão de crédito na maldita máquina. Assim que colocamos os pés pra fora dali, caímos na gargalhada.

- Ei!!! – ouvi alguém gritar atrás de nós.

- Puta que pariu! – falei ao olhar para moça do caixa que vinha em passos largos atrás de nós, olhei pra Margot e saímos correndo pelo estacionamento com a moça e agora um segurança atrás de nós. Pulamos por cima das portas do carro ainda fechadas e joguei a sacola com as bebidas no banco de trás. Os dois estavam bem perto. E então quando Margot finalmente ligou o carro mostrei os dois dedos do meio para eles, e comecei a rir, saímos dali as pressas e quando já estávamos na 59th street dei um "bate aqui" com Margot e começamos a rir muito, muito mesmo.

Antes que o Verão Acabe (HIATO)Onde histórias criam vida. Descubra agora