𝐂𝐀𝐏Í𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟏𝟐 | 𝐗𝐀𝐃𝐑𝐄𝐙

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OLIVIA KAMARI

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OLIVIA KAMARI

   O café desceu rasgando pela minha garganta, estava amargo e eu não sabia dizer se era realmente o café ou tudo que aconteceu no último mês. Melissa estava quieta e olhava de maneira sonhadora para a porta onde os seguranças ficavam à espreita, enquanto Sienna tagarelava sobre como um dos clientes da noite anterior era insuportável.

   Eu tinha a sensação que aos poucos as garotas estavam se acostumando com a nova vida, elas riam, dançavam, bebiam e se divertiam. Me perguntava se elas haviam deixado de ter esperança, se essa era a vida que elas chamariam de suas daqui em diante.

   — Olivia, aquela história na sua ficha é verdade? — Melissa questiona de repente.

   — A sua é? — Rebato.

   Ela abaixa a cabeça, e fica em silêncio por um tempo.

   — Minha mãe trabalhava para eles, não que eu soubesse muito sobre como as coisas funcionam, ela não me contava nada — Ela suspira — Acho que ela fez algo que os irritou muito. Eles vieram à noite, mataram todo mundo — ela ergue a cabeça e seus olhos estavam cheios d'água — Eles disseram que eu serviria como parte do pagamento da dívida. E o resto vocês já sabem.

   Há uma pausa carregada de sentimentos não desejados.

   — Meu pai me vendeu — Sienna sorri de maneira amarga — Ele era um viciado de merda, se envolveu com gente errada e quando não restou mais nada, ele me usou como moeda de troca. — Ela apertou o pão com força. — Eu espero que aquele filho da puta esteja no inferno.

   Deve ser horrível, penso. Ter os próprios pais como motivo para estar aqui. Mas, no fim, não é esse também o meu caso? Se meus pais tivessem sido bons, responsáveis e amorosos, minha realidade certamente seria outra.

   As duas me encaram, me incentivando a falar. Meu peito se aperta com apreensão, como se mãos invisíveis estivessem apertando minha garganta. O ar pesa nos meus pulmões, e minha mente grita para eu recuar, para não abrir essa ferida.

   — Anda, se quiser fazer parte do time tem que falar — Melissa me incentiva com um sorriso.

   — Me ofereceram uma vaga de emprego, e no fim vim parar aqui. Não tem nada de empolgante na minha história.

   As duas me olharam com certa decepção.

   — Ficou mesmo em uma clínica de reabilitação? — Melissa mais uma vez questiona.

   — Não quero falar sobre isso — Digo.

   Ainda não confio nelas o suficiente para expor isso, essa parte da minha vida que ainda me machuca, que ainda dói.

   Posso ver em seus olhos a pena, e é tudo de que não preciso agora.

   — Me desculpa, não queria ser invasiva — Ela segura minha mão sobre a mesa — Eu só quero conhecer mais de vocês, não quero ficar aqui sozinha, quero que sejamos amigas.

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